MYRIAM JEHANE CICONHA
Entrevista exclusiva ao
jornalista Reinaldo Wolff
Conforme foi anunciado, esta é a primeira da série de entrevistas das pessoas que estavam no evento FEBRACLA, na sede da OAB Niterói, em 24 de agosto de 2012. Temos agora a entrevista de uma artista em ascensão. Que está preparando seu show, CD, e programa de TV. Culta e sensível está em plena ebulição de arte e criatividade. Vamos conversar agora com MYRIAM JEHANE CICONHA.
REINALDO WOLFF: Como será seu
programa na TV Zoom - Nova Friburgo? O que levou você a ter um Programa de TV
em Friburgo?
JEHANE: Morei muitos anos em
Friburgo. Dos 9, 10 aos 18 anos. E eu tenho um carinho muito especial pela
cidade. E por conhecer como as pessoas pensam, o que as pessoas precisam, né? Eu
tive essa idéia, essa intuição. Porque a minha vida funciona muito com
intuições, assim, né? Eu sonhei que eu precisava voltar pra Friburgo, pra
montar um programa de TV lá. E há muito tempo atrás, um amigo meu me disse que
eu iria voltar pra Friburgo. Que eu ia me comunicar com essas pessoas, já do
âmbito profissional. E a minha idéia de fazer esse programa, que se chama A
PONTE, é exatamente criar uma conexão, um intercâmbio, entre as culturas. É
fazer a ponte entre as duas cidades, Rio de Janeiro e Friburgo, ou mais coisas,
mais cidades. Sempre apontando esse âmbito cultural, curiosidades. Sempre
diversidades. Sempre no âmbito cultural mesmo, artístico. Um programa
social/cultural.
REINALDO WOLFF: Consegue
conciliar as atividades de cantora e apresentadora?
JEHANE: Por enquanto eu ainda
estou gravando o CD. Eu passei da fase de registrar as composições. Passei um
tempo construindo esse álbum. Eu mesma que compus as músicas. E agora eu
registrei, então eu to numa fase ainda de gravar. E aí eu estou com um
espetáculo pro final do ano, que na verdade é um teatro musical no SESC do Rio
de Janeiro, Barra. Então eu estou com esse espetáculo, e agora com o programa
de TV e com as gravações do CD.
REINALDO WOLFF: Até que ponto
a veia artística de seu pai influi em sua vida?
JEHANE: É incrível isso
porque eu não percebia o quanto que eu tenho de interesses, de jeito de me
colocar, é muito parecido com meu pai. Muito incrível isso. Porque meu pai é
jornalista, eu sou jornalista. Meu pai é ator, eu sou atriz. Meu pai é cantor,
eu sou cantora. Eu acho que eu pegue um jeito dele, até a personalidade um
pouco forte, difícil. Eu acho que eu puxei mesmo o meu pai. Ele também tem essa
questão com a comunicação. Até porque ele foi radialista, então ele tinha essa
coisa de comunicação em massa, de se comunicar, de influenciar pessoas.
REINALDO WOLFF: Você fez
jornalismo aonde?
JEHANE: Eu comecei na UCAM,
Cândido Mendes, no Rio. E fui da primeira turma de jornalismo lá. E depois eu
me formei na UNIVERCIDADE, na Lagoa. Foi bom porque uma me deu uma base mais
teórica e outra mais prática.
REINALDO WOLFF: Você também é
poetiza?
JEHANE: Eu também sou
poetiza. Eu tinha um livro de poesias que eu fazia quando eu era muito
adolescente. Eu já fiz inauguração de alguns livros, alguns autores, recitando
poesia com teatro. E eu também escrevia poesia. Uma das poesias que já estava
escrita, eu fiz a música depois também.
REINALDO WOLFF: Qual o estilo
de vida que para você seria o ideal?
JEHANE: O estilo de vida
ideal é aquele estilo um pouco mais desapegada, que tá aberta às diferenças,
que tolera as diferenças mesmo do ser humano. Porque eu acho que as pessoas tem
muita dificuldade em tolerar as diferenças. Eu acho que isso é uma grande
questão no mundo de hoje. Porque senão, não haveria guerra... A gente toleraria
o jeito de ser e de pensar alheio. Então eu acho que o melhor jeito de vida é
você estar aberto à vida, sem pré julgamentos. E pré disposto a conhecer e a
ver tudo que você não sabe, e precisa saber.
REINALDO WOLFF: Eu concordo
que tem que ter uma mente aberta. Mas até que ponto isso deve ser aceito pelo
ser humano? Vai de pessoa para pessoa porque - como eu sou acadêmico em Direito
eu vejo que há necessidade da adequação aos termos sociais atuais.
JEHANE: Concordo plenamente.
E concordo também com essas teorias que foram criadas na Revolução Francesa.
Reinaldo Wolff: Que ideias de
carreira você tem, para o momento?
JEHANE: O meu trabalho também
ele antecede e se origina, ele germina a partir da dança do ventre. Porque sou
por parte de mãe, originária do Líbano. Aprendi a dançar lá com Cara Callas, e
algumas professoras em aula particular. E a dança do ventre, na verdade, há um
conceito muito errado no mundo Ocidental, no Brasil.
REINALDO WOLFF: Ninguém pode
perder esse show.
