Equipe Wolff entrevista presidente do CRDD/RJ - Dra. Elizabeth
"Projeto Você É Muito Importante Para Nós"
Dra. Elizabeth Gonçalves Bachx van
Buggenhout - Presidente do CRDD/RJ em entrevista exclusiva ao jornalista Reinaldo Wolff
RW: Dra. Elizabeth, nós
notamos ao longo desses mais de 11 anos que faço parte do CRDD, que a senhora é
uma pessoa idealista, idealista de verdade, prosseguindo os ideais do sr. que
faleceu, que era o sr. seu sogro, e muito amigo, de fato foi, das poucas vezes
que o encontrei, mas sempre muito simpático, muito amigo. Aí eu lhe pergunto: Qual o momento que determina o começo de um ideal?
Dra. Elizabeth: ...Momento que
determina o começo de um ideal... Nossa... É, quando você
verifica que tem um caso, uma coisa de sucesso, e que as pessoas não estão
percebendo e que você com aquilo, com o seu trabalho, você pode ajudar as
pessoas a encontrarem um caminho mais rendável, um caminho mais fácil, de
trabalho, as vezes até de família. É quando desperta a vontade de ajudar,
quando você verifica que as pessoas não estão percebendo o potencial que têm
nas mãos. Acho que ali é o primeiro ponto.
RW: Sim, descobrir os potenciais.
E o que leva a estabelecer uma meta, traçar um rumo de futuro nesse sentido?
Dra. Elizabeth: Concluir esse ideal.
Esse ponto que você descobriu, e que as pessoas não conseguem perceber. Então o
que te leva a isso, é buscar com intensidade essa meta, esse caminho.
RW: Nós muito nos
sentimos honrados com a senhora como presidente e com sinceros votos que
continue sempre bem. Porém, o que despertou essa vocação de líder?
Dra. Elizabeth: Não sei. Foi o
trabalho.
MW: Como é que chegou a
esse ponto de ser a presidente?
Dra. Elizabeth: Como chegou... Eu
não pensava em ser a presidente.
MW: Foi de súbito?
Dra. Elizabeth: Foi pra poder
ajudar. Foi porque com falecimento do seu Ramon-
Dra. Elizabeth: ...Com a entrada de
outras pessoas...
RW: E lembramos do sr. Stanley também...
Dra. Elizabeth: O Stanley era meu
parceiro! ...E com a entrada de outras pessoas que de repente não tinham o
mesmo pensamento que o seu Ramon tinha. Em criar, sem tirar. Em criar! As vezes
você cria mas não quer tirar dali proveito. E eu percebi que eu tinha que
reunir pessoas com esse mesmo sentimento.
MW: Percebe-se que a sra.
é movida pelo ideal mesmo!
Dra. Elizabeth: É. E na verdade eu
não sonhava em ser presidente. Eu sonhava em ser diretora. Porque eu sou
executiva.
RW: A sra. é arquiteta
por formação?
Dra. Elizabeth: Por formação,
arquitetura. Então eu não tinha parte administrativa. A parte administrativa,
pra mim, e política, eram acho que sentimento mesmo. Eu nasci com isso. E aqui
eu tive essa oportunidade. Esse oportunidade eu ganhei. Como diretora eu ganhei
uma oportunidade, e você aparece. Eu não sei, eu acho que quando você tem um
trabalho bom, um trabalho sério, um trabalho que você pensa não só em você, mas
no grupo, no coletivo, e as pessoas conseguem através de você, crescer.
MW: Mas é isso que está
acontecendo, essa sala que a sra. colocou para uso dos despachantes, isso foi
espetacular! Traz a pessoa a se organizar, confraterniza, aprende, é
espetacular!
Dra. Elizabeth: Porque às vezes você
precisa... as pessoas não percebem o que elas têm. E não adianta muito você
falar, não adianta! Eu sou "a mamãe" (hoje eu sou vovó!), então eu
uso um pouco isso, de mãe, aqui.
MW: Isso, e funcionou! E
eu acho que trouxe o retorno, fez com que o Sindicato ficasse mais forte e
Conselho também, pela união de esforços!
Dra. Elizabeth: É, o Conselho dos
Despachantes e o Sindicato dos Despachantes estavam muito enfraquecidos. Porque
cada um estava vendo o seu lado. E isso não está sendo muito fácil não.
MW: Isso é espetacular!
Dra. Elizabeth: É um conceito
maternal.
RW: Agora, dra.
