Pró-Reitor Manuel Esteves em entrevista exclusiva ao Jornalista Reinaldo Wolff
Projeto Você É Muito Importante Para Nós ©
E o que a Universidade propõe para esse período, de novos alunos, e para o ano que vem? Qual seria sua opinião?
Tem pessoas para serem atendidas e cada um tem os seus problemas. Um vai ser porque tem um terreno, tem uma casa, e não é dono daquilo porque é usucapião. Tem também o caso de uma pessoa que disse que teve filho com o fulano e este não quer admitir. Assim, tem que se fazer exame de DNA e descobrir a paternidade. Passando-se por tudo isso o que acontece? Você vai “praticando”.
O meu trabalho como Pró-Reitor de Extensão é determinar as políticas que sejam usadas onde tiver cursos da Universo. Nós estamos em Niterói, mas eu não sou só de Niterói, sou de Niterói, de São Gonçalo, de Campos, de Goiânia, de Recife, sou de todas as unidades. Na realidade tenho que traçar as políticas, em cada local tenho uma pessoa responsável, aqui em Niterói é o Celso Serafim, que é responsável pela Extensão. Então, eu traço a política, as disciplinas, muitas delas as que são mais eminentemente práticas terão que ter projetos, aí os alunos vão desenvolver estes projetos na comunidade.
RW: Isto está de acordo com princípio indiano, em que só
se aprende quando a teoria é associada à prática?
Manuel Esteves: Perfeito, por isso tem que ter a
Faculdade, ela não se sustenta se não tiver isso. Eu digo para os meus alunos o
seguinte “Do que adianta você aprender, se você não usa o que aprendeu para
ajudar os outros?”.
RW: Agora, com relação às
Públicas, a Universidade Federal de Viçosa, na verdade está de parabéns pela
iniciativa de reservar 50% das vagas para estudantes do ensino público, o
senhor concorda?
RW: Agora, professor, como manter
diante das dificuldades, muitas vezes inclusive financeira? Porque muitas
pessoas vêm no intuito de começar e não dão conclusão. E a Universidade tem uma
série de custos para fazer frente a isso... Porque a infraestrutura inteira é
montada - professores, alunos, funcionários, que têm compromissos. Como fazer
frente mantendo a renovação dos ideais?
RW: Há um limite.
abe, e às vezes até dizem "Ah, tá faltando isso e aquilo", mas está
faltando sabe por quê? Porque você vai ver que muito aluno aí não tem a
consciência, ele gasta, você vai num barzinho aqui no bairro durante a noite,
está tudo lotado! E são alunos nossos! E aquele aluno está gastando no bar! Mas
na hora de pagar a mensalidade aqui ele não paga! Então a inadimplência, às
vezes, vai a mais de 30%. Quem é que aguenta isso?
Imagina se alguém tem um comércio, e é assim nesses bares de inadimplência? Aí é difícil! Você já diminui o valor da bolsa para atender menos inadimplências. Dá certo. Já diminui. Mas aí você acaba pensando “Mas se eu não diminuísse, pagando 70%, era valor integral. Seria melhor.”. A intenção política, a gente tenta achar o meio termo, do que é melhor. Realmente, diminuindo a mensalidade o aluno tem melhor condição de pagar. E agora com o FIES... Se for à frente isso - sempre a gente fica assim com uma interrogação "será que vai à frente isso?". Agora mesmo parece que está um momento que não há o dinheiro para pagar os FIES...
Manuel Esteves: Perfeito, está falando bem mesmo.
Porque aí é o seguinte, a pessoa tem que arcar com isto e saber.
RW: A dificuldade do sistema, se
o senhor me permite dar uma opinião... Como aluno eu vejo aqui professores
muito dedicados, porém - a minha intenção não é criticar em nada - não é
interesse, ou ousadia, apenas sugerir que haja sempre e constantemente uma reciclagem,
para a Universidade poder observar de perto o que está havendo com cada um dos
professores. O que acha disto?
Manuel Esteves: Prefiro não entrar nesse mérito. Porque
neste caso tem-se um canal direto, que é o gestor do curso!
RW: Sim, sim.
Manuel Esteves: É através do gestor do curso que
o professor fica na Universidade, ou não. Ao final de cada semestre, toda a
Universidade tem alguma coisa que se fala ao professor - não digo uma
reciclagem, em relação ao curso dele, e em relação às coisas que estão
acontecendo com o curso dele. É assim que muda currículo do curso. Não muda só
porque o gestor do curso quer. Muda por quê? O mercado de trabalho está
exigindo mais daqui, do que dali, é isso tudo! Por isso que a gente muda! Se comparar hoje o fluxograma de disciplinas, é completamente diferente de dez
anos atrás! Agora quem dá essas condições do que ocorre é o aluno que vai
direto ao gestor. Tem um problema? É aluno/professor. E não resolveu? Gestor!
