Dairel Hoskem Portes apresentando no estande da feira da Semana do Fazendeiro, modernas portas de madeira maciça - Viçosa MG
A saga do empreendedor que é hoje empresário brasileiro de sucesso.
Entrevista exclusiva à Equipe Wolff
Vamos conversar um pouquinho:
Reinaldo Wolff: Como é o nome do senhor?
Dairel.
RW: É um nome diferente!
É, Dairel Hoskem Portes - é o nome de minha família .
RW: É um nome hebraico?
Ele chama o filho que se aproxima, e aquele sotaque mineiro aparece logo nas primeiras palavras.
RW: E como surgiu este talento? Foi de uma forma natural, ou o instigaram a fazer? Como é que surgiu isto?
O rapaz sorri, espontâneo e o entusiasmo transparece ao dizer: Justamente, me instigaram a fazer. O que aconteceu foi o seguinte - teve um rapaz que me falou "Ah, tem 40 anos que faço essa porta!". Eu falei para meu pai "Vou fazer também!". E aos poucos fui observando, estudando. "Cabou" que a porta "saiu". Depois fui aprimorando a técnica, o manejo para os detalhes, fui de leve dando os acertos.
Meu pai tinha comprado essa porta do fornecedor e eu questionei o marceneiro - porque a porta apresentava alguns detalhes inacabados, e ele me retrucou - "Ah, já tem 40 anos que eu faço portas, não tem erro nenhum. Eu falei então ao meu pai "Eu vou fazer uma porta assim. Se ele levou 40 anos para entregar um produto desses, impossível que eu não faça uma assim, até melhor do que esta que ele fez para o senhor". Aí "cabou" que eu fiz. As primeiras que eu fiz estão lá na madeireira de lembrança deste momento inicial. Depois aperfeiçoei cada vez mais, até chegar neste produto que estamos mostrando aqui no estande, com alta qualidade de acabamento.
RW: Como é que você faz quanto à certificação ambiental para prova de origem de madeira? Para que o seu produto tenha garantia quanto à procedência da madeira.
Dairel Hoskem: Ah, tem nota fiscal.
RW: Sim, mas há um controle dado pelo IBAMA.
Dairel Hoskem: Tem! A madeira para chegar em nossa madeireira tem que ter o aceite do IBAMA.
RW: Isso é interessante que seja posto visível ao público-leitor. Porque várias pessoas estão com a preocupação ambiental. Para que esteja tudo conforme.
Dairel Hoskem: Quando vai cortar a árvore, já tem uma plaquinha para colocar que "esta já está madura", "esta pode cortar". E ao redor do círculo tem que ficar 4, da mesma espécie! O controle é muito bem feito. Certinho mesmo! É no Estado do Amapá.
RW: Interessante é ver a satisfação do cliente. Como é que você consegue perceber a falta de um pequeno detalhe? Por exemplo, nós estamos hoje aqui em Viçosa e a agência Ford nos telefona lá de Niterói - RJ - preocupados com um pequeno ponto que tem numa porta do carro - para dar essa garantia! Vocês fazem isso também com o cliente de vocês? O atendimento pós-venda?
Dairel Hoskem: A gente preocupa mais é "antes", a sobra de madeira se está seca. Se ela está "bicada", se depois de 7 meses está bicando a gente corta a madeira, acerta. E a gente espera mais 2 meses. Tem que ter certeza que a madeira está seca.
RW: Para ela não empenar, não é verdade?
Dairel Hoskem: Tem que ter certeza, e realmente não acontece nada de problemas, depois da porta instalada. Porque antes, a madeira tem que secar na estufa.
Filho: Há uma secagem na estufa, por 4 meses.
RW: Como funciona isso?
Dairel Hoskem: Até chegar naquela medida exata, não é? Quando já sabe que se chegou na medida exata - a gente desliga a estufa.
RW: E o senhor, como pai, como se sente tendo como colaborador um filho com essa vontade de empreender? Como o senhor se sente sobre isto?
Dairel Hoskem: Com ele? Nossa Senhora! Isso nem se discute! Isso aí é...
