Coronel Aurélio da Silva Bolze em entrevista exclusiva ao jornalista Reinaldo Wolff - retrospectiva

COMO PENSA DESTACADO PROFESSOR MILITAR E SEUS CONCEITOS DE EDUCAÇÃO


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Reinaldo Wolff: O foco da iniciativa que o senhor gostaria de fazer esta entrevista.
Cel. Bolze: Primeiro eu gostaria de saber qual o público alvo?

Reinaldo Wolff: Por exemplo: O trabalho, como profissional, como é o seu trabalho? O senhor já foi professor? (São nesse teor as perguntas - jamais seria imprensa marrom...)
Cel. Bolze: Eu já fui instrutor palestrante em várias Escolas Militares, em diversos níveis.

Reinaldo Wolff: É isso que nos queremos fazer. A intenção nossa é promover o senhor - com o nosso devido respeito!
Cel. Bolze: Eu queria focalizar o nosso trabalho daqui, onde estou atuante hoje.


Reinaldo Wolff: O trabalho atual. Por gentileza. Quais os conceitos que o senhor gostaria de passar para os nossos leitores? Por exemplo: honestidade, pontualidade?
Cel. Bolze: Os conceitos que eu quero passar são os valores morais, princípios éticos baseado na honestidade. Responsabilidade, fraternidade. Tratamento de “respeito ao cliente”. É a questão da credibilidade, que eu acho muito importante. Entre outros que eu acho de muita importância. Credibilidade no relacionamento com os clientes.

Reinaldo Wolff: Como o senhor vê sua área de atuação no trabalho dos dias de hoje. Oportunidades da Poupex para com os clientes - como algo interessante, planos para serem adquiridos.
Cel. Bolze: Eu entendo da seguinte forma: nós trabalhamos aqui como representantes da Fundação Habitacional do Exército e da Associação de Poupança e Empréstimos Poupex. O foco do nosso trabalho é apoiar a família militar e os conveniados. Temos diversos convênios - mas prioritariamente à família militar. Primeiramente do Exército - e também Marinha e Aeronáutica. E nós procuramos oferecer produtos à família militar, baseados no dia a dia, que são financiamentos imobiliários, seguro auto, residencial, de vida...

Reinaldo Wolff: Mas todos com juros menores nos financiamentos.
Cel. Bolze: Sim, é isso. E nós temos consórcios. Nós temos esses produtos principais que são focados para o “seguro de vida” - que é a segurança da família militar - e o financiamento imobiliário. Que é um dos objetivos da família, é ter sua moradia própria. Então, e isso que nós trabalhamos, basicamente. Os nossos juros são abaixo do mercado normal. Focado, basicamente, para que a família tenha condições favoráveis para adquirir o seu imóvel.

Reinaldo Wolff: E planos para o futuro - para os filhos dos militares?
Cel. Bolze: Há estudos que alguns dos nossos produtos possam ser repassados também para os filhos de militares. Hoje, por exemplo, o consórcio já é possível de ser repassado para filhos de militares. Ele tem condições de adquirir consórcios, seguro auto, consórcio na área de imóvel também. O financiamento é uma modalidade, o consórcio é outro tipo. É importante ressaltar que a Fundação Habitacional do Exército trata dos produtos ligados à família militar e os conveniados. Inclui-se aí Banco do Brasil, Tribunal de Justiça e os conveniados. A POUPEX também realiza financiamento imobiliário, e para qualquer pessoa da população. Então nós temos duas vertentes - uma que atende a família militar, e a outra que atende toda a população. São financiamentos em condições boas e alcança qualquer pessoa - a que não é militar, não tem parentes militares, ela pode fazer financiamento imobiliário, nas condições que nós temos. São condições bem razoáveis!

Reinaldo Wolff: Como nós estávamos conversando, o senhor disse que já foi professor também.
Cel. Bolze: Na realidade, a minha formação é militar. Eu fui o que, no Exército, não se chama professor - chama-se instrutor - mas a atividade é a mesma de professor. Então eu fui professor de diversas escolas, em diversos níveis, em toda a minha carreira.