Eu costumo dizer ao aluno: ele não pode "guardar" as coisas que podem
ser feitas. Tem que ser o gestor! Ele que tem que ouvir - e se de repente a
sugestão é interessante, porque é justamente dessas interações, que acabam
muitas coisas mudando no curso. A gente sabe tem alunos e alunos. Você vê uma
turma de cinquenta, e eu digo alunos de verdade, talvez vinte, no máximo! E vão
ser esses que vão passar para a OAB - os bons alunos. Os outros não vão passar.
RW: E nem vão utilizar o curso
que fizeram. Eu tive colega na outra Universidade da qual provenho - e que eu
já encontrei formado, com diploma, tudo certinho. Eu perguntei, e aí? Está exercendo? Ele:
"Não, guardei o diploma!".
Por isso que a Extensão é fundamental. E por quê? Ele sai daqui, ele vai para a comunidade, e se ele é tímido, ele começa a se soltar! Vai ganhando a experiência e se humanizando. Isso é fundamental. Então o aluno tem que perceber que em sala de aula ele tem que aprender.
RW: É humildade que é necessário
para isso. O aluno que é arrogante, não aprende.
RW: A opinião do Sr. está de
acordo com a do Presidente da OAB/Niterói, o Dr. Antônio, o qual estive
entrevistando.
Manuel Esteves: Eu o conheço.
RW: É exatamente de acordo com a
opinião dele, na qual ele fala que a finalidade não é o aluno decorar, a
finalidade n
ão é de concurso público, a finalidade é advogar. Os alunos estudam só para fazer concurso, é quando entram na OAB tem que "advogar" – por isso tem que ser advogado! Se sabe decoreba, mas não sabe pensar como advogado, fica difícil! Por isso o bacharelando tem que desenvolver o raciocínio jurídico.
ão é de concurso público, a finalidade é advogar. Os alunos estudam só para fazer concurso, é quando entram na OAB tem que "advogar" – por isso tem que ser advogado! Se sabe decoreba, mas não sabe pensar como advogado, fica difícil! Por isso o bacharelando tem que desenvolver o raciocínio jurídico.
Manuel Esteves: Você tem que ter uma visão do
horizonte. Primeiro, que eu digo assim - nada é isolado. Quando aprende a
raciocinar, você raciocina para tudo, não é só na tua área, no teu curso.
RW: Professor vou lhe fazer uma sugestão.
Que tal fazer aos moldes das Universidades Americanas, que trazem sempre
escritores. E esses profissionais transmitem uma poderosa carga de vida ao
campus, de euforia, de entusiasmo para outras pessoas! Tanto para os
funcionários quanto alunos. E para palestrar eles trazem também pessoas da
comunidade, que se destacam.
Manuel Esteves: Você pode estar certo que aqui a
gente também faz isto! O que tem de palestra aqui, não é
pouco não!
RW: O que eu digo é também trazer
escritores.
Manuel Esteves: Nós fazemos assim. Temos o Setor
Cultural, por exemplo, o Corujão, entra atores, atrizes, escritores, todos os
tipos de cultura, fazemos isso!
Manuel Esteves: Aqui você vê - quase todos que
vêm ava
liar a Universo ficam encantados com o projeto Doe Livros, doar e também pegar.
liar a Universo ficam encantados com o projeto Doe Livros, doar e também pegar.
Manuel Esteves: Está bem. A ideia é isso, é a
maioria!
RW: O consenso. Agora, duas
perguntas fundamentais. Como o sr. chegou até aqui, a trajetória de sua vida, até
alcançar este ponto de Pró-Reitor? – que me refiro como o ápice de carreira. O
senhor falou que trabalhou muito desde garoto. E a 2ª pergunta - Que mensagem o
senhor dá aos nossos leitores?
Manuel Esteves: Na realidade é o seguinte... Eu
sempre fui muito observador. Acho que na vida, fala-se que o cientista é que
tem essa capacidade de observação. Eu penso que todo o ser humano, a primeira
fase que ele tem que desenvolver muito bem é a observação.