RW: Orgulho de todo pai?
Dairel Hoskem: Dele... não tem o que falar dele, em orgulho... É mais do que você imagina. Porque ele não faz só a parte empresarial - ele estuda enfermagem.
Filho: Faço a Faculdade de Enfermagem aqui na UFV. Estou no 6º período.
Dairel Hoskem: Assim o horário dele é fechado. Não tem tempo para nada! Mas a minha ligação com ele, pai e filho... Nossa! É assim muito perfeito! Não tem problema nenhum!
RW: Você está com que idade?
Dairel Hoskem: 21 anos. Vou fazendo 22 agora...
RW: Quando?
Filho: Amanhã! (sorrisos)
MW: Ah, que bom! Parabéns!
Dairel Hoskem: Mas não é só isso que ele faz, não. Ele realmente tem uma cabeça de fazer as coisas!
RW: Vocês são aqui de Viçosa mesmo?
Dairel Hoskem: Somos sim, daqui dessa região.
RW: Gostaríamos de fazer perguntas sobre sua ida aos Estados Unidos. Como foi sua experiência de vida, nos Estados Unidos?
Em frente, um estande demonstra o potencial de uma serra elétrica. Serrando toras enorme de madeira. Receio que o ruído possa atrapalhar a gravação - e isso nos aguardar, respirar fundo - e ele começa a meditar.
Dairel Hoskem: É o que eu acho que nós aqui no Brasil temos que aprender.
Mas de novo pensando na organização de um país que encontrou no exterior ele rememora:
RW: Uma pergunta bem importante para os leitores saberem é o seguinte - como é que o senhor fez em questão da restrição que os Estados Unidos faz em relação a certas cidades de MinasGerais - ao mineiro! Há muita imigração mineira para os Estados Unidos. Então eles já viram um certo embargo só pelo fato de ser mineiro... como é que o senhor conseguiu?
Dairel Hoskem: Ah! Quando eu cheguei nos Estados Unidos... eu queria ir para lá, mas não queria ir como estudante, eu não queria nada disso. Eu sabia que no começo ia ser duro mesmo, ia "sofrer na pele", mas eu queria ir para trabalhar. Eu fiz desse jeito. Eu conheço os Estados Unidos todo, de carro! Era só telefonar e marcar "tem serviço?" - "Tem!". Então eu realmente conheço os Estados Unidos inteirinho. Desde lá de cima, de Massachussets, Vermont, Maine, Longe Island, Pelsilvânia, Nova York, Deltaware, Carolina do Sul e do Norte, Alabama, Mississipi, Tenessee, tudo eu trabalhei! Trabalhei duro mesmo! Mas eu queria fazer isto. E o americano é honesto, é trabalhador honesto.
RW: O senhor teve que reunir verba para ir, ou teve apoio de familiar?
Dairel Hoskem: Era dinheiro meu mesmo. Esforço meu.
Mas nos Estados Unidos o duro de sofrer... é o frio! Muito frio. Você olha a paisagem, é tudo branco. Você lá - é só trabalho, só frio! E trabalho!
Dairel Hoskem: Engraçado, o americano é muito honesto com as coisas dele, eu realmente enquanto fiquei lá, não tive problema nenhum com o americano. São muito honestos, eles tem calor humano sim, eu realmente achei eles todos muito honestos. Tudo muito claro, tudo que é seu eles pagam direitinho. Eles te agradecem todo dia. "Obrigado por vir trabalhar". E todo mundo é igual. Imagine uma menina que estava lá trabalhando, eu cortava grama. A menina loira, muito linda, estudante de medicina em Harvard, e cortava grama, como eu! Trabalhava na equipe junto comigo. Isso que brasileiro tem que aprender. Ser mais simples. Tudo mais simples. E tem que trabalhar - não tem muita coisa - tem é muito trabalho, é trabalho! Não tem nada fácil.
Dairel Hoskem: Eu falo um detalhe, viu? A cabeça da gente é tudo! Pode acreditar - a gente é muito mais do que a gente imagina! A gente tem capacidade de fazer muito mais coisas do que a gente imagina!Mas muito mais. Nós fazemos quase nada - somos mais capaz do que podemos imaginar!
