Colégio Estadual Agrícola José Soares Júnior
DIRETORA ISABELA MARIA SIGGELKAN DE
ALMEIDA
Em entrevista exclusiva à Equipe Wolff
Projeto "Você é muito importante para
nós!"
Do lado de fora há um discreto
letreiro sobre um muro cinza. Abre-se um portão. A agitação dos alunos revela a
participação intensa de todos. É dia de apresentar os seus trabalhos de
pesquisa.
A portaria nos indica "A sala da
diretora é ali". Estamos chegando às 11:00 horas. O jornalista Reinaldo
diz "Um pouco avançado no horário", e com bom humor acrescenta,
"mas ainda é de manhã"".
- para mim soa inédito a ideia de um cheirinho de comida apetitosa em escola. Imaginei que merenda escolar seria alguma coisa assim... tipo sem tempero... Logo descobrimos que é uma cozinha de alto nível e planejamento de nutricionistas.
A seguir, a visão esplendida do jardim, a escola impecavelmente limpa - surpreendendo em tudo. E eu ainda nem sonho por descobrir o que vem a seguir. A diretora nos inunda com um fervilhante descortinar de novos projetos e de intensas atividades. Venha, vamos descobrir juntos todas essas notícias.
Educação dentro do conceito "Verdade,
Sinceridade e Autenticidade".
Reinaldo Wolff: Professora,
bom dia, como vai a senhora, tudo bem? Vamos começar a entrevista?
Ela pausa, um pouco perplexa: "Puxa!"
Ela nos convida a sentar
explicando: Realmente, hoje é um dia bem corrido. A gente tem que
entregar uma "prestação de contas" na 2ª feira e amanha é
"sábado letivo". Tem aula amanhã para toda a escola. É uma
programação com o professor da UFF que vem fazer uma palestra sobre
agro-ecologia.
MW: Ah, ninguém pode faltar. É interessantíssimo! Percebi
ser muito movimentada a programação da escola, com esse "objetivo de
viajar", e isso me impressionou bastante!
Professora Isabela: É um
pouquinho fora dos padrões tradicionais.
MW: Parece ser totalmente
voltada para a vida prática. Penso ser este o objetivo do que as pessoas estão
mais querendo, quando são da vida rural.

RW: Isso vai iniciar imediatamente?
MW: Olha que interessante!
Professora Isabela: É,
tem escolas voltadas para o turismo, tem escola bilíngue. Em Niterói tem uma
escola de francês.
MW: Nossa, quantas novidades!
Professora Isabela: Eles
vão trabalhar com sistema S, o SESI e o Senac, e mais , o FIRJAN, também. Todos
vão colocar cursos de Qualificação Profissional para os alunos. Tudo integrado
com o ensino médio.
RW: É o curso de idiomas do Senac?
MW: Isso parece realmente efervescente!
RW: Interessante...
RW: Parece tudo que fizeram é muito
certo. Estão de parabéns!
Professora Isabela: É, o
governo do Secretário Wilson Risolini, o
trabalho dele, foi muito produtivo...
RW: Agora professora - que ligação isso tudo tem com a
Emater?
Professora
Isabela: Bom... A Emater tem ligação com o Projeto que o MEC implementa. O
Ministério implementa. Pecuária e Abastecimento para que o produtor seja
mantido na sua área de produção. E aí a gente tem que utilizar 30% da verba de
merenda para a compra de produtos da Agricultura Familiar.
RW: Certo...
Professora Isabela: E
esse projeto - essa lei - já está em vigor desde 2009. Então, a Emater está
ligada à Secretaria, ao Ministério, à Secretaria de Educação - através desses
projetos de aquisição de merenda da Agricultura Familiar.
Professora Isabela: Bom,
a Secretaria Municipal Agricultura, a gente tem uma relação próxima, porque a
escola é voltada para a agropecuária. A gente busca a parceria para que
os alunos possam fazer algum estágio, visitar. Está havendo uma troca: quando
eles precisam de alguma coisa eles vem até aqui - ou a gente vai até lá, então
assim se dá a parceria.
RW: Como a senhora vê a
situação desta escola para a região de Itaboraí, e circunvizinhanças?