JEHANE: Claro! A energia da
mulher é a energia que fecunda, que fertiliza. É como se fosse uma terra que é
a mãe. A nossa pátria, a nossa mãe, por exemplo. Quando a gente tem a terra que
é fértil, que nos dá comida, alimentos, também é uma simbologia que é a terra,
é a mulher, tem que ser respeitada. Então continuando, a minha idéia nesse
momento é fazer esse programa, que eu acho que tem uma missão social. É trazer
novos horizontes para as pessoas. Ajudar através da arte transformadora,
geradora. E também com os meus shows. Com a gravação do CD pretendo fazer uma
turnê talvez pelo Brasil ou algumas pequenas cidades do interior. Para
apresentar estas ideias. Porque as pessoas ainda não sabem tanto e têm uma
certa curiosidade.
REINALDO WOLFF: Como foi sua
formação cultural - escola - profissional?
REINALDO WOLFF: Você, jovem
ainda, traz uma bela bagagem cultural. Isso é muito importante. E como vê o
futuro?
JEHANE: É exatamente. Porque
nós temos hoje em dia o mundo da comunicação, cada um chama de uma coisa, em
árabe é formação. Existe o lado positivo nisso porque a gente tem acesso a
informação. É mais rápido. Isso faz que a gente devolva um senso de julgamento
pelos fatos, mas por outro lado a gente tem uma descarga imensa de informações.
O que gera no ser humano muito estresse. As pessoas ficam sobrecarregadas de
muitas coisas pra fazer, resolver, pensar, e digerir. Por outro lado tem o
fator positivo. Hoje a gente está exatamente na encruzilhada entre o bem e o
mal. O
ser humano já sabe escolher, já sabe ver o joio do trigo. A gente tem que se posicionar. O bem tem que se unir
com o bem. E muito do meu trabalho tem sido batalhar pelo bem, pela justiça e
pela verdade.
Eu fui direta nessa pergunta?
Ou ficou vago?
REINALDO WOLFF: Ótimo! Pode
continuar. Que planos faz para o futuro?
JEHANE: Só pra complementar
em relação ao futuro. Existe uma coisa primordial para o ser humano. Não é o
sistema ser transformado. A gente podia estar no socialismo, poderia estar numa
ditadura, num capitalismo ao extremo, onde há privatizações no âmbito
internacional. O que eu acho que faz a diferença nesse momento é o indivíduo, o
ser humano. Cada um tem que prezar por valores. Ser mais justo e verdadeiro.
REINALDO WOLFF: Que planos
faz para 2013?
JEHANE: A gente já está se
preparando. Porque o Brasil vai ter uma expressão forte a nível mundial. E eu
gostaria de participar desse movimento social todo. Então em 2013 espero já
estar mostrando um pouco do que eu venho preparando ao longo desses 4 anos,
desde 2009. Espero já estar pondo em prática e contando um pouco do que eu
venho produzindo como artista.
REINALDO WOLFF: E quanto a
Nova Friburgo - ainda acha que existem riscos muito fortes? E o que pode ser
feito?
JEHANE: Aspecto todo de
riscos - Friburgo na verdade é o retrato da humanidade. A gente tem que cuidar
da natureza, respeitar senão a natureza vai ser revoltar. A transformação da
consciência, ela afeta também o meio ambiente. É necessário as pessoas se
conscientizarem, enfim não jogar lixo, tudo isso. Vai depender muito agora, da
questão política nesta fase de eleições. Vai depender muito dessas
transformações todas. Eu não posso prever. Eu acho que o Deus faz as coisas que
tem que ser. Infelizmente, há males que vêm para o bem. A gente não pode
controlar tudo. Existem coisas incontroláveis.
REINALDO WOLFF: Como é a sua
forma de religião?
JEHANE: É uma grande questão.
O meu pai é judeu. Minha mãe é libanesa. Duas regiões que permanecem em
conflito.
REINALDO WOLFF: Você se
converteu ao judaísmo?
JEHANE: Eu acredito em
primeiro lugar laqueia questão do ser humano. Eu acredito muito na religião. Eu
sou muito religiosa, tenho muita religiosidade. Em termos institucionais, eu
tenho restrições. Pelo âmbito das justificativas do ser humano em nome de
alguém ou alguma coisa. Todas as religiões são boas a partir do momento em que
a gente não justifique a matança em nome de alguma coisa. Até porque a mensagem
de Deus é “olhe para o outro ser humano como a si mesmo”. Essa questão é muito
forte. Eu olho para aquilo e vejo que existe uma condição de ideologia. A terra
é de tudo e de todos. Eu fui na casa de Kalil Gibran, lá no Líbano e saí de lá
chorando. Foi uma experiência única. Porque Gibran estava acima da hipocrisia
humana. Meu pai diz uma frase para mim. Acho que é uma frase muito profunda: “O
artista, o ser que está inspirado por uma luz, ele tem duas almas. O artista está
acima de tudo”.
JEHANE: Com certeza!
Entrevista realizada no dia 15 de setembro de 2012
Fotos por Vitória Wolff
Edição por Arthur Wolff
Entrevista realizada no dia 15 de setembro de 2012
Fotos por Vitória Wolff
Edição por Arthur Wolff
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