RW: Que coisa, que coragem!
Dairel Hoskem: Mas eu levei quase dois meses para chegar lá! Eu fui daqui para o México, fui para a fronteira Tihuana, fiz 6 km a pé, correndo. Quando eu cheguei em Los Angeles é que eu peguei um ônibus. Até lembro, eu dentro do ônibus da Greenhouse, eu vi uma menina despedindo-se da mãe - e ela chorando - "Ah! Minha filha você vai para a Universidade estudar", e a mãe chorando... Eu falei pra mim mesmo: "Gente! Eu estou vindo do Brasil, País de 3º mundo, atrasado, nem sei para onde eu vou, nem mãe eu tenho, e nem pai! Agora estou vendo aquela mãe chorando com aquela filha chorando também, não sabe de nada da minha situação."
MW: A vida é mesmo muito estranha!
RW: O tempo todo deve ter tido um apego muito forte com Deus!
Dairel Hoskem: Tenho mesmo muita fé!
RW: E a força interior para mover o senhor adiante.
Dairel Hoskem: E tem que ter muito controle pessoal!
RW: Porque é um desafio muito grande?
Dairel Hoskem: Isso mesmo - um desafio muito grande.
MW: E a ideia da empresa, o senhor teve essa ideia quando veio para o Brasil?
Dairel Hoskem: Sim, depois que cheguei aqui no nosso país.
MW: E como surgiu essa ideia de fazer a porta?
Dairel Hoskem: Realmente, da madeira, para aí pensar em fazer porta, é aí que a coisa foi mudando, não é meu filho? Porque eu comecei primeiro com a ideia da madeira. Meu irmão mora no Amapá. Ele é dentista. E lá é região de madeira. Aí falei com ele: "Ah! vamos montar uma madeireira?" A ideia foi minha! Mas ele é dentista - que há muito tempo... Eu paguei para ele estudar - eu que paguei! Então foi uma troca, de um com o outro. Agora ele é que me ajuda a compor a empresa. Mas aí chegou para cá, vi que só a madeira, em si, não era um bom negócio. Muito trabalhoso, e não tinha como se manter, só com o negócio da madeira. Aí começamos com a porta pivotante, está em moda. Trabalhar a madeira é que dá mais lucro, mais fácil a pessoa chegar a ter alguma coisa. Porque só a madeira... Não chega a lugar nenhum!
MW: E como é que chegaram no modelo de porta, assim moderno?
Dairel Hoskem: Nós fomos com a ideia da cabeça da gente, mesmo! Aquela ali que é de inox por exemplo, eu pensava aqui na minha cabeça - é, vou por chapa de inox! Comprei, fomos estudando o melhor modelo - aí começamos. Imaginei a porta toda pretinha com a chapa de inox no meio, bonito! A gente faz a porta de madeira maciça, não é aquela que vem de compensado, que termina fácil. Essa nossa porta é sólida. É boa!
Ele respira fundo e relembra:
Mas nos Estados Unidos o duro de sofrer... é o frio! Muito frio. Você olha a paisagem, é tudo branco. Você lá - é só trabalho, só frio! E trabalho!
RW: E em matéria de "calor humano"? Como o senhor sentiu essa questão nos Estados Unidos?
RW: E que mensagem o senhor passa aos nossos leitores como mensagem de vida?
RW: Saber aproveitar sua real potencialidade - seria esta a sua mensagem?
Dairel Hoskem: É, eu acho que a pessoa tem condição de fazer muito mais do que imagina.
RW: E na sua opinião como é que se desperta isto?
Dairel Hoskem: Eu vejo que já fiz muitas coisas na minha vida e mudei, para trabalhar com vários tipos de coisas. E mudei a minha vida várias vezes.
RW: E o que faz acontecer isto - coragem?
Dairel Hoskem: Coragem, sim. E saber dentro da própria pessoa o que vai fazer!
RW: Nós agradecemos em nome da Equipe Wolff, a sua entrevista.
Dairel Hoskem: Obrigado!
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