Elizabeth, qual é a sua emoção mais frequente ao lidar com o público e os
colegas despachantes?
Dra. Elizabeth: O retorno que eles
me trazem, o retorno que o despachante me traz. De que quando ele chega, isso
me deixa até emocionada, mesmo. E feliz. Coisas assim: "Eu sustento a minha
família!".
MW: Com esse trabalho.
Dra. Elizabeth: Com esse trabalho.
"Eu aprendi contigo!".
MW: Isso é muito bom!
RW: A sra. sabe, nós
muito tivemos de proveito, inclusive com o selo de despachante que tenho, junto
ao ministério do exército, os resultados foram respeitados, inclusive seria
importante mandar para que o Exército não rechace a categoria dos
despachantes, como aceitando como trabalho de atuação. Agora, o que pretende
influir ainda na sua gestão com a sua atuação de trabalho?
Dra. Elizabeth: Eu pretendo que o
despachante seja respeitado e reconhecido. A busca da gente é que, o meu ideal
hoje, nós zeramos o que estava. Então agora vamos recomeçar. Nós estamos num
recomeço, para o despachante. E o que eu sonho? Que eles sejam, que nós todos
sejamos reconhecidos pelo público, pelos Órgãos Públicos, pela população, como
profissionais que fazem intermediação entre o Órgão Público e a população.
RW: Capacitado, com
seriedade.
Dra. Elizabeth: Com seriedade, pra
acabar com aquela história do zangão, que o despachante é um carregador de
papel, não, não é isso. O bom despachante ele tem conhecimento do que ele faz,
ele estuda o que ele faz, ele utiliza da internet para tirar as suas dúvidas,
para fazer o seu trabalho, então o meu sonho hoje, é que daqui pra frente, e eu
brincava no início, que a peneira fosse passada, a peneira está sendo passada,
e cada um está sendo reconhecido pelo seu próprio esforço de crescimento, de
busca de responsabilidade, e da busca que as pessoas reconheçam o trabalho dele
e procurem ele, porque é um profissional, o despachante é um profissional de
confiança. Ele é um profissional como um médico, você procura um médico da sua
confiança, um advogado da sua confiança. Um contador, de confiança. E o
despachante também.
RW: Dra. Elizabeth, a
sra. já pensou em fazer um convênio com Órgãos como o de Portugal, onde o
advogado tem selo público, como se fosse o de despachante? E a OAB daqui, para
que facilite a tramitação de documentos, porque por exemplo, juridicam ente para
se obter um documento é necessário tramitar em juízo pedindo ao juíz o direito
daquela solicitação que se faz. O despachante com selo público já abrevia isso
e a fé pública lhe instaura de imediato o direito.
Dra. Elizabeth: Isso seria uma coisa
mais do que maravilhosa, mas esse caminho, nós ainda temos muitos espinhos. O
despachante no Brasil é uma coisa muito recente, o reconhecimento. Ele é um
profissional muito antigo, reconhecido à 12 anos atrás, 11 anos, né? 2002, 11
anos atrás, somente. Somente a 11 anos atrás, então claro que o futuro, se a
gente imaginar como é reconhecido um advogado, como é reconhecido um
engenheiro, no futuro nós seremos também. Mas temos que dar o tempo que eles já
tiveram, e nós não tivemos ainda. O caminho está sendo percorrido, não é fácil,
é muito difícil, mas nós vamos alcançar. Talvez eu não esteja mais aqui pra
ver.
RW: A sra. ainda é jovem!
MW: Seu objetivo é muito
importante!
Dra. Elizabeth: Esse é um caminho
meio longo ainda.
RW: Agora, o ambiente do
dia a dia pra sra., sobre tudo que a sra. nos falou, que conclusão lhe traz?
Dra. Elizabeth: O ambiente que você
diz, o ambiente profissional?
MW: É.
Dra. Elizabeth: Dentro do Sindicato,
dentro do Conselho?
RW: Isso.
Dra. Elizabeth: Eu tenho o sentido,
o aspecto de primeiro, o aspecto de vestimenta do nosso profissional mudou. Ele
se apresenta com muito mais categoria, com até mais charme, com mais
apresentação profissional. E eu reconheço que hoje o nosso profissional tem
mais alegria pelo que faz, porque ele tem o retorno financeiro que ele sempre
quis. Claro que eu estou falando de um grupo, eu não posso falar em totalidade.
Porque nós somos muitos, e tem muita gente ainda a aprender.