O método científico
é o que começa com observação. Depois vai para a fase de experimentar, levantar
uma hipótese até chegar a uma conclusão! E a vida da gente é assim. Com toda
certeza todos nós somos cientistas. Por quê? O que você estava me perguntando,
eu comecei a observar o seguinte... As pessoas chegavam na casa de minha mãe, e
tinha lá muitas plantas. Até que perguntaram "A senhora não quer vender
essa planta?". Minha mãe dizia "não", "não"... Até que
um dia falei "Mamãe, vende a planta! Vende que eu faço outra para a
senhora". Aí mamãe vendeu! Como se fosse hoje uns cem, cento e vinte
reais. Eu pensei "Isso dá dinheiro!" e comecei a cultivar antúrios,
violetas, begônias. E aí comecei a parceria. Veja como são as coisas... Lá
perto de casa tinha um senhor que tinha uma fábrica de vasos de plantas.
Eu
falei para mamãe "Vou falar com o Sr. Januário para levar as plantas para
mim. Em Barreto - Niterói. Às 4 ou 5 horas da manhã ele arrumava os vasos na
Feira de Neves. E eu ali colocava as plantas, perto dos vasos. Às 10 horas da
manhã eu não tinha mais planta para vender. O pessoal comprava os vasos e
comprava também as plantas, antúrios, violetas. Então o que eu fazia? Pensei -
preciso de uma terra boa. O que é uma terra boa? Uma terra preta, adubada. E
aonde que eu arranjo isso? Então ia lá, coletava, e fui desenvolvendo aquilo no
conceito da ecologia, essas plantas foram crescendo, cada vez vendendo mais. E
aí fui pensando em - como melhorar? Tudo que era ligado ao assunto, fui me
interessando, o que eu poderia utilizar. Até que aí cheguei aos dezesseis anos,
a um amigo do meu pai, eu falei "Afonso, faz um favor para mim, eu quero
arrumar um emprego". “Mas teu pai não quer”!". Eu falei "Não faz
mal, arranja que depois eu falo com ele sobre isto. Ele arranjou para mim a
oportunidade de trabalhar na 1001, aqui no Fonseca, nos ônibus. Eu com um mês,
isso não estou falando para me enaltecer, mas estou falando da importância de
ser leal, de ser honesto, isso tudo é importante. Isso é o que eu passo para
meus alunos. Aí eu recebia a conta dos cobradores e dos motoristas. Nunca
ninguém me ensinou, mas eu colocava as notas cara com cara, nota por nota,
todas elas em sequência. E nunca deu errado o meu caixa! Com menos de um mês na
firma o dono, um dos donos era Horácio Cortez... José Evangelista Cortez, José
Elias, que era meu pai. E aí o Horário me chamou para ser o secretário dele, e
eu não tinha nem dezoito anos. Isso foi em 1960 e alguns quebradinhos...
Com
menos de um mês de empresa eu fui trabalhar sendo o secretário dele. E isso já
provocou ciúmes, porque eu era novinho e tal. E eu tinha o que eles achavam que
era regalia, que era sair uma hora mais cedo para poder estudar. Mas não era
uma hora a menos. Porque eu começava a trabalhar antes dos outros. Eu começava
6 horas da manhã para sair 1 hora da tarde. Aí depois de um tempo o dono que já
gostava de mim, falou "Tá dando problema porque você sai à 1 hora...".
Eu disse “Não tem problema não”... eu posso pedir demissão". Ele disse
"Não, não é assim". Fui procurar no jornal e acabei arranjando um
emprego aqui pertinho, na autorizada da Simca Chambord. Então fui para esse
lugar para ganhar mais. Com 19 anos fui trabalhar no Rio. Fui lá para fazer uma
prova, só que isso tinha começado na segunda e eu cheguei na sexta feira. O
rapaz falou que já tinha acabado, e eu falei "Para não perder a viagem,
você faz o mesmo teste que fez com os outros, pelo menos eu ganho experiência".
Na terça-feira recebi o comunicado para ir lá na firma, porque o emprego era
meu. Passei a ser chefe de escritório da Eletromar no Rio! Meu caminho foi ser
assim, querendo sempre ser melhor. E aos 20 anos eu pensei "Eu vou ficar
pulando de galho em galho a vida toda?". Ainda novo já passei por tantos
empregos, não é? Mas graças a Deus sempre melhorando.
E pensei "Vou fazer
uma universidade, mas eu tenho que passar para uma Federal". O que eu fiz?
Fui trabalhando e reservando dinheiro. Até que eu pedi as contas em setembro. E
comecei a estudar direto. Estudava com um amigo meu. Quando ele ia estudar eu já
estava dormindo. Ele dormia, e eu estudava. Ele acordava, a gente estudava. E
aí ele passou para a Federal, eu passei para a Federal. E mesmo passando para a
Federal, eu tinha que trabalhar. E aí agora você vai entender o porquê desta
história. Para mostrar que foi justamente quando eu estava na UFF, alguém disse
assim "Tem uma escola em São Gonçalo precisando de um professor de
Ciências". Qual era essa escola? Colégio Dom Elder Câmera, que é o quê?
