O advogado Rogério Travassos em entrevista exclusiva à Equipe Wolff - 2ª parte

Professor
Travassos: Exatamente. A comparação é fantástica. É a mesma coisa que dizer – a
liberdade em excesso é perigosa. Não há que existir liberdade em excesso. Há
que existir liberdade. Mas o excesso é ruim em tudo. Na verdade, o que está
acontecendo hoje é que nós estamos ultrapassando os limites de uma cultura de
um povo, impondo até por alguns interesses econômicos. Precisa vender
determinado produto e determinadas classes compram bem... então a gente tem
que, de uma certa forma, entender que aquilo é normal e que existe liberdade.
RW:
Então, como foi a sua trajetória de carreira para chegar à opção de ser
professor universitário, que eu sei que o senhor é brilhante como professor?
Mas até chegar a esse momento como foi? Porque professor de área jurídica é
muito exigido. Quais foram os cursos que o senhor realizou, e quais cursos que
acha que seria interessante serem feitos?
Professor
Travassos: Aqui na cidade eu sou professor exclusivo da Universidade Salgado de
Oliveira. É uma coisa que eu gosto muito de ressaltar porque eu brigo muito por
essa faculdade e ela não deixa a dever a nenhuma outra. A Universo tem
problemas como todas as outras faculdades têm. Digo muito isso para os meus
alunos – que ele brigue realmente pelo o que ele precisa aqui dentro, mas lá
fora ele elogie a sua faculdade. Até porque o elogio dele melhora o currículo e
o diploma dele. Eu me formei muito cedo, com 23 anos, e na verdade eu só vim a
dar aula aos 34 anos. Levei um certo tempo para lecionar porque eu precisei
amadurecer muito. Então são 16 anos na docência. E já estando aqui na faculdade
sempre como professor. Já ocupei o cargo de diretor da ESA, uma escola que eu
acho fantástica, e bem dirigida hoje pelo atual diretor. Tem uma faculdade lá
em Maricá, que vez ou outra eu dou umas aulinhas de Direito e Legislação. E
alguns cursos que eu já fiz fora daqui. Mas acho que o Direito continua sendo
um caminho. Mas eu tenho muita preocupação com a quantidade dos advogados
formados, colocados no mercado. Eu tenho visto muito aluno se decepcionando
quando passa no exame da Ordem, que o mercado não consegue absorver. Porque é
muita gente. Então, fica por ali.
RW:
O que poderia ser feito para melhorar a vida do acadêmico e desses
profissionais?
RW:
Na sua opinião como professor, o que pode ser feito para melhorar a grade
curricular do curso de Direito? Que matéria poderia ser adicionada ou pensa que
já está bom? A exemplo da Estácio que tem Direito Comunitário, Direito Autoral,
Marcas e Patentes.
Professor
Travassos: Eu acho que a gente sempre pode copiar o que é bom. Se a
universidade pudesse acrescentar isso, acho que seria mais um ganho para a
universidade.
RW:
Que tipo de convênios internacionais podem ser feitos com a Universo, em sua
opinião?
Professor
Travassos: A Universo já tem alguns grandes convênios. Por exemplo, com a
Universidade de Coimbra já existe. Tem uma faculdade na Espanha que eu já ouvi
a Professora Marlene Salgado falar, que não me recordo qual. Existem muitos
convênios da universidade no mundo internacional, sim.
RW:
Haverá mestrado/doutorado em
Direito na Universo?
Professor
Travassos: Acho que é uma
tendência. Mas os dois mestrados da Universo, que eu conheço, são muito
conceituados. Pretendo até fazer o mestrado de História aqui.
RW: Acredita em cursos paralelos
serem úteis ou o aluno deve ter foco no curso de Direito?
Professor
Travassos: Eu tenho uma filha de
17 anos que está no 3º semestre de Direito aqui. Assim que ela entrar nas
matérias essenciais do Direito específico, eu já pretendo que ela comece a ver
alguma especialidade do Direito. Nós temos um curso aqui do Dr. Humberto Peña
de Moraes, que ele é especialista em Direito Constitucional. Eu mesmo já fiz
duas vezes e pretendo fazer a terceira.
RW: É indicado?
Professor
Travassos: Eu acho que se o aluno
puder fazer alguns cursos específicos além da faculdade, só acrescenta.
RW: Como foi o momento de
solenidade de Homenagem Tiradentes ao senhor Wallace Salgado de Oliveira? Qual
o significado emocional de estar presente nesta solenidade?
Professor
Travassos: Bom, aí eu sou até
suspeito de falar. O Wallace é um amigo de infância que eu tenho e convivo com
ele desde os 6 anos de idade. Talvez ele saiba o que eu penso e eu saiba o que
ele pensa, em determinadas situações. É uma relação de muita fraternidade.
Brigamos muito, porque se é amigo tem que brigar. Porque disse a verdade sem se
preocupar com a reação do outro. Ficamos chateados, mas depois aquilo passa.
Então tudo o que diz respeito ao Wallace, me diz respeito. Ele tem um passado
muito difícil, que ele mesmo conta na sociedade, que foi o problema que ele
teve e se recuperou. E está em recuperação há vinte e tantos anos, dá palestras
sobre isso. Levo os meus filhos para assistir. E torço muito por ele no projeto
dele de se tornar Desembargador pelo 5º Constitucional. Porque é uma pessoa que
quem conhece, sabe o coração que tem. E repito que sou suspeito em falar porque
é meu amigo.
RW: Existem dois tipos de parentes,
na verdade, os sanguíneos e os por afinidade.
Professor
Travassos: É verdade. Convivemos
desde os 6 anos de idade. Inclusive, semana passada, a turma do colégio se
reuniu e ele não pode estar presente, mas é uma turma que se reúne quase que
sempre!
RW: Como foi o início de sua
carreira e o que o senhor fez para vencer as barreiras iniciais?
Professor
Travassos: Todo início é difícil,
não é? Ainda mais há 26 anos atrás, ainda garoto, com cara de garoto, para
começar. Mas muito estudo. Custei a entender que eu precisava ser um pouco mais
político. Político no sentido de não só falar o que penso, mas às vezes não
falar o que penso. Porque nem tudo você pode, pelo temperamento, dizer em
determinado momento.
RW: Que mensagem o senhor passa
para os nossos leitores?
Professor
Travassos: Acho que o importante,
como o senhor disse, é uma leitura onde “o que é dito é respeitado”, e é a
característica da revista. Então todas as vezes que você pode ler alguma coisa
autêntica, sem desvios, é para ser lido sempre.
RW: E nós frisamos que é importante
ser autêntico. Mas também respeitar a opinião do entrevistado para ser fiéis na
íntegra. O senhor concorda?
Professor
Travassos: Concordo! A opinião é
muito importante.
RW: Então a Equipe Wolff agradece a
sua entrevista.
Professor
Travassos: Obrigado pela atenção
que o senhor teve. Estou satisfeito de estarem aqui me entrevistando!
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