RW: Dra. Elizabeth, o que
pode ser feito para melhorar a qualidade de vida, quer seja previdência social,
quer seja alguma forma de melhorar a vida do despachante e seus familiares?
Seria uma colônia de férias do Sindicato, o que poderia ser feito?
Dra. Elizabeth: A princípio, acho
que o reconhecimento pleno da nossa lei.
MW: Esse reconhecimento é
a nível universitário?
Dra. Elizabeth: Não, ainda é a nível
político.
MW: Sim, mas o nível do
despachante será nível universitário, por exemplo, o jornalismo reconheceu a
profissão de jornalista equiparado a universitário.
Dra. Elizabeth: Não, o nível do
despachante documentalista é nível médio.
MW: Médio? Não seria
nível tecnólogo?
Dra. Elizabeth: Tecnólogo, pós-médio.
MW: Então, o tecnólogo já
é universitário.
Dra. Elizabeth: É o pós-médio,
chamado.
MW: Então é tecnólogo.
Dra. Elizabeth: Pós-médio.
MW: Já é 3º grau.
Dra. Elizabeth: Mas não é 3º grau, é
um 3º grau tecnólogo.
MW: Então.
Dra. Elizabeth: É.
MW: Mas o tecnólogo já
tem um patamar de 3º grau.
Dra. Elizabeth: Mas assim, pra
isso...
MW: O MEC já está
reconhecendo?
Dra. Elizabeth: Não, pra isso
precisa daquele outro fator que eu disse anteriormente, ratificar o reconhecimento da
nossa lei.
MW: Pode-se, então,
pensar ser essa uma missão sua?
Dra. Elizabeth: Não, essa é uma
missão federal. Porque os regionais podem se organizar. O que eu posso dizer é
que o Conselho do Rio de Janeiro é o pioneiro, e talvez, não sei, o mais
organizado do Brasil. Porém, tem outros Conselhos organizados, também, no
Brasil. Mas nós necessitamos do Conselho Federal para que o reconhecimento seja
pleno. Não pode ser feito regionalmente.
MW: Então qual é o
próximo passo?
Dra. Elizabeth: Precisa Brasília
aceitar.
MW: Vocês têm um deputado
apoiando a situação?
Dra. Elizabeth: Sim, cada estado tem
o seu. O Conselho Federal luta muito. Agora, lamentavelmente - vou dizer uma
coisa para vocês que as pessoas não sabem - quem puxa o tapete do despachante,
é o despachante.
RW: O despachante
público, não é?
Dra. Elizabeth: Não, o despachante
público só existe no Rio de Janeiro. O despachante, seja ele público, do Rio de
Janeiro, ou de São Paulo - tem grupos de despachante que são contrários aos
documentalistas. Então o próprio despachante luta contra o despachante.
MW: O que eles fazem
contra?
Dra. Elizabeth: Entram com assuntos
que os Conselhos têm que defender...
MW: E não tem como chamar
estas pessoas no sentido de união de classe?
Dra. Elizabeth: Já diversas vezes.
RW: Agora, em relação ao
Mercosul, existe como se fazer uma Confederação Latino Americana?
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De repente, durante a nossa entrevista, aproxima-se uma pessoa com o objetivo de trazer um inestimável testemunho sobre a presença da dra. Elizabeth na presidência do CRDD. Acompanhe a seguir:
Vilma: Você lembra de uma revista chamada Seleções?
Vilma: Você lembra de uma revista chamada Seleções?
MW: Sim, sempre leio!
Vilma: Ali atrás, na última
folha, tinha O Meu Tipo Inesquecível, olha só, essa mulher é um exemplo pra mim
no profissional.
RW: Vamos gravar esse
depoimento, é muito importante.
Vilma: Eu sempre sou uma
pessoa sincera, muito verdadeira.
RW: O nome da sra.?
Vilma: D. Vilma. Eu já
era despachante, e quando eu conheci a dra. Elizabeth ela era arquiteta, e o
que eu vi nesses anos, ela sabe tudo, ela é uma memória viva desse Sindicato,
de tudo. Ela é uma guerreira, entende tudo, é inteligente, já obrigou a gente a
ir para congressos nacionais, onde a maioria dos representantes nacionais eram
masculinos. Enfrentava as oposições, como conhecimento, com inteligência,
simpatia. Eu sinceramente, sou uma pessoa que não deixo para dizer amanhã o que
eu sinto. Então eu não sei realmente se eu estou viva daqui a pouco.
