Dr. Adolvani Lassance Soares em entrevista exclusiva ao Jornalista Reinaldo Wolff

Descubra aqui o surpreendente relato da missão da vida de um médico



Sempre que olhar para o Dr. Adolvani vou sentir de novo a gratidão - ele salvou diversas pessoas queridas em momentos súbitos de perigo. Alguém quando salva sua vida, torna-se quase um parente na afinidade, concorda? É um elo profundo que se cria, neste emaranhado complexo que é a teia da vida. Como uma pessoa extremamente atarefada, fez-se prolongar a chegada deste momento de entrevista. Mas ele nos recebe como amigos. E nos sentimos contentes. Ele inicia já motivado a contar a sua história, e logo percebemos porquê. 


Apresentamos a vocês o nosso convidado de honra ao Projeto "Você É Muito Importante Para Nós": Dr. Adolvani Lassance Soares.


Dr. Adolvani: Você quer que eu faça a entrevista do meu histórico de vida, é isso?
RW: Sim, sim. A entrevista tem um cunho humanístico.
Dr. Adolvani: Ah! Sobre meu nascimento, minha origem, essas coisas?
RW: Primeiramente é um prazer estarmos aqui na companhia do médico Adolvani Lassance Soares. Vamos então conversar sobre o que o senhor quer, iniciar sua entrevista com o que o senhor gostaria de falar - sobre o seu histórico de vida.
Dr. Adolvani: Eu nasci no Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, na pequena cidade de Itaocara. A minha história começou em Itaocara, quando a minha futura mãe, filha de um juiz, Aquilles Lassance. Ela conheceu meu pai, um latifundiário, e casaram... E aí começou a minha história. Eu tenho um detalhe muito importante a citar e que são poucas pessoas que sabem disso – eu tinha 3 anos de idade, na fazenda do meu pai, tomei um copo de soda cáustica...
RW: Ãn?
Dr. Adolvani: Naturalmente, há 63 anos atrás, era medicina muito obsoleta, arcaica – muito sem recursos! Como eu era o neto de um juiz, uma figura importante na cidade, correram comigo até Campos dos Goytacazes, depois vieram de teco-teco para o rio de Janeiro, me levaram para o hospital às pressas. Só que... o recurso era quase nenhum naquela época! Então tentaram, com uma substância cáustica, um colador, fazer um serviço de dilatação do meu esôfago, sem sucesso, naturalmente! O que aconteceu? Os médicos se reuniram e fizeram uma junta médica. Foram à São Paulo e de repente virou assunto internacional! Porque? Meu avô era juiz, então ficou uma coisa importante... chegaram à conclusão: se não operassem eu ia morrer! Isso naturalmente eles iam secar a parte colabase, colocar um tubo... Mas avisaram antes: “A chance dele é muito pequena”.

-Aquele fio de memória que vem se desenrolando como um filme em nossas mentes, soa como uma breve interrupção. Quando ele diz:

Dr. Adolvani: Eu estou contando essa história porque é muito importante, relevante, relacionada à minha trajetória de vida, e o que Deus me reservou nessa Terra!
RW: Entendo.
Dr. Adolvani: E o que aconteceu? Com uma semana antes da cirurgia marcada eu sumi dentro da casa dos meus avós! E fui encontrado embaixo da cama da minha avó – que era uma pessoa muito religiosa – comendo um pedaço de pão enorme, mastigando e engolindo. Aí foi uma choradeira total, ninguém conseguiu entender nada! E me pegaram, correram para o hospital do Rio. Os médicos não entendiam nada! Começaram a ficar emocionados... e me mandaram comer. Eu comi, comi, comi – e não aconteceu mais nada! Exames foram feitos – e deu: o esôfago não estava mais colasado. Ninguém entendeu...
RW: Um milagre?
Dr. Adolvani: Isso ficou assim – como um milagre na minha vida... E o tempo passou – e eu desde pequenininho queria ser médico! Eu falava para os meus pais “Eu não quero ser um médico qualquer! Eu quero salvar a vida dos outros!” E assim foi. Eu me enveredei pela Medicina... e me especializei em Emergência.fiz vários cursos. A minha vida, meu dia-a-dia na emergência é salvar vidas. É na emergência, é sala vermelha, é sala de trauma, chefiar a emergência. É o que eu mais gostei de fazer. . . e hoje me sinto realizado profissionalmente porque eu vivi esse tipo de dia-a-dia!
A minha cabeça, a minha consciência está voltada para a humanidade, para o humanismo, para salvar a vida das pessoas. Todo o dia eu tenho uma parte da minha vida, que eu reservo para o povo humilde. Todos aqueles que não têm condições, eu estou sempre pronto a ajudar. Furo bloqueios, atravesso processos administrativos – para ajudar o povo. E até sou conhecido e citado como “Assistencialista”, porque eu sou um “cara” humano! Mas eu enfrento tudo isto porque está em mim, a isto eu chamo “caráter profissional”: (Não estou me vangloriando, não!) Outros profissionais é que deveriam ser nisso, iguais a mim, humanistas!
RW: O Dr. Demerval Moreira, de Friburgo, e que se tornou inclusive o nome de uma praça – era o símbolo de um médico assim – como o senhor descreveu.
Dr. Adolvani: Sim, conheci!
RW: Era um benemérito, como o senhor.
Dr. Adolvani: Eu vivo em Itaboraí há 24 anos, lidando com emergência. Tive o prazer de conhecer o senhor e sua família. . .
RW: Obrigado!
Dr. Adolvani: E fui agraciado com o título de Cidadão Honorário Itaboraiense, e recentemente fui agraciado com voto de louvor pela Câmara, por serviços prestados à população, não é? E para terminar eu diria a você o seguinte: lamento profundamente o que nós estamos passando na “Saúde”, no processo sócio-econômico da situação do país inteiro. Estamos numa recessão muito violenta, onde eu penso que a prioridade, é a palavra-chave, (e que nunca é respeitada!) a palavra é muito bonita, mas na prática ela não tem acontecido, não está acontecendo (é muito triste isso!).  Eu já estou com 69 anos, tenho o meu dever cumprido, deito minha cabeça no travesseiro, com a sensação do dever cumprido. Enquanto eu estiver por aqui, nessa vida, farei sempre o meu melhor pelo humilde, e por todos que precisarem de mim!
RW: O senhor sabe, minha mãe-escritora costumava dizer que o médico tem uma vida parecida com a de um padre. O padre é um missionário, o médico, aquele que é cônscio de seus afazeres, também é um missionário.


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