Itaboraí, presente, passado. Futuro? Dubaí

A pesquisa do professor Paulo Maia, editada pelo jornal Zoada de Itaboraí (dez/2013) relata que no séc. XVIII a Vila de Santo Antônio de Sá, foi importante entreposto comercial. Localizada no Recôncavo da Baía de Guanabara entre os rios Macacu e Caceribu. Esse entre-rios é Itaboraí, Magé, Guapimirim, Tanguá, Cachoeiras de Macacu e Rio Bonito. Tem alto índice pluviométrico. Na época das chuvas, naquele século, os rios transbordavam, alagando áreas ribeirinhas. Com o passar do tempo houve o assoreamento na foz do Macacu, barrando o escoamento natural do rio. Esse fato aliado à sinuosidade do curso dos rios provocou sucessivos alagamentos e insalubridade em toda a região. E proliferação de mosquitos. Os últimos meses de 1829 foram de uma grande seca. A temporada de chuva de 1830 trouxe junto uma epidemia de febre causada, principalmente, pelo mosquito. A Vila Santo Antônio de Sá, foi abandonada - enquanto ao lado, prospera a Freguesia São João de Itaboraí. E que, em 15 de janeiro de 1833, um decreto Imperial torna-a Vila. E anexa a ela Nossa Senhora do Desterro de Itambi. Magé, recém-criada, anexa à freguesia de Nossa Senhora da Ajuda de Guapimirim.
Interessante que naquela época os lugarejos ostentavam "nome e sobrenome". Hoje as cidades cresceram, e os nomes simplificaram. Há muito pernilongo nesta região. Ainda bem que as Prefeituras cuidam muito, com ações e campanhas contra o mosquito. Portanto a parte ruim, essa hoje tem sido controlada.
E a notícia boa: Cachoeiras de Macacu representa ser “o paraíso das águas cristalinas, pela pureza e propriedade das suas águas”. Lá a Autarquia Municipal de Água monitora 24 horas a qualidade da água distribuída à cidade, para assim afirmar o presidente desta empresa, Marcos Medeiros, ao noticiário O Estado em Noticias, de 26 de Julho de 2014.
Penso que em Itaboraí também existe esse "paraíso de águas". Mas não vi ainda nenhuma divulgação oficial.

A Câmara de vereadores, criada em 22 de maio, deu a fama e a data de aniversário que hoje se comemora Itaboraí. Mas é uma data equivocada, a verdade é que Itaboraí é de Capricórnio - plenos 15 de janeiro!

