Professor Marco Antônio da Silva em entrevista exclusiva à Equipe Wolff
Dentro de cada um de nós, temos na alma, uma espécie de
piloto que nos guia ao longo da vida. Assim, temos a questão da vocação e o
esforço de ser professor em uma das matérias mais complexas da atualidade que é
o Direito.
Veja a seguir a entrevista do Professor Marco Antônio da Silva.
Veja a seguir a entrevista do Professor Marco Antônio da Silva.
Reinaldo Wolff: Como convive com a rotina e as constantes
propostas feitas pela sociedade atual (em termos jurídicos) de mudanças e
dentro dos novos temas? Como o senhor encara o dia a dia, as rotinas e as
propostas de mudanças da área jurídica? Por exemplo, houve uma série de
mudanças de 10 anos para cá, não é?
Professor Marco Antônio da Silva: A sociedade muda
constantemente – infelizmente a nossa lei não acompanha essa evolução da
sociedade. Eu percebo que a lei está ainda muito desatualizada. É muito difícil
antecipar os fatos sociais, mas temos que buscar uma resposta de imediato. A
mudança tem que ser rápida. A formalidade de editar leis não pode ser tão
atrasada a ponto de você acabar de editar uma lei, tem que já estar preparando
outra... porque a sociedade já mudou!
RW: O que pode ser feito para agilizar isso?
Professor Marco: É pedir aos políticos para agilizar, não é?
Na edição das provas – que eles trabalhem um pouco mais – e que haja aí um
estudo sobre a evolução social.
RW: O senhor não acha que o político, sendo um leigo em
direito, cause uma dificuldade em legislar?
Professor Marco: É... mas faz parte da democracia.
Democracia é isso – é você ter lá, representando o povo, pessoas de todos os
níveis. A maior demonstração de democracia é justamente isso – não é só aquele
que é o estudioso, o “letrado”, que cuida... É logico, eles tem que ter
assistentes, assessores com capacidade suficiente para orientá-los naquela
matéria e sobre a legalidade do ato.
RW: Há o exemplo do Colégio Francês de Legislatura – são
pessoas de altíssimo nível e causando sempre o mínimo atrito social, não é? O
que o senhor acha sobre isso?
Professor Marco: É muito interessante buscar em outros
países, outros estados, soluções que deram resultado. Lógico que aqui a gente
tem que adaptar. Nosso país é diferente, nossa sociedade é diferente do povo lá
de fora – clima diferente, tudo diferente. Então tem que buscar? Tem. O que deu
certo lá fora pode dar certo aqui dentro. Mas tem que tentar trazer para a
nossa realidade. É buscar esse resultado que foi bem perfeito lá fora,
adaptando ao nosso povo, ao nosso clima, às nossas tradições.
RW: Professor, quando o senhor percebeu seu talento
jurídico? Quando percebeu a sua vocação?
Professor Marco: Na realidade sempre fui apaixonado pelo
Direito. Até mesmo antes da Faculdade, eu já gostava muito do Direito. Quando
comecei a estudar, percebi que depende só de nós. Você não depende de outras
pessoas para alcançar um certo conhecimento jurídico... Depende só de nós!
Estudar e se dedicar. Tudo aquilo que você faz com amor, e prazer de realizar –
você se destaca sobre isto.
RW: O ideal se torna realidade, não é isso?
Professor Marco: Exatamente!
RW: Professor, como foi a experiência de ser Assessor do
Governador do Estado do Rio de Janeiro?
Professor Marco: Olha, é uma experiência muito boa eu
trabalhar no Governo do Estado como Assessor Especial. Eu estou praticamente há
13 anos trabalhando como Assessor Especial. É um cargo comissionado. Mas é
muito gratificante, e hoje eu estou lotado no Procon. E me dá oportunidade de
fazer alguma coisa pela nossa sociedade.
RW: E os riscos aumentam também?
Professor Marco: Eu não vou dizer que os riscos aumentam. É
você que tem o risco! O risco é quando não se sabe trabalhar direito, quando
você leva para o lado pessoal. Quando você age de forma impessoal, eu acho que
todos compreendem que você está fazendo o seu trabalho.
RW: O que o senhor sente que seria o ideal para um
profissional da área jurídica? Uma cidade grande como Rio, São Paulo – ou o
senhor pensa que para aqueles que estão começando, uma cidade do interior
influi de alguma forma no início da carreira?
Professor Marco: Olha, você tem espaço em todos os lugares,
mas para se destacar você tem que ser bom. Tem que saber o que faz. O cara que
é bom no que faz, vai sempre ter espaço em qualquer lugar.
RW: Geralmente as especialidades estão nas capitais, não é?
Professor Marco: É. Geralmente as capitais que dão maior
oportunidade para o profissional.
RW: Professor, como foi o sentimento do Poder em sua vida?
Professor Marco: Eu não posso nem dizer de Poder, porque eu
nunca me senti um Poderoso. Eu me sinto um cidadão comum, eu me sinto uma
pessoa que o que eu gosto, tento fazer bem. E apesar de exercer o Poder de
Polícia da Administração Pública, no que eu faço no Estado, eu não me sinto
poderoso. Eu me sinto uma peça de todo o sistema do Estado. E tento colaborar o
melhor possível. Mas eu não me sinto esse “Poder”. Eu não sinto assim... Porque
o “Poder” é passageiro!
