Dr. Anderson Alves de Almeida em entrevista à Equipe Wolff
O Médico da Família!
Chegamos no momento de clínica lotada.
RW: Há muito tempo não vemos o amigo!
Dr. Anderson: Esteja à vontade, pode sentar-se!
MW: (chego a seguir, admirada com as reformas) A clínica está mais bonita...
RW: Doutor, viemos fazer sua entrevista, conforme o prometido. Pergunto ao senhor... Como é que consegue conciliar tantas atividades. O senhor já esteve na política, faz Teologia, sua especialidade médica é de pediatria?
Dr. Anderson: A minha especialidade é de Clínica Médica, minha "Residência" e Pós-Graduação é Clínica Médica - e faço medicina de família. Assim, no final da questão, acabo fazendo acompanhamento de aspecto geral - o acompanhamento que antes só havia em Posto de Saúde!
RW: Certo...
Dr. Anderson: Mas agora também se faz em consultório a Clínica da Família! Vem o paciente, o adulto, vem o filho - então quando se vê, já está fazendo acompanhamento médico de atenção básica de saúde em toda a família. Como era antigamente! O médico da família inteira. Então, o que se faz aqui é a medicina de família. O que é feito em Unidade Básica de Saúde, é aqui também, a nível de consultório, hoje em dia.
RW: E a sua especialidade é a das mais procuradas. Tanto é que tem o programa do Governo - Mais Médicos. É o que o Governo está fazendo. Exatamente pela necessidade do SUS de terem médicos que atendam.
Dr. Anderson: De uma maneira geral, as faculdades acabam formando o aluno assim: O acadêmico sai da faculdade como cardiologista, dermatologista, por exemplo - antes de ser médico. Porque ser médico é uma coisa, por favor me entenda bem. O corpo humano não é um organismo estanque. Não é um comportamento estanque. Não adianta a pessoa tratar só um detalhe: "Ah, vai pro cardiologista". Mas o organismo está todo relacionado. Todo uma homeostasia entre o coração, rim, cérebro, fígado - tudo em conjunto. Não funciona separadamente... O que acontece? Na maioria das vezes, aquele que sai da faculdade tem o olhar voltado para a especialidade, sem antes a formação geral. Que, no final, torna-se uma especialidade altamente complexa, com uma visão geral de tudo. É saber localizar, identificar determinado agravo à saúde, e a partir daí orientar, e encaminhar o tratamento quando necessário. Só então vai para o especialista, às vezes, para complementar aquilo que você, clínico geral, está fazendo.
RW: A sua área tem a ver com doenças tropicais, questão de animais peçonhentos e coisas assim?
Dr. Anderson: Depende da região que o clínico geral está atuando, faz-se a estratégia de saúde da família. Se ele está atendendo numa localidade, digamos, Tocantins. Verificando na região quais são as doenças que são endêmicas ali.
RW: Estivemos no Instituto Vital Brasil de Tanguá. Vimos o risco que há (e as pessoas nem imaginam!). O risco é constante de aranhas, até da "Viúva-Negra", ao pisar nas relvas que ficam na orla marítima. E a picada desta aranha é fatal. Isto está dentro do estudo da medicina do qual o senhor abrange?
Dr. Anderson: Tem a medicina tropical, toxicologia.
RW: Certo...
Dr. Anderson: Mas a estratégia de saúde da família, medicina de família, dá abrangência geral na determinada área geográfica em que há, sob sua responsabilidade e da equipe, toda a orientação. Atenção básica na prevenção e quanto aos agravos que possam ocorrer, ficam monitorados pela equipe. E assim tem que se capacitar para tal, as doenças que são endêmicas daquele local, as zoonozes.
RW: Sim.
Dr. Anderson: E o médico tem que estar apto. Por exemplo, em determina área, há grande incidência de pontos. Já tem que estar atento a determinados problemas, às doenças e agravos que são transmitidos por aqueles animais! Se o médico esta atuando numa área perto de Estaleiro. Aqueles trabalhadores trabalham com jateamento de areia, para pôr a tinta, então eles detectam, inalam, há as silicoses, que atingem o pulmão. São as doenças profissionais. E o clínico tem que estar atuante, tem que saber identificar para conduzir o tratamento adequado. Então, o que acontece? Nós estamos conversando aqui e já passamos por uma série de especialidades.
RW: Sim.
Dr. Anderson: Em que a Medicina interna, tem-se que ter o conhecimento geral. E o clínico geral é aquele que fez a Residência, com a especialidade de Medicina interna. Assim, a Clínica Médica é uma especialidade altamente complexa pois estuda o básico de todas as outras.
MW: E como é que o senhor descobriu que gostava de estudar tanto assim?
Dr. Anderson: Eu sempre gostei de estudar. Eu leio muito.
RW: A nova geração tem que gostar muito de ler. Como é que o senhor mantém o pique motivacional e de energia diante de tantos compromissos.
Dr. Anderson: Só tem uma explicação: Deus! Eu peço todo dia para Deus me dar saúde, discernimento e paz. Dando isso, pode correr atrás dos seus ideais, vai dar certo! Às vezes a luta assemelha-se ao ditado "Mato um leão por dia", mas tem que continuar a luta.
RW: E como estão os seus estudos de teologia?
Dr. Anderson: Agora está faltando menos de um ano para completar. Mas penso que é só o início de uma jornada. Acabar o curso de Teologia é o início desta busca. É cada coisa no "tempo de Deus". Sempre dá vontade de aprender mais e mais e mais. Porque Deus é amor.
RW: Sem dúvida.
Dr. Anderson: Deus é amor... Cristo "colocou" o quê? Só nos deu dois conceitos: amar a Deus, amar a Deus acima de qualquer coisa. E amar a teu irmão quanto a ti mesmo. Colocou o amor acima de qualquer coisa. O Ágape. Isto foi a grande questão que me impressionou desde que comecei estes estudos. E hoje em dia eu sei o que quer dizer esta paz que Cristo diz.
RW: Impressionante. Esse seu conhecimento coordena com o pensamento que estive falando na FACITE com eles. No meu modo de pensar, o sentido da vida é o amor. Acredito que a vida tem que ser norteada, não pelo conceito de dinheiro (dinheiro é uma consequência), a vida tem que ser norteada pelo sentimento de amor.
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