Empreendendo o Turismo da Natureza

Parte 1 da entrevista: Engenheiro Florestal Werter Valentim


Engenheiro Florestal Werter Valentim de Moraes em entrevista exclusiva ao Jornalista Reinaldo Wolff - Parte 2



Vamos rever agora a entrevista do professor Werter, na 87ª Semana do Fazendeiro em Viçosa, MG.
Desenvolvendo o conceito de "Valor, Valorar e Valorizar" no turismo rural.

Conhecer o trabalho desses artesãos. Aí vivencia uma oficina de trabalho com esses artesãos, faz a sua obra de arte e leva!

RW: Essa ideia está mesclada à de turismo de gastronomia, também? 
Werter: A gastronomia também! Mas não especificamente no Estado de Minas; essa parte do “Turismo Gastronômico”, vamos dizer assim, está sendo difundida, mas não como uma “vivência”. E sim como um “evento”. Hoje em dia está voltando muito os festivais gastronômicos. Na nossa região estão acontecendo dois festivais gastronômicos – inclusive já com uma certa repercussão. E isso favorece para que as pessoas daquela região aflorem seu lado de despertar os talentos e habilidades culinárias, fazer comidas diferentes, querer saber mais sobre aquilo que eles já desenvolvem com uma certa facilidade...

RW: E isso incentivaria o Turismo Rural mais ainda!
Werter: Isso incentivaria mais ainda, cada vez mais.

RW: Seria uma boa ideia, tal qual eu proponho agora, fazer convênios com a França, a Itália? São países tipicamente gastronômicos.
Werter: Sim! Hoje em dia nós temos um trabalho muito próximo com a França. Não ligado à gastronomia, mas ligado a questão de unidade de conservação, de inclusão em áreas protegidas – que é um modelo que já vem sendo estudado há bastante tempo, no sentido de a gente aproveitar as nossas unidades de conservação.

RW: Professor, quando nós fizemos o curso de queijos, eu observei que a maior dificuldade de Minas é exatamente difundir para outras localidades o que é produzido aqui. O turismo na área rural serve para as pessoas conhecerem, mas como fazer o inverso – fazer o produto da área rural chegar melhor nas pessoas? Em sua opinião, o que deve ser feito?
Werter: Então, esse exemplo que te dei sobre o barro lá no Vale do Jequitinhonha, o que aconteceu? O Vale era conhecido justamente pelo artesanato dele. As pessoas não iam lá para fazer turismo e ver o artesanato. Elas sabiam do produto dele nas Feiras Nacionais de artesanato, nas grandes lojas e boutiques no Exterior. Então, o produto deles primeiramente foi  reconhecido fora do local de origem. E isso surtiu um efeito tão grande, deu uma autonomia, deu um conhecimento - para a comunidade, para as pessoas artesãs – tão grande que isso incentivou as pessoas irem visitar esse local. O que chama as pessoas, de fato, para fazer turismo naquele local ou é um produto material ou é o capital social. Hoje em dia o Vale do Jequitinhonha tem um capital social incrível que com o passar do tempo foi se aflorando. Saiu de uma área que era com o IDH baixíssimo, uma área de pessoas miseráveis, e hoje está se transformando num modelo, um exemplo, pelos valores sociais. Pela questão também de “Valor, valorar e valorizar”. E aqui na nossa Zona da Mata está sendo completamente o contrário. Tem municípios aqui da Zona da Mata que tem um IDH mais baixo que o do Vale do Jequitinhonha. Tem municípios aqui realmente paupérrimos, com uma degradação ambiental/social incrível. Porque? Porque o capital social dessa região está sendo deteriorado.

RW: Se houver uma reintegração da terra para a própria terra, não haveria também uma melhoria refletindo sobre o ser humano?
Werter: Com certeza.

RW: E está sendo feito algo sobre isso no Governo, UFV?
Werter: Olha, eu não sou funcionário da UFV. O meu trabalho com a Universidade é bem direcionado e bem pontual em algumas pesquisas que a gente desenvolve. E pesquisas bem específicas mesmo, então o meu ramo de envolvimento com a UFV não é nessa área, vamos dizer assim, ambiental nessa linha, não é? É mais na área de turismo mesmo.

RW: E o senhor é professor universitário?
Werter: Eu faço parte de dois grupos de pesquisa na Universidade. Então eu me envolvo na parte de levantamento de dados, em trazer a informação para a UFV, essa informação ser trabalhada para os professores com os alunos. Eu faço um link, vamos dizer assim, com a Universidade.

RW: E o senhor concorda que o Governo precisa de medidas urgentes?
Werter: Sim. Nós temos muitos “generais”, agora precisamos de “soldados”.