RW: É efêmero, não é verdade? Não por qeustões de enaltecer
em demasia, mas porque é bíblico o conceito – “Junta-te aos bons e serás um
deles”.
Professor Marco: É verdade!
RW: O senhor exatamente neste núcleo governamental esteve
junto ao poder, de uma forma ou de outra.
Professor Marco: É. Eu estive sim. Estive junto ao Poder,
apesar de com isso eu não me sentir “Poderoso”. É, porque você conhece o
poderoso, tem acesso ao poderoso. Mas você não pode perder a essencia do ser
humano, que é a humildade, não é? E que “Deus ajuda aos humildes”.
RW: Exatamente, professor. Esse é um ponto que observo ao
longo da minha vida. Na medida que as pessoas se destacam, em algumas a
“empáfia” surge. Então, eu considero assim – a pessoa que mantém nos seus sentimentos
um coração humilde, aonde essa pessoa vai, tem sempre amigos. Essa é a grande
diferença!
Professor Marco: É verdade! Eu ouvi uma vez de um mestre
oriental – “Quando a pessoa é muito orgulhosa, é comparável ao arroz. Quando o
arroz está cru, é endurecido. Com o tempo, cozido, ele amolece. O ser humano,
no início ele se sente (que deram o Poder a ele) igual a um arroz cru. Vem o
conhecimento, esta pessoa se torna mais simples, mais cordato, menos
arrogante”.
RW: O que foi mais marcante em sua trajetória de vida
profissional até aqui?
Professor Marco: Na realidade, meu trajeto de vida sempre
foi de muito trabalho. Nunca tive facilidades. Tudo que eu obtive, sempre
através de muito esforço, muitas dificuldades. Mas eu consegui! Então eu digo –
você pode alcançar? Pode. Os livros mudam a vida de qualquer pessoa. Eu me
destaquei mais quando eu comecei a me dedicar aos estudos! Comecei a querer
crescer como ser humano, como pessoa. Aí que eu comecei realmente a ascender na
minha carreira profissional.
RW: É tão importante para as pessoas despertarem essa
consciência da graduação que dá a ascensão social, na verdade é isso, não é
professor?
Professor Marco: Quando você faz bem feito determinada
coisa, principalmente na área do Direito, te dá uma progressão social muito
grande. As pessoas te olham com mais respeito, e na verdade a nossa sociedade é
assim – você é muito visto por quem você, o que você faz. Mas você não pode
esquecer o seu lado interno. Não pode esquecer a sua filosofia de vida. E não
pode esquecer as coisas éticas.
RW: Como foi o apoio da família no início da carreira e dos
estudos?
Professor Marco: Minha mãe sempre me apoiou muito, mas eu
sempre fui muito sozinho. Quando comecei a faculdade, eu já estava morando sozinho. Quem me ajudou muito
foi a minha mãe, graças a Deus, e meus amigos sempre me apoiaram muito. Até porque
no começo eu sempre tive dificuldade financeira, aí alguns amigos me
emprestavam dinheiro para comprar uns livros... Um dos donos aqui da
Universidade Salgado de Oliveira, o Wallace, que é um amigo também, me deu um
desconto muito bom, chegou a me dar uma bolsa aqui na universidade. Então
graças ao apoio dos meus amigos e da minha família, eu cheguei onde
cheguei.
RW: De fato é muito importante a amizade. Pra mim, ela vale
mais do que dinheiro.
Professor Marco: É lógico. Tem coisas que o dinheiro não
compra. E você só faz bons amigos quando você é uma pessoa boa.
RW: Professor, eu gostaria que o senhor fizesse um pequeno
relato do seu perfil – dos cursos, MBAs...
Professor Marco: Na verdade, eu tenho quatro pós-graduações.
Sou formado em Direito. Quatro pós-graduações na área de Direito Consumidor,
Responsabilidade Civil, Responsabilidade Penal,
e Direito Penal. E tenho uns cursos de Responsabilidade do Estado. Estou
fazendo um pós-doutorado na Argentina, e infelizmente eu tive que trancar a
matrícula, mas pretendo voltar para terminar o Doutorado. E além disso eu gosto
muito de esportes. Eu faço luta desde os 9 anos de idade e acho que foi uma
coisa que me ajudou muito na carreira profissional. Sou faixa preta de Muay
Thai, faixa preta de Kick Boxing, taekwondo, jiu-jitsu e luta livre. Treinei
vários atletas pro campeonato de MMA, ultimate fight. Eu fui convidado para
estar 7 de março na Itália, para dar um seminário de MMA.
RW: E o senhor se relaciona bem com o pessoal da área
acadêmica e também da área esportiva?
Professor Marco: Sim! Eu sempre me dei muito bem em qualquer
área. Porque se você como ser humano vê a outra pessoa, independente de quem
ela seja, como um ser humano, uma pessoa igual a você – você vai se dar bem com
todo mundo.
RW: Que mensagem de vida o senhor dá para os nossos
leitores?
Professor Marco: A mensagem de vida que eu posso dar é –
seja uma pessoa boa. Tente fazer o que é certo. Jesus disse – “Não faça com as
outras pessoas, o que não quer que façam contigo”.
RW: Parabéns! Muito obrigado pela entrevista. A Equipe Wolff
agradece.
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