Porque é tão importante que os pais se amem
Conversa de
mãe: Vamos conversar hoje sobre a situação dos filhos no contexto moderno.
Autora: Ana Maria Wolff
A gente cresce entre beijos e beliscões,
incentivos, tapas, afagos e rusgas - mas sempre sabe que por trás de tudo vem
aquela emoção pura - são os seres adorados que nos cuida, protege e ama.
E é tão importante termos os dois. A
menina que não recebe do pai a atenção necessária, vai pela vida afora com um
comportamento infantil. Projetando em cada homem que ama, ou no marido que
finalmente escolhe, um substituto para o pai. O garoto também - torna-se um
homem exigente, caprichoso, volúvel. Uma mulher que apenas o ame, será
desprezada fatalmente. É preciso que ela seja severa, até irritadiça, que não
admita infidelidade - para que ele a ame. Um homem que não teve um modelo exato
de mãe vai buscar na mulher que escolhe, a complementação das qualidades que
ele tanto anseia.
Fala-se tanto em divórcio, como uma
medida de solução para os problemas de lares infelizes.
Se nos detivermos para analisar bem “a
pílula não é tão dourada como se imagina”. Você acha que como filho e quando
ainda criança, aceitaria o fato de sua mãe amar outro? É preciso muita
maturidade para tal aceitação. Ou que o verdadeiro pai seja um vilão, seja uma
pessoa que realmente infelicite a família.
Porque se for uma pessoa normal, a
criança não tem preparo para uma situação dessas. O mesmo relativo ao pai que
gosta de variar de mulher. A criança se sentirá inferiorizada pois acha sua mãe
perfeita - ela não o ama tanto? Porque o pai não pode amá-la? Bem, então vemos
que o divórcio é uma medida que à primeira vista não resolve nada, em relação às
crianças.
Como se comportam as crianças
americanas? Da mesma forma que as nossas - porque criança é criança em toda
parte do mundo! Inicialmente sofrem, choram e se comportam de maneira
totalmente irregular. Depois o novo cônjuge passa a pertencer à família como um
tio adotado, não tirando delas a afeição ao verdadeiro pai ou mãe ausente.
E criança tem uma forma de
auto-defesa impressionante. Ela esquece traumas porque os substitui por novas
imagens.
Logo depois da guerra, vi nos
Estados Unidos muitas crianças virem do Japão, pois haviam perdido os pais nos
bombardeios. E muitas se adaptaram harmoniosamente ao novo lar. Então há um
processo de readaptação à criança... Ela pode até transferir para novos pais o
modelo paterno e materno. O que ela não aceita é a forma triangular - papai,
mamãe e um outro. Pois não há solução possível que harmonize os três.
Bem, então normalmente a mãe fica
com o filho. E esse passa a lhe olhar de um jeito comparativo. Tentando
descobrir a falha que ela teve e que não a autorize a corrigi-lo. Vem a
rebeldia, o protesto, a raiva - o ódio - às drogas é um pulo.
O pai que se ausenta do lar quer uma
nova oportunidade, e uma nova família trará melhores compensações ou mais
problemas?
O que é que você acha?
Penso que isto nunca se sabe.
É mais provável que os problemas se
avolumem.
Certas situações são irreversíveis,
então não adianta muito se falar sobre elas.
Mas o que leva os casais ao desamor?
Em primeiro lugar o mau gênio.
Programa na Rádio Cipó, Nova
Friburgo, que rendeu à escritora Ana Maria Wolff, menção honrosa unânime pela Câmara
de Vereadores. Em 1975. //
Falaremos isso na próxima vez.
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