Deu origem à Universo. Eu fui professor de 5ª série, 7ª série, que só tinha até
a 7ª. No ano seguinte fui até a 8ª, porque passou a ter 8ª. No ano seguinte
passou a ter 1º ano do 2º grau, que é hoje o ensino médio. E aí quando chegou
no 3º ano, eu dava aula no 1º e no 2º grau. Aí a escola sempre com a ideia da
Marlene, com essa disponibilidade que ela tem, essa dinâmica que ela tem. Ela:
"Precisamos ter uma universidade em São Gonçalo e não tem. Vamos fazer uma
Faculdade!". Aí foi a Faculdade de Ciências e Letras. Então depois de um
tempo eu passei a ser professor, era novo.
Passei a ser professor da faculdade. Depois se transformou em Faculdades
Integradas de São Gonçalo. Passei a ser professor também. Depois passou a ser
Universo. Fui professor também. E aí, a universidade me deu todas as condições.
Por exemplo, quando fui para a faculdade, a professora Marlene falou assim
"Professor, o sr. tem que fazer uma pós-graduação" - "Professora,
eu adoraria, mas não tenho condições, não tenho dinheiro, não tenho pai rico,
não tenho nada, então trabalho para poder me manter, para comprar uns livros da
faculdade." - "Eu pago, e você vai estudar!". Ela pagou PUC para
mim! E eu fiz PUC, Pontifícia Universidade Católica. Eu fiz!
RW: Uma das mais caras!
RW: Diga-se de passagem, eu tenho
um profundo respeito pela Prof.ª Dr.ª Marlene, e por todos os senhores, de
verdade.
Manuel Esteves: E tem pessoas que às vezes
criticam e não sabem nem de uma história, dizem "O dinheiro vem de
onde?!". Tem gente que diz que o dinheiro vem da Universal, da Igreja. A
Universo não tem nada a ver com igrejas. Mas tem gente que fala que o dinheiro
vem do Governo. Não vem nada do governo.
RW: São as más línguas. Pessoas
invejosas.
Manuel Esteves: É, e não sabem que ela entra aqui
de manhã cedo e sai tarde da noite. Agora mesmo teve comissão segunda e terça.
Ela é a primeira a entrar e a última a sair. E ela já tem 78 anos. As pessoas
não sabem o quanto ela trabalha! Trabalha muito! E precisava? Eu diria a você
que não precisava... E, no entanto ela faz tudo isso.
RW: A nossa intenção não é
criticar, é apenas melhorar.
Manuel Esteves: Eu entendo. Por isso que eu
digo que por escrito sempre passa para o setor que eu acho que é interessante.
Então, só para finalizar, com isso tudo eu consegui chegar a Pró-Reitor. Tem a
Reitora e tem os Pró-Reitores. Hoje eu tenho 45 anos na instituição. É uma vida
toda! Então eu comecei com 20, 21 anos, e estou até hoje trabalhando aqui! Na
realidade, eu não quero dizer para o aluno, o que eu digo para qualquer pessoa.
É realmente ter uma condição de tratar bem as pessoas, de se preparar para o
mercado de trabalho. E ser humano com todo mundo. Isto é que é importante. Seja
em qualquer profissão, é você ter competência e ter habilidade. Se você
consegue aliar essas duas coisas, você vai conseguir ter sucesso. Então ter
sucesso numa profissão, ao meu modo de ver, é aquela que traz felicidade para
você, felicidade para o entorno onde você está atuando. Então para mim, não
adianta eu ser feliz se eu não faço o meu colega ser feliz. Então eu passo isso
para todos vocês aqui na escola e fora daqui. Aonde eu lidar, eu tento fazer
isto. É tratar todo mundo com respeito para poder ser respeitado. Isto que eu acho que é importante. A mensagem é essa. É tratar o outro de forma como você gostaria de ser
tratado. Eu digo o seguinte, a pessoa tem que ter esta consciência.
Manuel Esteves: Você tem que ter Deus dentro de
você, mesmo que não saiba que Ele está dentro de você. Mas Deus está atuando em
você, através do que você fala, do que age, mesmo sem saber. Então tem uma ex-cunhada
que fala para mim o seguinte "Você não está na Igreja todos os dias, mas
às vezes age melhor e entende melhor a natureza humana do que as pessoas que
vão lá". Se você é bom no seu trabalho, se executa ele bem, se você usa
para ajudar os outros, o que é isso? O que Deus fala? É justamente isso.
Manuel Esteves: Concordo plenamente! Então na
realidade não precisa achar que tem Deus-
Comentários
Postar um comentário