Lampejo de sorte!

Na pré-era do áudio-visual, (a da internet) brilharam os desfiles da Cori. Eram shows animadíssimos no Parque Anhambi de Exposições para lançar moda de São Paulo para o Brasil. Assisti com muita empolgação a estes shows. Penso que eles inovaram tanto em questão de moda como no estilo show de apresentar aquela moda.
Aqui a história de uma dessas manequins, de estilo e beleza bem brasileira, relembrando o momento de uma mocinha que sai da vida de cidade de interior para o brilho das passarelas de moda. Como ela diz "Com um diferencial: sem perder a integridade, sem se deixar corromper pelas tentações maldosas da cidade grande."
Acompanhe aqui seu relato espontâneo:


RW: Por que o nome Lucky Strike?
LS: A primeira agência de publicidade que eu tive contato ficava ali na Djalma Ulrich (Copacabana) - E ele, dono da agência me batizou de Lucky Strike - e assim ficou o meu nome artístico, até hoje!

RW: Mas o seu nome mesmo?
LS: Luci, com i, da Conceição Evangelista.
RW: Evangelista! Nós tivemos um amigo, médico de Vitória, Espírito Santo, de nome Evangelista.
LS: Esse "Evangelista" é do lado do meu pai - nordestino. Paraibano, de João Pessoa! Não conheço ninguém da família do meu pai! E a minha carreira de artista começou por um acaso! Olhei um anúncio no jornal, da Cori. Grupo Empresarial Pasmanik - lá de São Paulo. Nessa época, eu morava no Grajaú - e falei para minha tia: "Eu vou conseguir". A seleção era na Avenida de Nossa Senhora em Copacabana, um escritório da Cori de São Paulo, que estava ali - uma diretora, era de nome Vilma - é prima da atriz Ângela Leal, artista da Globo. Assim que eu terminei o curso que fiz na Escola do Carlos Imperial, fui lá para a seleção.
RW: Personalidade forte, foi a do Carlos Imperial.
LS: Na época ele estava "no alto" - ele realmente projetou muita gente. As pessoas "falavam" um pouco mal dele - mas ele com as "lebres" dele, aquelas coisas todas - ele selecionava as meninas para a carreira de moda - ele fazia um trabalho muito sério! Embora ele tivesse "aquela fama toda"... ele tinha um trabalho sério! O curso dele na Djalma Ulrich era muito sério: excelentes professores; dali saiu a Luma de Oliveira, a Venuti, "a Pequenininha", a Monique Evans (a que a filha ganhou agora no programa “A Fazenda”). A gente chamava a Monique de "A Pequena Notável", porque ela na passarela tinha uma presença forte, eu dizia que ela "crescia" muito! Parecia que tinha mais altura, pela postura altiva, e, no entanto, para padrões de modelo de passarela, ela era pequena! Não chega a 1.70m com certeza - mas até sem salto ela se "esticava" de uma tal maneira que parecia que tinha mais! A gente brincava muito em relação a isso... então como tudo isso na minha vida começou? Nessa seleção da Cori! Quando cheguei, havia mulheres lindíssimas, a Márcia Dornelles, estava lá, nessa ocasião.
RW: Conheceu Helô Pinheiro, nessa época?
LS: Conheci, mas não tive muito contato - ela já estava muito à nossa frente, em destaque. A Mary Help, a Stefanie, eram as top. Tive oportunidade de estar trabalhando também com a Elke Maravilha. Ela sempre ajudou muito, ela se projetava e ajudava. Desse período, eu quando cheguei no teste e vi aquelas mulheres lindíssimas e eu no tipo muito "peão". Menina de roça – eu pensei: “Ah! Meu Deus do céu, o que vim fazer aqui? Como é que fica isso? ” Mas na hora que eu pisei na passarela senti uma força especial dentro de mim, uma coragem de pensar “Eu sou tão bonita quanto elas, eu vou conseguir! Não é porque eu vim da roça... eu estou preparada para ser bem-sucedida”. E fiz meu desfile... para minha surpresa, depois da apresentação, voltei para minha casa, no Grajaú – onde eu trabalhava como babá numa creche. Uma semana depois, eu já de volta na minha rotina, elas ligaram! Eu ouvi me dizerem: “Ah, nós vamos te ligar”. Mas na hora de sair pensei aqui comigo mesmo – “Ah, vai ligar quando? Nunca! ” – E ligaram. Quando atendi, era a própria Vilma. Ela falava num timbre de voz fininho: “Olha, você foi selecionada, quero que você arrume suas coisas, que você está indo para São Paulo amanhã! ” No momento eu pensei: “É um trote”! (Antigamente tinha muito disso, passavam trote no telefone). Eu pedi: Qual o número deste seu telefone, por favor? – E liguei novamente. A Vilma falou com a voz fininha gritando “Mulher, você não está acreditando em mim, não? Sou eu mesma! – Sim, você foi selecionada! Você tem que viajar”. Eu me senti nas nuvens!  Mesmo assim ainda duvidei – será que alguém me passa um trote? Eu sei o seguinte: peguei o que tinha (muito pouca coisa...), aí me arrumei, e às onze da noite um táxi foi me buscar. Pensei: “Agora é verdade! ” – Um táxi chegou lá no Grajaú, rua Emílio Sampaio 44 – e fui. Durante oito meses em São Paulo, desfilando para o Grupo Empresarial Pasmanik. Voltei e iniciei minha carreira de cantora.

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