Entrevista de Sylvio Incutto Filho ao jornalista Reinaldo Wolff - parte 4

Em Rio Bonito empresário nos conta sua história de vida. E como compreende este Brasil de hoje.

Sylvio Incutto Filho: É isso! Um dom de cada um. Esse dom eu passei para meu filho também. Esse segredo está com a gente! Por mais que eu passe as técnicas para os funcionários, o famoso “pulo do gato” – eles não têm! Eles não tem o detalhe! Quando chega uma hora – o funcionário, ele esbarra em algum lugar... então não tem esse perigo de copiar minha técnica. Copiam assim, de pegar uma peça nossa e fazer igual – mas de entrar embaixo do carro, projetar conforme as características do carro, de um modo que vá ficar bom (e seguro) eles que me copiam, não têm essa segurança que eu dou na instalação certa da peça... com isso estou mantendo a qualidade dos meus produtos. 

RW: Porque a Fábrica Karman Guia, de São Paulo, com produção de ótima carreta, não sei por que fechou.

Sylvio Incutto Filho: A Karman Guia fechou mas os ex-funcionários continuam fabricando. Por causa da invasão de cópias que teve, foi muito grande, então a Karman Guia preferiu fechar! E os funcionários que estavam nela não querendo parar... então o que aconteceu? Compraram os direitos dela e passaram a fabricar com o nome “KG”. E até hoje continuam fazendo – mas aí fora existem muitos trabalhando com aquela mesma característica do produto Karman Guia! Só que “o custo do nome Karman Guia” é tão grande que hoje “o pessoal” não consegue comprar o material produzido da Karman Guia, aí compram outro similar. É igual o que fazem aqui com os meus produtos... esses concorrentes me trazem problemas! O que eu sei, a diferença é que eles não têm os detalhes de segurança e é isso que dá a qualidade dos meus produtos. Quando o senhor chegou aqui ouviu um cliente lhe dizer “Tenho essa carreta há 5 anos, e nunca me deu problemas! E eu rodo o Brasil inteiro! O outro disse que comprou de outro fornecedor e a carreta que com 3 anos de uso já está “escangalhada”. Então é o que eu digo, é esse o detalhe: a questão da segurança!

RW: O povo alemão e o italiano, eles têm esse conceito de fabricar coisas duradouras, com qualidade.

Sylvio Incutto Filho: E esse é um conceito que na origem já vem “lá de fora”. Os italianos quando vieram para cá, vieram com o intuito de trabalhar e produzir. E esses conhecimentos que eles trouxeram para cá é o que está sendo valorizado até hoje, no país.

RW: E como é que está o projeto de fazer uma nova indústria? Ainda planeja fazer?

Nesse instante entra na sala “um italianinho”, que sorridente nos cumprimenta e diz: ”Oi pai”!

Foi nesse momento que o senhor Incutto inspira fundo, considera aquele filho com o olhar, pensativo. E ele reavalia as ambições sobre a nova fábrica, ao dizer devagar: Agora parece que não dá mais não! Estou quase desistindo... A minha intenção era mudar a fábrica de carreta para a nova área e montar também a fabricação de uma outra coisa. Mas devido a essa pressão que o país está passando, essa desigualdade, essa covardia que estão fazendo com os pequenos empresários – se alguém pega um cartão de crédito, e se dever cem reais, quando vai pagar está devendo mil! Isso não existe! Os juros que eles calculam são tão altos! Nós não temos leis que protegem os empresários, leis que estejam a nosso favor. Aí desanima e faz pensar em parar com a produção. Graças a Deus, o pequeno que eu possuo, se eu conseguir manter o meu ritmo de vida econômica que eu tenho e o meu filho – que eu ensinei, vai dar para viver muitos anos -  sem ter que me preocupar de ter de ser empresário...

O Galpão que eu acabei de fazer, a intenção era para alugar para a indústrias químicas que vão beneficiar os produtos da Petrobrás.

RW: Certo...

Sylvio Incutto Filho: A Petrobrás é outra questão, “é vai não vai”.

MW: Agora vai!

Sylvio Incutto Filho: Mas vai demorar muito! Isso aí vai demorar! De como eu pensei, muitos proprietários pensaram e fizeram: galpões. Todo mundo fez galpão! Hoje o que eu penso é: mas a Petrobrás vai procurar galpão lá próximo dela. Não vai sair de Porto das Caixas aonde eles estão instalados, para vir aqui em Rio Bonito. 

RW: Aonde daria certo a construção de galpão na sua opinião – só em São Paulo, Minas, onde?

