Meu Filho - por Ana Maria Wolff

Meu filho, você me diz que hoje é o Dia das Mães. É um dia de festa. Mas preciso lhe contar: sempre houve festa no meu coração. Desde o dia que senti o pulsar do início do seu ser, criando formas dentro de mim. Aprendi a ter renúncia dentro do meu ser, egoísta, ávido de amor, sequioso de carinho. Fui de noite a noite conhecendo em você, no soprar do seu hálito, a força de minha vida prolongada em você. Conheci o "dar" - e que o "dar" é mais do que o "receber". Conheci em seus olhos a esperança, que a vida me recompensava no seu carinho, inocente e puro. Compreendi que o sofrimento é sublime, é a parte mais sublime do amor. Porque cada sorriso que você me deu, cada gesto seu, vinha da pureza de sua natureza. Desde o seu gargalhar, ao seu soluço. Fui conhecendo a paciência. A firmeza em mim do ser que amadurece. Filho, amadurecemos juntos. Amadurecemos juntos meu filho.

Você, conhecendo a vida por mim e por você. E eu, levando a você o ensinamento de alguém, mais sublime que o carinho que nos uniu pela vida afora. E hoje - derramo com as suas lágrimas - a saudade deste alguém presente, ausente - em nós. Mas que nos deram a vida, a nossa vida: a minha mãe! 

E você: hoje, ao lado de alguém. Você, meu filho, que já tem mais alguém - que também chamará de: "mamãe!" e "papai!". 

Nem ao mundo posso dizer - mas você sabe: ela é cheia de graça. 

Poderia dizer: "Bendita sois vós, entre as mulheres!"

Ana Maria Wolff.

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Este texto foi apresentado no Dia das Mães, na Rádio Espírito Santo, em 1982.



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