Antônio Gomes Eduardo em entrevista exclusiva ao Jornalista Reinaldo Wolff
Reinaldo Wolff: Senhor Luiz, como proprietário
da Livraria Gutenberg, nos dê uma ideia, como é que foi essa "batalha", que na
vida representa
o que se diz "ser bem sucedido"? Como é que faz para
vencer estes caminhos?
Abre-se um sorriso largo nele o que mostra que
a pergunta fez de imediato o efeito de "reviver estas lembranças marcantes".
Uma breve pausa - o momento certo para iniciar
as fotos. Ele continua meditando. E a fala surge fluente, com leve sotaque estrangeiro.
Ao fundo o burburinho da Feira do Livro Felicita – 21ª Feira do Livro de
Itaboraí, com intenso afluxo de pessoas entrando. Em volta, a decoração denota
os inúmeros eventos programados para o dia de abertura.
Volta o pensamento para as reminiscências.
RW: Por quê? De que depende o sucesso no ramo livreiro?
Antônio Gomes Eduardo: Porque antigamente não havia livrarias, e não
havia editoras. E hoje? Há muitas livrarias e há muitas editoras! Antigamente o
editor fazia um livro e tirava i mil exemplares...
RW: Que coisa!
Antônio Gomes Eduardo: Quando tirava 3 mil exemplares já era um sucesso!
Hoje, quando você fala em editar um livro, você tira ali cem mil exemplares!
Porque instituiu-se aquela coisa de mandar os livros em consignação.
Antônio Gomes Eduardo: E então os livros vão para as livrarias em
consignação. Quando o livro começa a faltar nas editoras eles começam a pedir
às livrarias que devolvam. Uma livraria tem 1 ou 2 e depois não devolve, senão
vai ficar sem nenhum. A outra vai e tal - mas em compensação, eles já tiraram
dez mil livros, vinte mil livros que foram para consignação. Agora isto hoje
todo mundo vende um livro!
RW: Hoje consignação é um bom negócio?
RW: Certo.
Antônio Gomes Eduardo: O livreiro, quando não tinham consignação, era
mais fixo - era mais como é que diria - era mais forte! Porque ele comprava o
livro que lhe convinha, e ele enche a livraria dele com os livros que ele
entendia que era melhor para a livraria, que ele entendia que de fato ia
vender. Hoje as editoras, por exemplo - eles tiram um best-seller. E eles dizem
para você “Este aqui tem pré-venda, este aqui você tem que comprar, e tal e
coisa...”
RW: Eles fazem um estande também.
RW: E qual é o motivo da proibição?
RW: Senhor Antônio, como é que está o setor no mercado de agenciamento
literário? O senhor acha que está "em aquecimento"?
Antônio Gomes Eduardo: Agenciamento literário?
RW: Uma vez que as editoras dependem também de agenciamento literário.
Antônio Gomes Eduardo: Ah, sim! O Brasil tem tido uma evolução muito
grand
e neste aspecto, não é?
RW: Sim?
Antônio Gomes Eduardo: Eles têm uns técnicos, lá fora, que com certeza,
de literatura, devem ler - e com certeza devem de "passar para os técnicos
daqui". Porque tem editora que não erra - "cada cavada, uma
minhoca"... O cara sai para pescar, com o caniço nas costas e pensa,
"ah, mas estou sem isca! Cavada: minhoca. Cavada: minhoca! Tudo que
"o cara" faz - ele acerta! E hoje nós livreiros... Hoje vende-se
tanto livro, tanto! Hoje não há uma criança, que esteja tomando banho, e que
não esteja lendo um livro! A criança na baciazinha de plástico tomando banho e
lendo um livro... de plástico! Antigamente não existia isso: livro de
plástico!! Antigamente se você queria dar um livro de presente para uma
criança, você não tinha! Ah!, quero dar um livro para uma criança de dez anos -
"não tem" - você olhava, olhava para um lado, para outro, tinha O
Pequeno Príncipe. Mas "O Pequeno Príncipe" não é livro para criança,
é um livro de filosofia, não é para uma criança de 10 ou 12anos. Acho que toda
criança deve começar a ler com 10 ou 12 anos para depois começar "a
entender", quando for adulto.
RW: Sim, é isso mesmo.
Antônio Gomes Eduardo: "O menino do engenho", "O Menino do
Dedo Verde" - o primeiro livro que saiu sobre esse negócio de aquecimento
global, pelo Maurice Druon (esse grande escritor francês, não é) que escreveu
muito sobre a história da França. Inclusive lançou um livro para jovem sobre o
aquecimento global - isso vendeu muito na época. Então tinha assim: três,
quatro títulos - para vender - e tal e coisa. Aí surgiu quem? J. K. Rowling a autora de
Harry Potter e aquilo foi "eureca"! Descobriu-se o "mapa da
mina! não só ela - hoje está entre os autores mais ricos do mundo.
Aguarde a continuação...
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