Reinaldo Wolff: E o que lhe motivava nessa carreira de professor? Qual era a sua motivação nesta atividade?
Cel. Bolze: A motivação é passar minha experiência de vida, passar os conhecimentos que a minha instituição me orientava a passar para os objetivos daquela atividade. E o contato com o aluno! Em geral que assistia estas palestras. Hoje eu trabalho gerenciando os assuntos de uma empresa de prestação de serviços, na região do Estado do Rio.

Reinaldo Wolff: O senhor já pensou em transcrever todas essas experiências de vida que o senhor leva, numa característica de escritor? Escrever um livro sobre sua vida?
Cel. Bolze: É... Nunca tive essa intenção!

Reinaldo Wolff: Mas seria interessante, não é, Coronel? Passar essa experiência de vida às pessoas?
Cel. Bolze: Às vezes, a gente fica pensando assim: “Bom, eu tenho tanta coisa que passei de experiência de vida!” - Mas, muitas vezes, os detalhes a gente esquece! Esqueceu de relatar, de escrever - é um hábito que as pessoas têm. Mas deveriam ter - o de escrever. Até para poder, no futuro, olhar para o seu passado e ver o que acertou, o que errou - para poder corrigir e ensinar os seus filhos, e as pessoas do seu relacionamento.

Reinaldo Wolff: O senhor nos disse que é da área de cavalaria... Seria o fato de ser gaúcho que lhe motivou a trabalhar com os animais, com os cavalos? Seria essa a razão? Isso lhe lembra os Pampas?
Cel. Bolze: (sorriso) É... Na realidade, quem vem do Sul e conhece a história da formação do Rio Grande, e dos Pampas, sabe que foi uma terra que foi conquistada na base do cavalo. E na luta, no braço, na espada, face aos nossos co-irmãos, os espanhóis... Então, é assim. Uma terra conquistada na base da cavalaria, com as tropas da cavalaria. Que usavam pelego, tomavam chimarrão...

Reinaldo Wolff: Inclusive Porto Alegre foi fundada pelo tropeiro
Cel. Bolze: Exatamente.

Reinaldo Wolff: Ele ficou tão apaixonado pela imagem que viu, que trouxe toda a família de São Paulo para o Rio Grande do Sul. O cavalo está ligado à história dos pampas.
Cel. Bolze: Porto Alegre na realidade foi colonizada pelos açorianos que vieram de Portugal e se aclimataram na região.

Reinaldo Wolff: O senhor mora em Niterói?
Cel. Bolze: Eu moro no Rio de janeiro.

Reinaldo Wolff: Como o senhor vê a vida atual no Rio de Janeiro?
Cel. Bolze: Eu penso que em termos de qualidade de vida não é muito ruim.

Reinaldo Wolff: Poderia melhorar!
Cel. Bolze: Nós temos no Rio de Janeiro problemas segurança, muitos problemas de trânsito - a gente perde muito tempo para vir de casa para o trabalho e do trabalho para casa! Meios de transporte não estão adequados. Por exemplo - eu moro na Barra da Tijuca - lá não existe um ônibus que sai da Barra e vem para Niterói - tem que pegar duas conduções - fica um custo muito mais alto do que vir de carro!

Reinaldo Wolff: E teria as barcas, também...
Cel. Bolze: Sim, mas de qualquer maneira nós vemos muitos carros nas ruas, que atrapalha o trânsito - então isso aí interfere diretamente na qualidade de vida: o trânsito e a segurança.