Professora
Isabela: Bom... Quando os alunos vão até Viçosa, a principal finalidade é
que eles tenham uma visão diferenciada do agronegócio, da agricultura. Porque
os cursos tem uma variedade imensa de perspectivas! Desde a parte
agro-ecológica, conservação de energia, água, das áreas floresta e mata... Mas
eles também são voltados para o agronegócio. Porque a produção agrícola tem uma
dependência. A alimentação da população é completamente dependente da produção.
Se você não produzir em larga escala, você não vai ter produção. Então
vai chegar um momento que alguém vai ficar sem comida! A população vem
crescendo há muito tempo. Quando à Universidade - a gente tem essa
inter-relação de ideias, para que os alunos tenham uma visão maior.
RW: Não vai aqui nenhuma
intenção de apor críticas.
MW: Futuramente serão até
sócios, associados, cooperados. Porque estabeleceu o elo de entendimento dentro
do objetivo...
Professora Isabela: É.
Com relação à implantação desse Aterro Sanitário, foi implantado assim muito...
é... não foi muito divulgado. Eu moro na região. Quando já estava nas vésperas
de começarem as obras, é que as pessoas começaram a ter consciência (ou ciência
mesmo) de que este projeto seria implantado ali! Não sei dizer que tipo de
estudo de impacto ambiental foi feito para se colocar isto!
RW: A minha pergunta, não é para ser desrespeitoso quanto
às pessoas daqui. Sei que são do mais alto nível. A professora é de alto nível
intelectual. E nós estamos tratando esse assunto, não para criticar, mas sim,
pela preocupação ecológica. Sabe-se que há ali um manancial, no subsolo!
MW: Essa consciência ecológica para as pessoas que querem
fazer agronegócio, é interessante. Dar essa consciência para o fazendeiro, e o
agricultor. Dentro do seu ambiente rural, saber destinar o lixo.
Professora Isabela: O fato é esse, tudo indica que ninguém pensou na parte ambiental quando colocaram esse aterro nesta região. Mas de qualquer jeito, se você pensar "Comperj", como é que eles vão colocar isso aqui e não produzir impacto? E a gente depende do "Petróleo".
Professora Isabela: O fato é esse, tudo indica que ninguém pensou na parte ambiental quando colocaram esse aterro nesta região. Mas de qualquer jeito, se você pensar "Comperj", como é que eles vão colocar isso aqui e não produzir impacto? E a gente depende do "Petróleo".
RW: Sabe que... a maior
riqueza não é o "petróleo"! O petróleo está acabando, em todo o
Planeta. A maior riqueza é a "água"!
Professora Isabela: E
todos sabem disso! Tem uma reportagem aqui num destes sites, falando que estão
implementando a utilização de veículo com outros tipos de combustível, para
poder deixar de utilizar petróleo. Em relação ao aterro sanitário - espero que
na hora que eles implantaram aquilo ali, eles tenham pensado nos mananciais...
RW: Professora, mudando agora o foco do assunto, nos diga -
como está a conjuntura deste agronegócio aqui nesta cidade em relação ao país,
esse nosso Brasil?
RW: Agora, nos fale sobre a sua pessoa - a professora
Isabela - para conhecermos a sua trajetória de vida. Como fez para desenvolver
o seu sentido profissional? Sobre a sua carreira, nos diga um pouco, por
gentileza!
RW: O que é GLP?
Professora Isabela: Gratificação por Lotação Prioritária. Seria hora extra. Coloca um
professor com carga horária extra para suprir um outro professor. Porque a
gente é concursado 16 horas, dá 12 horas em sala de aula, 4 horas de
planejamento. E 12 horas numa semana que se tem 40 horas para se trabalhar... é
muito pouco! Então você tem condições de dobrar essa carga horária. Como tenho
duas matrículas... sem problemas. Eu comecei a trabalhar aqui/lá - com 48
tempos de aula! Mas aí vim para cá! Em 2009, a direção da escola trocou, foi
embora - fizeram opção para ir para Rio das Ostras! E a antiga coordenação
regional de Itaboraí me convidou para assumir a direção da Escola, com uma das
minhas matrículas. E eu assumi! Desde o ano passado estou fazendo o curso de
pós-graduação dentro da "Gestão de Educação".
RW: Como a senhora sente a sua liderança, em relação ao
ambiente do setor agrícola?