Mas a Câmara, quando recém-criada, “saudou com jubiloso entusiasmo a posse de Aureliano de Souza Oliveira Coutinho, 1843, como Presidente da Província” (que seria o futuro Visconde de Sepetiba). Queriam dele providências de melhoria para este município “assentado no meio de altas, mas fertilíssimas montanhas, cobertas de matas virgens, banhos de inúmeros ribeirinhos em que todos se comunicam” *.
Estas melhorias são esperadas ainda neste ano de 2014 – com as proximidades do início das atividades do COMPERJ - a maior obra da Petrobrás até o momento no país. Mas muita novidade já está acontecendo. Na mesa de abertura da 1ª Semana Acadêmica das Faculdades Cenecistas veio palestrar o gerente de Implantação de Infraestrutura Operacional e Administrativa do COMPERJ, o prestigiado senhor Sérgio Valle. Na presença de mais de 500 estudantes universitários relatou as propostas de geração de emprego e renda que a empresa traz para dinamizar a economia da região de Itaboraí (Informativo COMPERJ, n° 43, dez/13).
O “Progresso” virá, mas volto a pensar na questão das águas da região... Há um mistério que não foi suficientemente desvendado... E que se refere ao que aqui chamam “Parque Paleontológico São José de Itaboraí”. Esse “Parque” é um lago em cima da Pedreira! Às margens do lago existem achados que remetem à história do homem há milhões de anos. Objeto de estudo de um projeto em parceria de uma universidade e a Petrobrás. Veja que história curiosa sobre este lago formado em 1983 no local onde antes era explorada a produção de calcário da companhia de Cimento Mauá. Foi a primeira produtora de cimento no Brasil. Na verdade é uma lagoa artificial, mas suas águas são límpidas e transparentes. A explicação que se encontrou, é que as escavações chegaram ao lençol freático, e junto com fortes períodos de chuvas, resultou na belíssima Lagoa de São José.
O nome da cidade é uma palavra que vem do Tupi, e significa “Pedra bonita escondida na água”. Então rola muita água em Itaboraí, são os rios Macacu, Caceribu, Iguá, Várzea. A curiosidade é que a cidade não tem enchentes a nível de calamidade, somente ocasionais alagamentos.
A respeito da Câmara Municipal, a atual, está instalada num belo exemplo de arquitetura neoclássica. Obra data 1840, projetada pelo Engenheiro Militar Júlio Koeller, que depois tornou-se amigo de Dom Pedro II. Conta o Informativo, na Internet, que a Família Real visitava regularmente a cidade para assistir encenações do teatrólogo João Caetano. Ainda existe hoje, forte apelo artístico nestes moradores que são das famílias nativas. A sede atual da prefeitura é no prédio reformado pela nossa amiga arquiteta Suzana Alves Margem, entre outros(as) arquitetos(as). Ali foi o Palacete de residência do Visconde de Itaboraí, e construída em 1834, onde se hospedava a Família Imperial, quando em visita à região. Se Dom Pedro II apreciava seu passeio à Itaboraí... já a Princesa Isabel tinha um medo visceral da raça de índios que vinha para este local. Inclusive havia uma tribo de antropófagos. Conta o Professor Paulo Maia, que havia uma aldeia em Itambi, criada pelos jesuítas. Onde viviam Botocudos, Puris, e Goytacazes. Os Maromomis eram índios calmos (que originaram o povo de Itaboraí). Mas eram os principais perseguidos dos Tupinambás, guerreiros bravios que vinham até aqui provindos da região de Guarulhos, SP (guaru, em tupi, quer dizer barrigudo).
Essa tribo de antropófagos vivia aqui e na lagoa de Araruama. Mas isso não impediu a Princesa Isabel de vir tomar banhos de cachoeiras nas fazendas de café próximo à Maricá. O cemitério indígena era em “Visconde”, nome atual do bairro, Itambi, e Sambaetiba (onde se encontravam os sambaquis).
Em 1860, no apogeu do Império, foi inaugurada  a estrada de Ferro-Carril Niteroiense. Partia de Maruí (Niterói) até Porto das Caixas. A estrada fazia a ligação de Nova Friburgo, no alto da serra, e Cantagalo (mais acima ainda), diretamente ao Porto da Capital da Província. Essa foi uma das razões de declínio do Porto das Caixas. E consequentemente, da Vila de São João de Itaboraí, a seguir, fortemente ressentida pela falta de mão de obra nas lavouras. Pois houve libertação dos escravos. É uma lástima não terem conservado a estrada de ferro. Hoje seria o escoadouro de importante indústria de Cantagalo – a de cimento (muito melhor do que descer toda esta carga por caminhão, nas estreitas curvas mão-dupla, da estrada que desce a Serra).
O futuro a Deus pertence? Ouvi dizer que além de um anel viário, há um projeto de instalar uma via expressa monotrilho.
“Dubaí está virando realidade”, diz o jornalista Reinaldo Wolff, que pensa na indústria do Petróleo transformando a cidade em uma Dubai tropical.

* Fonte bibliográfica do professor Paulo Maia:
1- O Rio de Janeiro nas visitas pastorais de Monsenhor Pizarro;
2- Viagens às províncias do Rio de Janeiro e São Paulo – J. J. Tschuddi;
3- Vilas Fluminenses desaparecidas – Dr. José Matoso Forte;
4- Reminiscências de Viagens e Permanências no Brasil – Daniel P. Kidder;
5- Presença de Alberto Torres – Barbosa Lima Sobrinho;
6- Annaes do Rio de Janeiro – Balthasar da Silva Lisboa.


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