Comentário sobre o escritor Francês Flaubert - mestre do Realismo
O retrato da realidade e os soluços de Herbert
Ouvi vozes entrecortadas, um choro que mais se aproxima de o som de um grunhido. Soluços que sacodem o corpo todo dele - som que vem das entranhas.
Larguei meus afazeres e vim correndo até a frente da casa e vislumbrei uma sombra, no escurecer do dia e das emoções. Encostando a cabeça entre as mãos espaldadas, no áspero muro. Sobre o cinza chapiscado, aquele "tom de Ébano" sacode-se em soluços. Alguém se aproxima devagar, sussurrando: "Vêm, Herbert!"
A perda súbita do irmão, num acidente de moto, levou embora o companheiro de alma e de vida, e agora ele todo sombra em meio a uma dor só.
De supetão surgiu em mim a ternura, de embalar aquele ser perdido na emoção de saudade, falar palavras de consolo e aconchego... Mas quais?
Que palavra há de trazer conforto a uma alma que sofre em toda a extensão de suas forças?
Tantas diferenças entre as pessoas, tanto as emoções são as mesmas, pelos séculos em séculos: Também chorei assim, choro de alma inteira quando perdi meus entes queridos.
Assim meditou a escritora Ana Maria Wolff:
"Nós falamos a palavra: Destino. O que é o destino? Ele existe como uma 'força-pré-destinada'? Nós podemos controlar, evitar ou modificar o destino? O que acelera essa força destrutiva chamada destino (fatalidade)?"
Estou lendo Flaubert, o escritor francês que fez o seu "retrato-vivo-da realidade-francesa", século XIX. Ele chegou a dizer: a estória é o de menos, é a realidade nua e crua que eu relato. Ninguém ouse interromper por qualquer coisa a esta leitura, pois mergulho no tempo ao ler o relato de Flaubert na sociedade rica, desocupada do ano de 1830. Que ele pormenoriza.
De fato é um retrato, ele "vê" a sociedade com o zoom de uma "Canon 600", como a que eu uso para minhas fotos de natureza.
O que importa a "rotina da realidade", se esta realidade... "são meras sombras passageiras"?
Pois tudo aquilo que Flaubert retrata, já passou por completo. A busca da verdade que se esconde nos mistérios das relações humanas - esta é a perene história do mundo. E que todos nós queremos entender.
Acima da "realidade-nua-e-crua" que o Sr. Flaubert foi mestre em realçar em suas histórias...
Acima de tudo, está a capacidade de grandeza do ser humano.
Ao se reerguer de seus próprios abismos emocionais, sobrepujar a dor e se reerguer em busca de sua escalada à Evolução.
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