Professora Isabela: A
gente tem um bom relacionamento com as Secretarias e a secretaria aqui da
escola. A gente faz uma troca com a Emater, a Secretaria de Agricultura. A
escola atende os produtores, fazendo análise de solo, orientando, auxiliando no
que pode! Os produtores daqui consultam a
escola - a gente faz análise de solo. E quanto ao Engenheiro Agrônomo da
Emater, José Geraldo - está sempre com a escola, ele faz palestras. Tem um
trabalho também de divulgação da Emater aqui dentro, através de ações que a
gente faz aqui, de projetos.
RW: Sim.
Professora Isabela: A
Emater ainda é limitada, porque tem que estar sempre ligada à Secretaria de
Agricultura do Município. Não são autônomos. Não conseguem fazer um trabalho
individual - Emater. Se ela não trabalhar junto com a Secretaria, não funciona.
RW: Porque?
Professora Isabela: Ela
não funciona. Porque não tem veículos próprios e combustível. Tudo isso é
provido, tem que ser provido pela Secretaria de Agricultura.
Professora Isabela: É...
só eu. Uma das minhas irmãs é Arquiteta. A outra é Química. E as minhas filhas
- uma está fazendo Educação Física e a outra está fazendo Design de Moda!
Professora Isabela: Isso!
Eu sempre estimulei minhas filhas a seguir a vocação delas.
RW: Sinal que a senhora é uma pessoa bem liberada em
relação a conceito de vida, no sentido: Cada um deve fazer o que acha:
Professora Isabela: Eu
parto do seguinte princípio em relação às minhas filhas, eu ensino, seguindo os
meus referenciais, o que é certo e o que é errado! Quem tem que decidir que
caminho tomar são elas próprias.
RW: O que se percebe é que aqui na escola a senhora é um
modelo, para todos os alunos.
RW: Professora Isabela, para aqueles que intencionam entrar
para a área rural, que palavras a senhora dá de estímulo para estas pessoas?
Comentário:
Quanto ao Governo Federal - as
políticas públicas convergem para a agropecuária.
O economista Marcelo Heri - Presidente
do IPEA diz: "O desafio agora é que as pessoas sejam mais protagonistas de
suas vidas" - um especialista em questões sociais, ele mostra otimismo com
o futuro. "O Brasil é muito mais o país que está fazendo uma revolução
social, do que um milagre econômico".
Brancolina Ferreira, da Diretoria de
Estudos e Políticas Sociais do IPEA diz: "O programa de reforma agrária,
praticamente desapareceu da agenda nacional. Qual a causa? A atual política
privilegia o agronegócio e sua contribuição para a balança comercial",
analisa Brancolina.
Diz o professor da UNB, José Eustáquio
Ribeiro, debate em 2012 no IPEA: "A agricultura atual não se resume apenas
ao uso dos recursos naturais, mas sim na elevação da produtividade. Hoje a
questão central é o acesso à tecnologia. Isso só é possível na educação e
extensão rural".
O Presidente do Incra, Carlos Guedes,
diz no evento do IPEA em 2012: "O objetivo é transformar os assentamentos
em comunidades rurais, autônomas e integradas ao território em que vivem".
Buscar excelência em pesquisa e
inovação tecnológica.
O BNDES dispõe de verba de 3 bilhões de reais para
investimentos em pesquisa e inovação tecnológica.
Sugestão à escola: Buscar apoio e
suporte técnico do Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF) e do
Centro Alemão de Ciência e Inovação de São Paulo, e no Ministério de Ciência,
Tecnologia e Inovação (DWIH-SP).
Desde que, a Embrapa, com o apoio da
Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) desenvolve o
projeto de aproveitamento de resíduos de produção do açúcar, cerveja, suco de
maracujá, em parceria com alunos de doutorado da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (UFRRJ) e da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). É
um ponto referencial para proposição de novos projetos.
O Ministério de Integração Nacional
realizou Conferências Estaduais de Desenvolvimento - com a coordenação geral do
economista Aristides Monteiro - em busca de sinalizar as melhores iniciativas e
propostas; o objetivo: superar os obstáculos ao desenvolvimento regional.
"É a primeira vez que ocorre uma
avaliação tão abrangente em busca de desenvolvimento regional". Diz
Cláudio Amitrano, do IPEA, na Conferência de Florianópolis, Santa Catarina, em
2012.
"O objetivo proposto é a
aproximação entre governo e diversas organizações municipais, setor
empresarial, movimentos sociais e instituições de Ensino", diz Sérgio
Duarte Castro, Secretário Nacional de Desenvolvimento.
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