RW: Professor, o senhor já escreveu algum livro em torno de suas ideias?
Werter: Já escrevi. Tenho quatro livros editados e estou pra editar o quinto agora – uma série sobre Ecoturismo. Tem o “Ecoturismo, bom negócio com a Natureza”, “Ecoturismo, Planejamento e Gestão de Empreendimentos”. E tem o terceiro que é “Capacitação de Profissionais”. O último é Elaboração de Roteiros de Ecoturismo”.

RW: E recebeu apoio da ABAV ou Embratur?
Werter: Na época a gente teve um lançamento com o envolvimento dessas instituições do trade do turismo.

RW: Muito bom. Professor, que mensagem o senhor passa para o futuro, para as novas gerações?
Werter: Então, que a gente aprenda realmente a nos contextualizar nesse ambiente. E acho que a proposta do Turismo é interessante para saber enxergar o que nós temos, poder valorizar o que nós temos, conhecer o país que nós temos, conhecer o lugar que nós temos – é muito importante. Porque a partir daí nós podemos estar buscando uma profissão. A partir daí nós podemos ser úteis. A partir daí nós podemos mudar o nosso local. Penso que o Turismo é muito interessante nessa perspectiva. Tanto é que o Governo desenvolveu uma proposta que era o Brasil Sem Fronteiras e essa proposta levou vários jovens para outros países, outras universidades. Essa vivência dessas pessoas levou os jovens a ter uma outra visão de vida, outra visão de mundo. Não necessariamente com o que ele foi estudar lá, mas com a sua experiência de Turismo. E hoje em dia esse programa, especificamente o Brasil Sem Fronteiras foi eliminado do nosso rol de possibilidades para os jovens. Então realmente não é que a gente se desespere com o momento, mas que se possa continuar conhecendo o nosso planeta.

RW: Professor, o interessante é que sua casa é quase um Ashram, não é?
Werter: Que ótimo!

RW: Isso é fonte de contato com Deus. E as pessoas esquecem que deveria ter um Ashram no seu lar. E por mais humilde que sejam as casas, ter um local para oração, um local para contato diário para com Deus. Porque a Natureza e o Ser Humano precisam dessa harmonia. E segundo diz Ana Maria Wolff em seu poema: “a Natureza é o Corpo de Deus”. Concorda?
Werter: Plenamente.

RW: Então é necessário cuidar dessa Natureza. Como a pessoa pode esperar a Bondade de Deus, se ela não é boa para com Deus através de Seu Corpo, que é a Natureza? Então é necessário cultuar esse conceito "A Natureza é o Corpo de Deus". E como desenvolver esse conceito, em sua opinião?
Werter: Sentir essa sensação, esse sentimento. E se integrar à Natureza. Tem algumas práticas que a gente faz aqui. Eu, minha mulher e meu filho, somos Reikianos, então isso aí já favorece para a gente ter esse contato. E a gente está sempre buscando perceber através desses elementos da Natureza – Terra, Água, Fogo e Ar – de ter esse contato de Gratidão, não é? A gente saber agradecer é muito importante. Se a gente está usufruindo da Natureza, temos que saber agradecer. Então esse momento de agradecer é muito importante. Agradecer pela beleza e até agradecer por percebermos isso.

RW: Com certeza. Professor Werter, é uma satisfação conversarmos! A Equipe Wolff agradece a sua
entrevista!
Muito obrigado.

EM OFF ele nos diz:
Essa é a casa dos sonhos, literalmente! As madeiras dela foram recolhidas. Eu dei uma consultoria para uma empresa no Sul de Minas. Quando eu fui receber pela consultoria, no meio do caminho, eu vi uma casa caindo aos pedaços. Então na hora que eu fui conversar com o empresário, eu falei: “Ao invés de me pagar, você não quer dar aquela casa pra mim, não?”. Na hora ele desconversou. Mas quando eu sentei no gabinete dele pra trocar o meu trabalho pela casa e não o dinheiro, aí ele voltou a palavra
“Você vai querer a casa mesmo?” e eu não pensei duas vezes! Já tinha o terreno aqui... Aí eu fiz 6 caminhões de viagem de Ouro Preto pra cá, passando pela estrada de chão. A casa estava caindo, literalmente. Fiz esta aqui usando todas as janelas, portas, que tinham na casa antiga, só que com o desenho que eu e minha mulher fizemos. Aí chamamos um arquiteto para a questão do tamanho. Mantemos o tamanho original pra não ficar desproporcional. Essa peça aqui é aquelas cantoneiras de telhado. Então essa era a casa antiga. E eu tinha esse anjinho aqui que Papai do Céu levou... O meu filho que tinha 10 anos. Aí apareceu o Francisco. Ele é adotado.

A tarde caindo, fez-se o silêncio da Natureza às seis horas. Pensei o quanto o sentimento de amor engrandece o ser humano!











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