Num posto de escuta... Policial - autoria de Anna Wolff
E o mar magnífico ali estava. Reluzente. E eu hipnotizada nele. Observando extasiada o ciclo da vida. Pela madrugada os horizontes róseos. O sol explodindo vida irrompendo na copa das árvores. Bandos de pássaros saindo em revoada. Seis horas da manhã. - Parece a alegria pura – comentei. Só então percebi que estava falando sozinha. Até minha voz parecia límpida na manhã tão fresca. Aproximei-me do mar. Água gelada. Fiquei ali mais de uma hora. Então cardumes de peixes minúsculos vieram mordiscar meus pés. Sete horas. Às dez horas aparece então o Sargento Souza – co mo o batizamos – um cachorro policial triste e silencioso. Por que Sargento Souza? – Ora essa mania que a gente tem de aproximar certas personalidades aos animais. Conhecemos um Sargento Souza deste jeito: triste, silencioso, mas inflexível. Via-se o homem sofrer, a dor estava ali nos olhos, de olhar enevoado e distante. Mas nunca deixou de fazer a sua inspeção sistemática, agressiva. Vejo o cachorro triturar os pedaços d...