MW: Foi muito bom a sra.
ter vindo dar esse aparte.
Vilma: Eu não sei
realmente se eu vivo amanhã, então eu procuro dizer, eu não dependo dela pra
nada, minha admiração é uma admiração verdadeira, e sabe, sem intenção nenhuma.
Eu gosto de mulheres guerreiras, de mulheres que trabalham. Eu trabalho de uma
forma, ela trabalha de outra. A gente já se desentendeu muitas vezes, por
opiniões, mas não por não gostar uma da outra.
RW: As senhoras teriam
gostado de conhecer a nossa mãe, a escritora Ana Maria Wolff. Ela sempre foi
assim, muito dinâmica e positiva. Ela escreveu um curso de inglês, autora de
curso de vendas, as pessoas não acreditavam que obras tão diversas fossem de
autoria da mesma pessoa. Era incrível!
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RW: Para finalizarmos,
que mensagem a sra. passa para o nosso público leitor, para os despachantes,
mensagem de vida?
Dra. Elizabeth: Primeiro, que para
você vencer na vida, você tem que saber o que está fazendo. Para você saber o
que está fazendo, você tem que estudar. Procurar conhecer a fundo qualquer
coisa que você vai fazer, até para varrer um chão, você tem que saber a
vassoura adequada, o pano melhor para você passar o melhor o produto.
MW: Fazer com perfeição.
Dra. Elizabeth: E com amor! Gostar
de estar fazendo aquilo. Então para você ganhar dinheiro, conquistar seu espaço
profissional, ame o que está fazendo. E estude para ser sempre o melhor.
MW: Maravilha! Foi muito
bom mesmo!
Dra. Elizabeth: E o que vocês
estavam falando sobre mulheres que fazem tudo, eu já fiz de tudo! Eu sou
arquiteta, vivi 18 anos fazendo construção! Depois, na época do Collor, as
firmas fecharam e a minha foi uma delas. Aí eu fui ser caixa do banco Itau.
Professora de comida congelada. Abri uma loja de comida congelada! Depois eu
tive auto-escola. Fui ser despachante, despachante de veículo e de imóveis.
Como eu era arquiteta, eu fui ser despachante de imóveis. Depois vi nesse meio
do caminho, fui convidada para ser diretora do Sindicato. Metida como sempre,
estudando, estudando, lendo, lendo, lendo. Primeiro grupo de diretores do
Conselho eu fui convidada, primeiro fui convidada, porque o primeiro grupo não
foi eleito, foi convidado. E daí em diante eu fui eleita, eleita, eleita, e
cheguei aqui. Mas se você me perguntasse "Beth, você quer aprender... a
fazer Crochê?" "Eu quero!", o que você me mostrar para aprender,
eu quero aprender.
MW: Ah que interessante!
Dra. Elizabeth: Eu tenho um
propósito na minha vida, eu acho que tudo que você aprende, lá na frente se
une. Então eu fiz curso de administração para pequena empresa, eu fiz curso de
comida congelada, eu fiz curso de desenho de estrutura.
MW: E a sra. ainda faria
projetos de arquitetura ou agora não faz mais?
Dra. Elizabeth: Eu agora faço com a
minha filha. Minha filha é arquiteta.
MW: Como é o nome dela?
Dra. Elizabeth: Elísia Bachx.
RW: Aquela moça que
estava no evento? Aquela é sua filha, ou tem outra filha?
Dra. Elizabeth: Só tenho ela. Agora
ela trabalha na Globo, na parte de Cenografia. Ela é arquiteta de cenário. E
ela é igual a mim, estuda. E ela teve uma sorte na vida, eu digo a ela, um pai
que estuda, ele estuda qualquer coisa, meu ex-marido estuda tudo! É oficial de
Marinha, reformado já.
MW: Como é o nome dele?
Dra. Elizabeth: Clídio Raimond
Bachx. E ela tem uma mãe que gosta de estudar. A família toda gosta de estudar.
MW: A melhor mensagem que
poderia passar é essa, para as pessoas estudarem.
RW: Eu sou auto-didata em
idomas.
Dra. Elizabeth: A pessoa tem que
gostar de estudar.
RW: Tem que ter gosto.
MW: Estudar sempre.
Dra. Elizabeth: Não
fazer as coisas de qualquer jeito. Fazer de qualquer jeito, por quê? Faz de
qualquer jeito a pessoa que não está fazendo com amor pelo que faz.
RW: Claro. Dra., muito
obrigado pela entrevista!
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