Reinaldo Wolff: O que o senhor acha que o Exército poderia fazer pra contribuir para a segurança do Rio de Janeiro?
Cel. Bolze: Na realidade a missão do Exército... Não é essa a função Constitucional do Exército! O Exército só entra quando há necessidade de garantia da lei e da ordem, em defesa dos Poderes Constituídos. Então quando houver - quando o Poder Estadual não tem mais essa capacidade de manter a ordem, ele vai ao Poder Federal e faz essa solicitação ao Governo Federal, que vai autorizar - ou não. Em situações de normalidade, eu acredito que o maior trabalho que o Exército faz é educando os jovens que incorporam no Exército. A partir desse momento - de “Educação” - de “Ajudar na Formação dessa pessoa” - e particularmente noções de hierarquia e disciplina. Isso sim é que vai ajudar para o futuro, na formação do ser humano - no caso, daqueles que servem ao Exército.

Reinaldo Wolff: Inclusive porque os moldes feitos no Japão foram todos baseados nos Samurais. O Samurai no início, não era um militar, era inclusive de fora do Japão. Mas eles introduziram conceitos tão arraigados de disciplina militar que o povo japonês incorporou esse conceito. E isso é que desenvolveu esse povo, não é verdade?
Cel. Bolze: É. Além disso o Exército, dos valores morais que transmite ao jovem que venha para as suas fileiras - também tem a parte de esportes. Ajuda muito ter as suas fileiras - também tem a parte de esportes. Ajuda muito ter formação esportiva. Cuidar não só da mente. Cuidar também do corpo - proporcionando gosto pela atividade esportiva.

Reinaldo Wolff: O militar, sobretudo gosta sempre de estudar - e muito - não é Coronel?
Cel. Bolze: É, nós passamos a vida inteira estudando! Em diversos níveis.

Reinaldo Wolff: O que mais influenciou o seu gosto de estudar? Ainda estuda muito?
Cel. Bolze: Eu gosto de ler muito. Na realidade, eu como filho único, quando era pequeno, às vezes não tinha o que fazer - e eu lia enciclopédia, lia coleções de livro. Eu já li Ulisses, li estórias da Grécia Antiga, da Roma Antiga. Eu li todos os volumes de Mil e Uma Noites - isso até os 10 anos, eu já tinha lido muito! Adquiri muito conhecimento na leitura. Sempre gostei de ler! Porque não é só a leitura. A leitura ensina a raciocinar e ensina a escrever bem.

Reinaldo Wolff: E como o senhor se vê no futuro?
Cel. Bolze: Como todo ser humano, a busca é da felicidade. Então é a auto-satisfação de viver bem, com qualidade de vida, com segurança, ter capacidade de ajudar as pessoas da família, filhos. Então me vejo nessa situação.

Reinaldo Wolff: E que mensagem o senhor passa aos nossos leitores? Mensagem de vida, e de otimismo? Certeza de um futuro melhor?
Cel. Bolze: Eu sempre tenho a certeza de um futuro melhor. Mas eu acredito nesse momento que o nosso futuro melhor perpassa pela Educação. Para que o Homem saiba que ele tem direitos e que tem “deveres”. E que hoje estão esquecidos... Hoje nós pensamos muito nos direitos e esquecemos dos nossos deveres. Mas a consciência do que é “direitos” e do que é “deveres”, perpassa por uma Educação capaz, eficaz... E efetiva. Que realmente forme os alunos e que dê consciência de que, como uma Nação, o Brasil pode crescer de acordo com o potencial que essas pessoas têm!

