Engenheiro Florestal Werter Valentim de Moraes em entrevista exclusiva ao Jornalista Reinaldo Wolff
Compenetrado,
cônscio da necessidade de intensificar o Empreendedorismo no Turismo Rural em
todo o Brasil. Busca, determinado, trazer soluções para que as pessoas possam
valorar e valorizar as condições naturais. Desenvolvendo um apreço e um
conceito certo de preços no Turismo Rural. Ministra cursos, como o que se passou
na 87ª Semana do Fazendeiro, com grande sucesso. Ele nos recebe em sua casa em
Viçosa.
RW: Vejo que
você fez uma casa toda reciclada, ficou rústico e bonito.
MW: Parente
do professor?
Rodrigo: Amigo.
Werter: Vamos
gravar aqui fora – podemos começar aqui e depois vamos à casa toda.
Reinaldo
senta-se à frente do professor e diz: Hoje a Equipe Wolff conversando com o
professor – uma pessoa de grandes qualidades, e é Engenheiro florestal.
Werter: Isso!
RW: Ele
apresentou o curso de Turismo Rural – em que foi participante minha irmã Martha
Wolff. É um prazer estar aqui entrevistando hoje com o Professor Werter Valentim
Moraes. Como é que surgiu a ideia de fazer o curso de Engenharia Florestal?
E vir morar numa região tão bonita? Como é que se deu o seu destino, desta
forma?
(Um leve pigarro traz uma pequeníssima pausa – mas o suficiente para a memória
“voar” em busca dessa lembrança que chega e faz reavivar o brilho dos olhos. E
a voz cristalina, embala o ouvinte no som ritmado que vem junto com o relato de
sua história de vida).
Werter: Foi
na década de 80 que se deu a minha graduação. Eu queria um curso na área
ambiental, e... como sou próximo a Viçosa, escolhi vir para Viçosa, porque aqui
tinha opção de vários cursos na área de Agrárias.
RW: Certo.
(Um pássaro
gorjeia nas ramadas das árvores – a voz do professor tem uma sintonia de som
quase que hipnótica. Ele prossegue as lembranças do começo dos seus estudos).
Werter: Na
época, o curso que eu mais me identifiquei foi a Engenharia Florestal. Eu tinha
outras opções, como por exemplo: Agronomia... E como também: a Biologia. Mas na
época em que eu entrei, o curso de Engenharia Florestal é o que dava mais subsídios
para trabalhar com relação à conservação e preservação da natureza. A Agronomia
estava muito voltada à questão alimentar, e a Biologia estava muito ligada somente
à questão de pesquisas de Ensino Básico e Licenciatura... então eu me defini
pela Engenharia Florestal.
RW: E você
se dedica à área de pesquisa?
Ele: Não da
área de Engenharia Florestal. Porque eu me dedico na área de Turismo...
Ecoturismo... Turismo Rural... Turismo de base comunitária. Eu faço parte de
dois grupos de pesquisa aqui da Universidade. Sendo que tudo se relaciona diretamente
à questão da pesquisa.
(Para melhor
efeito ao tema, os canarinhos cantam embalando a tarde com os cantos suaves da
região. Eu que venho da Região Serrana do Estado do Rio, logo noto a diferença
dos sons).
RW: Quando
eu era garoto, havia muita preocupação relativo à preservação da natureza. Um
tema frequente também era os hippies – eles falavam muito sobre isso! Houve
alguma influência dos hippies?
Werter: Não!
Porque eu não cheguei a vivenciar o movimento hippie!
RW: Sim, mas
este movimento durou décadas, não é? Talvez haja uma remanescência de
influências.
Werter: Eu
não tive essa possibilidade de estar nesse envolvimento direto, não é? É porque
eu sou do interior! Eu sou da roça. Meus pais têm origem bem rural. Eu saí de
uma cidade bem pequenininha para vir para Viçosa. E eu queria retornar à
natureza, então o único motivo que eu tinha para retornar à natureza, é
estudando a natureza.
RW:
Professor, o que você sente que deve ser feito para mudança para melhor, tanto
na área de Turismo Rural – como na questão da Conservação da Natureza?
Werter: Nossa!
Existe muita coisa! (Um sorriso faz vislumbrar o ideal de um universo de
possibilidades). Nós estamos num país que tem muito “o que fazer”! Existe muito
no que trabalhar! E a gente precisa saber diferenciar, para começar a enxergar
as possibilidades. Precisa-se diferenciar duas palavrinhas, que eu sempre falo,
é a palavrinha “valorar”! E a segunda palavrinha “valorizar”!
(O gorjeio
de pássaros prossegue, é impossível ignorar. Faz “coro ao tema”, penso
convicta!).
Werter: Uma
palavrinha valorar – significa dar valor, não é? Valor financeiro, valor
monetário, todos sabem o significado.
RW: Sim,
quantificar o valor!
Werter: Sim,
e a palavrinha “valorizar”, que é aquela importância, aquele sentimento que a
gente tem, e que a gente dá à determinada coisa. A partir do momento que a
gente sabe diferenciar essas duas coisas tem que saber trabalhar essas duas
coisas, esses dois conceitos com a natureza, não é? Porque se eu dou valor, se
eu valorizo ela, ela tem valor, não é?
RW: Claro!
Ele: E se eu
valorizo – tem um preço. Não pode ser “vendida”, “comercializada”, por qualquer
preço...
RW: Certo...
Agora, professor, conte-nos - como é que foi sua infância na área rural?
Werter: Foi
muito parecida com isso daqui! (ele faz menção à sua volta) Eu morava numa
cidadezinha da Zona da Mata, em que meu pai tinha um quintal grande como esse!
Mais bem cuidado... Antigamente tinha mais facilidade em cuidar, tinha um
pomar... E eu tinha um cachorro grande. Não esse, não dessa raça, mas eu tinha
um cachorro grande, e...
RW: Esse é o
Dog Alemão. Mas, e aí – foi interessante ter vivido tudo isso, não é,
professor?
Werter: Eu
sempre falo isso – você vai na roça e você vê seus pais falando: “Você tem que
estudar, vai para a cidade porque você tem que estudar!” – “Tá, eu tenho que
estudar, todo mundo tem que estudar, mas quem é da roça tem que estudar coisas
para voltar para a roça!”. A roça está tão ruim que a pessoa pensa que quer
estudar para ser advogado, ser médico, nunca que ele pensa em ser um
engenheiro, um agrônomo, para voltar para a roça e ajudar o pai dele! Para
melhorar a vida, não é? É isso então, os valores estão completamente
diferentes! As pessoas ensinam... Não sabem viver na cidade grande, mas ensinam
ao filho para ele ir para a cidade grande: “Não, você vai estudar para você ser
alguém lá na cidade grande!”. Eu digo assim: ”Eu posso estudar para ser alguém
na cidade pequena!”
RW: Sim...
Houve alguém na família que lhe deu esse incentivo? Alguém que já tenha sido um
agrônomo, ou alguém assim, neste aspecto?
Werter: Não!
Isso foi tudo da vida, não é?
RW: Mais uma
pergunta, não acha que estaria faltando, na área de Turismo Rural – um
incentivo maior para as artes? Porque a arte não seria um motivo de incentivo
de visitação?
Werter: Hoje
em dia nós estamos tentando desenvolver o “Turismo de Experiência”, “Turismo de
Vivência” – é você ir numa determinada região, de fato. Experimentar, por
exemplo, como é que se faz um vaso de barro, como é que se trabalha a cerâmica!
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