Myriam Jehane Ciconha em entrevista exclusiva à Equipe Wolff em 2012 - parte 2

Jehane: Meu pai diz uma frase para mim: “O artista, o ser que está inspirado por uma luz divina, ele tem duas almas. O artista está acima de tudo”.

RW: Seria a segunda alma, a sua alma gêmea, não é? E aí se completa.
Jehane: É... E pode ser criticável essa forma de pensar.

RW: O artista tem que ter compreendido em seu todo. Não pode ser apenas analisado parcialmente. É necessário que seja visto com a arte que ele expressa.
Jehane: Com certeza. Eu vi um filme recentemente, que se chama “A vida dos outros”. Um filme que me impressionou muito e que eu acho que conta um pouco disso tudo. Porque a gente está aqui – está em representações, em palcos... Mas, fora disso tudo, há algo muito maior, na alma! E no filme tinha uma música, que o artista estava tocando, que era assim “a música era dos homens justos e dos homens bons”. E depois que essa pessoa que tomava conta da vida deles – porque as pessoas eram perseguidas – ele ouviu essa música “Sonata do homem bom”, ele se transformou num homem justo. E ele protegeu essas pessoas que perseguia antes. Então eu acredito na transformação social.

RW: A nossa mãe, como escritora e jornalista veterana (anterior à existência de faculdade de jornalismo), foi capaz de gerar um novo estilo e que atualmente está muito em voga e como assunto de pós-graduação, ela criou o estilo de jornalismo literário. Acrescentou o aspecto artístico no trabalho do jornalismo. Não só como captador, mas capaz de influir na tomada de decisões de forma positiva. E a gerar na pessoa uma iniciativa positiva. E gostaria que você visse o trabalho dela.
Jehane: Eu vou gostar muito!

RW: Então, o que é necessário para um relacionamento ser feliz?
Jehane: No âmbito geral, acho que o respeito está acima de tudo. O respeito é algo que vai além de tudo. Porque cada um é um ser humano que tem suas crenças, tem sua formação... Seus valores imbuídos desde pequeno. Então, eu acho que o respeito por isso tudo, vai numa compreensão maior. É muito difícil, mas acho que é algo fundamental.

RW: O respeito não seria basicamente por você compreender a outra pessoa?
Jehane: É mais do que apenas compreender. Porque pode compreender e não aceitar. Mas entender, ou a gente pode respeitar. Respeitar por mais que aquilo doa, mas é respeitar. Por exemplo, se eu tivesse que viajar a trabalho, ou qualquer coisa assim, eu acho que, um ser humano que ama, que gosta, que entende, ele respeita algumas decisões também.

RW: Isso mesmo. Então, você já encontrou a sua cara metade?
Jehane: Não. Não encontrei. Eu vislumbro isso, eu consigo imaginar. Porque o ator, em si, não precisa viver aquela experiência, pra ele representar aquilo. Ele não precisa. Porque se ele fosse matar alguém, numa novela, ele precisaria matar alguém na vida real? Não, isso não existe. Ele não precisa disso. Ele está aberto a novas experiências, né? Então eu tenho vislumbres do que é isso. Imagino. Eu consigo atingir um pouco esse sentimento, como artista. Mas no âmbito pessoal, não.

RW: Se bem que, eu vejo como importante o trabalho do ator, mas há uma certa semelhança, do homem para o meio ambiente. E a influência do meio ambiente para o homem, ou mulher. Então o ator, há momentos que ele começa, e não se dá conta, a influência de certos pensamentos são perturbadores.
Jehane: Concordo.

RW: O ator precisa ter uma auto-análise como forma de reciclagem.
Jehane: Claro. Concordo plenamente e isso eu faço muito todo dia, e eu gosto muito de uma frase de Einstein: “Infelizmente as almas grandiosas se deparam com almas medíocres”. Agora o ser humano que está além disso, acima, ele acaba se deparando com almas medíocres.

RW: É a escritora Ana Maria Wolff, com o hábito de dizer: “Algumas pessoas tem missão curta e outras tem missões longas, espirituais”. Eu explico - As pessoas que tentam provocar o mal, na verdade,  têm uma missão curta, não é? Elas estão ali para te mostrar um novo caminho. E a pessoa que tem uma espiritualidade,  uma profundeza espiritual, ela te mostra um novo caminho profícuo, verdadeiro. Então o segredo é: saber esgueirar das pessoas negativas - é exatamente o que ela escrevia no Jornal A Voz da Serra. Tentou, durante o período que esteve lá escrevendo, transmitir às pessoas que é muito importante ouvir a Voz Interior. A Voz de Deus dentro de si. Essa Voz Interior leva a pessoa a encontrar um novo rumo. Isso é que salva de perigos, riscos, inundações, acidentes, então é muito importante ouvir a Voz Interior. Porém é necessário a pessoa despertar isso em si, por isso é que muitas vezes você vê uma pessoa ruim, representa que ela está te mostrando um caminho novo, mas também é necessário a percepção, para que evite o mal-feitor, uma pessoa ruim. Assim Ana Maria dizia que dessa forma, com percepção, o aprendizado se faz por entendimento, não havia a necessidade de aprender através do sofrer. A percepção estando aguçada, antes do momento de perigo, você conseguiria evitar aquele perigo.//

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um breve relato sobre a vida da escritora Anna Wolff

INTROSPECÇÃO - É o caminho para crescer o seu poder mental e libertar-se de conflitos

Coronel Aurélio da Silva Bolze em entrevista exclusiva ao jornalista Reinaldo Wolff - retrospectiva