Discos voadores, os fantásticos


Autoria: Ana Maria Wolff

Congresso de Ufologia em Brasília


Ora, é sempre fácil depararmos o erro. Daí a criticar foi um passo. Passarmos da crítica à franca reprovação é seqüência normal.
Claro que tudo que se disse do Congresso de Ufologia é real. Sua desorganização irritante. A falta d’água pra beber diante da placa que indicava uma “Fresh Water”, água fresca, inexistente todo o tempo. Os banheiros também secos. E sem falar em comestíveis. Mas da parábola de Jesus “Dai água a quem tem sede”, poderia ser também no referente à parte mental ou espiritual, não é?
Então tentei observar o lado mental. E estórias múltiplas, vazias de conteúdo, foram se sucedendo.
Nestas alturas, os repórteres partiam para os jornais e TVs, na ânsia de comunicar, de serem os primeiros.
Não notaram, contudo, que à precipitação escapam as análises mais profundas.
E como também Jesus disse, “Os últimos serão os primeiros”, eu fui ficando na vontade de ser das primeiras a separar o joio do trigo. Numa multidão de mais de dois mil participantes e de inúmeros conferencistas, tudo podia acontecer. E como repórter e participante, fui bisbilhotando tudo. E sempre entrevistando as melhores opiniões entre “gregos” e “troianos”. Em primeiro lugar, nota-se, haviam todas as faixas etárias, jovenzinhos de 13 anos até aos da respeitável maturidade do organizador do evento, o General Uchoa. Haviam os convidados estrangeiros e os nacionais.
Comecei a observar que para o povo aquilo tudo representava algo como “uma caninha ao limão”, com tempero de “jogo de futebol”. Em suma: uma paixão. “Só pelo aspecto psicológico de relax” - disse-me o psicólogo Leo Sprinkle, Ph.D. da Universidade Wyoming, USA - “já satisfaz plenamente”. A conferência deste foi brilhante - tal como os olhos do público. Mas o “Pelé” da noite foi o Dr. J. Allen Hyneck, com os comentários sobre seu livro, que logo se esgotou.
A brasileira Yara Kern - egiptóloga fantástica que deu a simbologia de Brasília - aos olhos estupefatos de brasileiros e americanos - só ela já era o prato cheio do programa. Só por ela, pagava qualquer sede ocasional. Aliás, quem estava com sede ali? Aparentemente ninguém. A platéia estava delirante.
O professor Montalvão deu um curso extraordinário onde demonstrou absoluta certeza de idéias e correlações entre os Maias, Incas, Egípcios, Indígenas e UFOS. Fantástico.
Também o Sr. Reinaldo Rocha foi muito lúcido e agradou em cheio. E tantos outros que não há espaço para enumerá-los. Isso sem falar na “psicanálise” imediata da Sra. Judith Araújo. Na verdade seu verdadeiro espírito cristão fez com que distribuísse esperança, amor, ajuda e carinho a uma população de angustiados. Seus desenhos são primitivos? O povo acredita! E a crença libera os poderes positivos internos. E tudo que constrói merece nosso respeito.
A noite culminou com a palestra do jovem casal Hermínio e Bianca. Ela é verdadeiramente carismática. Fez o público silenciar em suspense vibrante. Com as descrições absolutamente coerentes. Ele, marido apaixonado, totalmente sincero em suas descrições. Verdadeiramente convincentes. Apaixonantes.
E agora, gente, depois de tudo isto - valeu ou não valeu?
Sabem o que o General Uchoa merece? Marangatú - a mais genuína saudação indígena, pura, sem críticas, legítima!
Marangatú General Uchoa!

Escritora Ana Maria Wolff,

Texto publicado no jornal Correio Brasiliense em 1979.

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