Reinaldo Wolff: Conte-nos em algumas palavras do como é que foi sua trajetória de vida? Como é que chegou até aqui? Como foram os momentos mais difíceis? Sei que na Academia Militar há momentos, que são difíceis - principalmente na solidão, no isolamento, como é nos tempos da Academia. Mesmo que seja um acampamento muito grande, há o isolamento da família... Então como é que foram esses momentos todos para o senhor?
Cel. Bolze: Na realidade, por ser filho único, eu sempre tive... - tratei bem essa questão da solidão, não é? Inicialmente porque minha mãe trabalhava... E depois separou-se do meu pai e me criou só. Eu estudei só. Estudava muito. Entrei para o Colégio Militar de Porto Alegre. De lá passei para a Escola Preparatória de Cadetes. E aí entrei na Carreira Militar. Então, basicamente, eu vivi uma parte da minha vida, essa parte de pré-vestibular, e, Academia Militar, eu passei sozinho! Depois eu casei, tive de minha companheira a minha esposa, que está comigo até hoje e me deu dois filhos. E que aí preencheu um pouco esse vazio que havia antes - vazio em termos... Porque a carreira militar nos impõe a afastamento, às vezes, da família, afastamento até da esposa, não é? Porque mesmo estando na mesma cidade, tem muitas atividades que a gente passa vários dias fora... Mas eu não tenho assim, na minha carreira, não tive dificuldades porque eu sempre foquei meu trabalho no estudo, no cumprimento das minhas atribuições, eu portei a responsabilidade, eu nunca faltei.

Reinaldo Wolff: Isso então serviu de fortalecimento de alma e do caráter e de tudo que compõe a grandeza do ser humano, não é verdade?
Cel. Bolze: Tudo isso fortalece - mas tudo que foi - e que eu fui, na minha carreira, na minha vida eu adquiri pela solidez da minha base familiar, que é outra coisa importante...

Reinaldo Wolff: O que é?
Cel. Bolze: Família! Avôs, avós, tios - e mesmo meu pai que não estava junto, mas eu mantinha contato com ele! Então a formação familiar é muito importante. E que a gente não vê hoje, o que se costuma dizer - "a educação vem de berço". Então realmente eu tive sorte, de ter nascido em uma família baseada em princípios e de valores morais excelentes. E aí, isso me ajudou muito na minha formação - e me ajudou a ultrapassar as dificuldades que eu tive na minha vida.

Reinaldo Wolff: A família é fundamental para o apoio e formação de uma carreira!
Cel. Bolze: A família é fundamental em qualquer situação, nos momentos fáceis e nos momentos difíceis.

Reinaldo Wolff: E em relação aos colegas, nos tempos da AMAM?
Cel. Bolze: Ali nós temos pessoas do Brasil inteiro! É muito importante! Eu sempre tive bom relacionamento com os meus companheiros. A gente aprende muito porque, eu, por exemplo, sou do Sul, aprendi muita coisa de companheiros que eram do Nordeste - e aqui, do centro de São Paulo, do Centro-Oeste, do Norte; então na realidade a academia serve para mostrar que nós não somos um bairro, um estado, uma cidade, nós somos do Brasil. Ali nós aprendemos um sentimento de Brasilidade. Nós trabalhamos para o engrandecimento do Brasil.

Reinaldo Wolff: E esses vínculos de amizade se mantém até hoje?
Cel. Bolze: Engraçado que às vezes a gente tem mais amizade com os companheiros de trabalho. A gente se reúne, tem várias atividades, e as vezes periódica, que a gente reúne a mesma turma de formação, que se reúne e troca ideias revê. Às vezes amigos que faz muito tempo que não vê - alguns que não vê desde que saiu da Academia.

Reinaldo Wolff: E o que foi mais chocante do treinamento militar que marcou sua alma, marcou sua vida. O que gravou como experiência de vida?
Cel. Bolze: É uma pergunta difícil, como falei, nós fomos formados dentro da Academia a tratar com uma atividade que é conflito - guerra - então nós aprendemos, às vezes, a vencer dificuldades. E nós achamos isto como situações normais de aprendizagem. Então eu não vejo - na minha vida grandes problemas de poder atingir meus objetivos, dentro da carreira militar, não tive nada que dificultasse a minha carreira. Procurei fazer os cursos e fazendo amizades.
Reinaldo Wolff: Parabéns coronel, por toda essa trajetória. A Equipe Wolff agradece essa entrevista, com os votos de contínuo sucesso.


*Matéria originalmente publicada em 21 de abril de 2013 - atualizada.

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