Desembargador Nagib Slaib Filho em entrevista exclusiva à Equipe Wolff - parte 2
Estimular as pessoas a viver a vida com intensidade!
RW: Dr. Nagib, para concluir então a nossa entrevista eu gostaria que o
senhor nos pudesse fazer a gentileza de discorrer, assim, uma forte história de
cunho emocional. No qual houve um empenho muito grande para que viesse um
acerto jurídico. Em que as pessoas arrazoaram... E viram a razão da pessoa que
buscava. No sentido humanístico de esforço, de resultado, que tenha sido
marcante em sua vida.
Desembargador
Slaib: Bom, eu tenho 43
anos de vivência. Quando eu era policial aqui na Rua São João, onde é hoje o
supermercado Guanabara. Tinha um posto policial mais para cá. Eu fui oficial de
justiça, onde hoje está o Guanabara, na Vara de Menores. E em São Gonçalo, que
é a minha terra dileta, sou "Cidadão" de lá.
RW: Cidadão Honorário?

RW: Só de estar na praça pública, se estivesse sem documentos, poderia
ser preso!
Desembargador
Slaib: Isso! Não prendia
o de boa aparência. Prendia era o negro - bem, nesse tempo eu era de delegacia
de polícia. Eu já tinha o documento em mimeógrafo a álcool, o auto de prisão em
flagrante. Um dos meus colegas de delegacia aqui - chamado José Clementino dos
Santos - mais conhecido por... Jamelão! O Jamelão da Mangueira. Aquele Marechal
Francisco Torres, aquele Marechal que foi Governador do Estado, nomeou ele
"investigador" (para dar um emprego a ele!) - assim ele era meu coleguinha
de delegacia. Eu chamava "Jamelão, traz o preso!" Aí vinha o Jamelão
que já era nervoso - e não tinha algemas. Porque algemas, só era para os presos
importantes, da Política, do Dops... Agora, presos comuns, amarrava-se numa
corda. Num caso que eu vi em Cantagalo, foi amarrado com cipó mesmo - não tinha
corda... Assim é que eu dizia para o Jamelão "traz o preso!". Eu
preenchia o espaço em branco do formulário em mimeógrafo. Se o juiz, ou
promotor, era do tipo bonzinho - nesse caso o cara só ficava preso... 2 meses,
1 mês e meio! Eu era bonzinho. O sujeito só ficava preso 1 mês! Se era mais
ruinzinho - o sujeito ficava preso 4 meses - e eu nunca vi alguém ser condenado
por isto! E isso ficou até 1983, quando o Coronel Jorge da Silva (e que sua
Equipe poderia entrevistar!), ele era da PM, ele e o Coronel Carlos Magno Cerqueira
- ambos negros - eram assessores do Leonel Brizola... Leonel Brizola era um
grande engenheiro - só que engenharia não tinha nada a ver. Aí os dois Coronéis
falaram para o Brizola “Governador, esse negócio de 'vadiagem' é só pra prender
preto, pobre e prostituta”.
RW: Os 3 Ps.
Desembargador
Slaib: É. Aí o Brizola
quis saber – “Ué? Mas porque prende?” E o Brizola (entre dentes o Desembargador
comenta em off) que não entendia nada de Direito. Aí deu a ordem: "Para de
prender!" A polícia do Rio parou de prender. O grande Governador de São
Paulo - André Franco Monteiro - Professor de Direito, democrata cristão, soube
disso e então disse: "Brizola tem razão". E proibiu a Polícia de
fazer isso. E o grande Governador das Minas Gerais, o Doutor Governador
Tancredo de Almeida Neves, que foi promotor de justiça - também disse -
"Aqui não se prende mais ninguém (por vadiagem)" E ainda está escrito
na lei de contravenções penais.
MW: Ainda está escrito isso?
Desembargador
Slaib: Até semana
passada, da última vez que eu li a lei... Então é essa a grande questão que
está acontecendo... Não adianta o Rei, o Presidente, Parlamento, bolar uma lei,
escrever com letras de ouro, como a Constituição, se aquilo não está na
consciência da sociedade. E o nosso papel não é "esfregar a lei na cara do
povo". O nosso papel é "esclarecer"! Esse negócio de
"violência doméstica" - está escrito na Constituição.
RW: Dr. Nagib, que mensagem de vida o sr. passa aos nossos leitores?
Desembargador
Slaib: A palavrinha
japonesa que você me citou hoje: sorte é esforço. Nunca desista! Faça a sua
parte. Deus ajuda a todos! Agora você também tem que se ajudar, não é mesmo?
RW: Parabéns! Agradecemos a sua entrevista. Só uma perguntinha - O sr. é
coautor de livros com o Dr. Capanema?
Desembargador
Slaib: Nós somos rivais.
Ele escreve na mesma área que eu. Mas eu adoro ele! Somos amigos!
(A seguir ele revela):

RW: Aqui um presente para o sr. ler e apreciar um texto de minha mãe,
escritora Ana Maria Wolff. Creio em Mim Porque Creio em Deus.
Desembargador
Slaib: Já entrevistou a Prof.ª
Marlene? Ela vai adorar este papo! Olha vou falar "mal" da Prof.ª
Marlene. Prof.ª Marlene não é fácil - está certo? Eu indico para ser
entrevistada. O Liceu Nilo Peçanha foi fazer obras - e aí? Onde é que vai ter
as aulas? Onde vai ter aulas? O que a Prof.ª Marlene fez? Foi lá e ofereceu as
nossas instalações para os alunos do Liceu! Era um sobe e desce de alunos pelas
escadas. Deixou aqui todo mundo quase doido com as agitações deles! 1º e 2º
grau é do Estado - aquilo foi confusão!
A outra da Prof.ª Marlene! É Jornada Mundial da Juventude? Onde é que
vamos instalar os jovens? Aqui na Universo, é claro!

Desembargador
Slaib: É, hoje a
Universo é muito grande!
RW: Dr. Nagib ficamos muito honrados com a sua atenção. A Equipe Wolff
mais uma vez agradece a sua entrevista e as suas referências.
Desembargador
Slaib: Eu que agradeço!
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