Sylvio Incutto Filho: Ah, vou ser sincero: eu não sei, porque eu nunca rodei para outros lados!

RW: O senhor acha que aqui em Rio Bonito já não funciona?

Sylvio Incutto Filho: Não, aqui não dá... Rio Bonito é uma cidade pequena, e um dos maiores defeitos que tem aqui é a ganância!

Lá fora da sala o ruído persistente agora são de ferros cinzelando, pequenas chispas aparecem ao longe.

RW: Que oportunidades melhores podem ser avaliadas dentro da atual conjuntura de desenvolvimento da cidade? O que pode ser feito de melhor? E o quê deve ser evitado na cidade aqui de Rio Bonito no Estado do Rio?

Sylvio Incutto Filho: Ah! Sinceramente a minha vida é “presa” dentro da minha firma e da minha casa! Da minha firma para minha casa eu não paro, não vou para lugar nenhum. Não acompanho nada mais, nadinha, nadinha! Eu acompanho minha filha lá em Saquarema, que toma conta de uma creche, eu sei o que se passa lá dentro, e não sei o que se passa de política aqui na cidade. 

RW: O senhor tem uma visão otimista do futuro? 

Sylvio Incutto Filho: Aqui em Rio Bonito, não tem mais jeito, não.

A fabricação das peças de metal parece o som de uma música pesada de rock.

RW: Em termos de Estado do Rio, o senhor tem uma visão otimista de futuro?

Sylvio Incutto Filho: Olha, o que mais preocupa é essa onda de assaltos. Isso vai acabar em “terra de bang-bang”! Não vai demorar muito, e todos vão querer andar armado, para se proteger. 

RW: E qual a solução que o senhor vê para tudo isso?

Sylvio Incutto Filho: Eu sinceramente penso bem no período em que o governo foi tomado pelos militares. Houve grandes melhoras para o país! Com todos os erros que eles também fazem, eu como empresário notei grandes melhoras! Depois que o governo passou “para a mão de civil” virou essa bagunça! Um círculo – quem entrou fica, quem ainda não entrou e quiser entrar – ou sai fora, ou morre! Esse parece o lema do que está se vendo hoje em nosso país. O senhor viu que começaram a descobrir os erros aqui da COMPERJ, e cada dia aparece mais um! Mais um! E os primeiros que apareceram nesses erros, já foram soltos! Já soltaram gente aí! 

RW: Então a solução é a estruturação do país com aquilo que já deu certo antes? Seria esta a solução?

Sylvio Incutto Filho: Mas quem tem coragem de enfrentar tudo o que está? Cadê um “Getúlio Vargas”?

RW: E o Deputado Jair Bolsonaro? Seria uma boa solução?

Sylvio Incutto Filho: Vou ser sincero, não gosto de ouvir política, não estou acompanhando as questões. 

RW: O Deputado é nosso entrevistado também. Sei que ele é uma pessoa cheia de ideal pelo país.

Sylvio Incutto Filho: Não estou acompanhando o trabalho dele. 

RW: Veja em nossa mídia Equipe Wolff, e o senhor vai ver as ideias dele na entrevista exclusiva que ele nos concedeu. Verá que idealista que ele é pelo país! 

MW: Ele demonstrou amor pelo país, nosso pai era assim também, cheio de ideal.

Sylvio Incutto Filho: Mas sabe o que acontece? É um contra muitos. O senhor viu aquele candidato a Presidente da República, o avião dele caiu, e ninguém procurou saber o porquê... Esse homem, pelos programas que ele estava fazendo, acho que ele tinha boas intenções! Ele morreu... Descobriram coisas sobre Ulisses Guimarães, cadê o helicóptero dele? Ninguém achou, sumiu no mar! E ele estava “abrindo o verbo”... O Color de Mello fez a coisa certa! O que ele fez? Ele “travou o dinheiro todo”. (Só que antes, ele tirou o dele “pro canto”...) E travou o dinheiro de todo mundo. Foi bom porque ele controlou, começou um dinheiro novo a circular, as coisas foram melhorando. Só que alguém “inventou” alguma coisa lá, e: “jogaram ele para fora”! Penso que se ele permanecesse naquele ritmo que estava, o país ia dar mais certo. O povo ia se acostumando e a “coisa ia engrenando”.

RW: A solução seria qual? A religião?

Sylvio Incutto Filho: Ah! O povo está muito descrente! Mas, sim, a única solução para “a coisa” melhorar – seria esta – a religião!


Veja também a entrevista do Deputado Jair Bolsonaro:
http://equipewolff.blogspot.com/2013/08/deputado-jair-bolsonaro-em-entrevista.html