Ney Joppert Júnior em entrevista exclusiva à Equipe Wolff

Liderança


Para confirmar o tema, esta entrevista é uma das mais significativas que já fizemos neste projeto Você É Muito Importante Para Nós! Acompanhe:

RW: Como foi sua carreira acadêmica e o começo de tudo?
O início da minha carreira foi mais para empresa. Empresa





rial. Trabalhei numa multinacional durante muito tempo e tive várias oportunidades de cursos no Brasil e no exterior. Foi um período bastante interessante e dinâmico também. Quando eu me aposentei comecei a trabalhar em consultoria. Então todo aquele conhecimento que eu tive dessa organização e organização fora do Brasil, eu comecei a aplicar na área de consultoria.
RW: O senhor esteve em quais países?
Eu estive no Japão, Inglaterra, França, Alemanha. Acho que só...
RW: É bastante!
Malásia... Então, em todos esses países houve treinamento nessa organização.
RW: Sim? E quais foram os cursos que o senhor esteve fazendo nestes locais todos?
Ah! Vários, principalmente na área de "Qualidade", "Gestão de Pessoas", e no último que eu estive foi "Como transformar uma Organização". Isto é muito importante.
RW: Em Engenharia?
Além de Engenharia, foi Qualidade em Engenharia e uma outra etapa, que deve estar chegando no Brasil agora, chamada "Transformação Auto-Organizacional", é "Como desenvolver líderes e obter resultados". As duas coisas juntas!
RW: O senhor tem livros sobre a sua matéria?
Tenho alguns vídeos que eu fiz nessa organização. Trabalhei depois nessa consultoria em organizações grandes.
RW: Muito interessante! O Brasileiro é empreendedor. É necessário, além de ser empreendedor, ter estrutura também. Quais são os estudos aliados à Engenharia de Produção que o senhor pensa que um estudante universitário pode fazer?
Pós-graduação é importante hoje em dia. Você quer entrar numa área, quer competir no mercado? Só graduação hoje não é suficiente! Hoje você tem que ter algo mais. Tem que entrar num curso de pós-graduação. Seja na área de Custos, Qualidade, Reengenharia. Um MBA é muito importante.
RW: Mesmo para a área de Direito o senhor vê assim?
Áreas de Direito especificamente eu não estou muito afim, mas eu diria que a área de Direito, hoje, está muito inter-relacionada com todas essas áreas!
RW: Sim!
Por exemplo, se você fala em Engenharia Ambiental, se a pessoa fala é Engenharia. Mas eu digo - é Direito, é importante! Eu diria então que hoje as disciplinas não estão como eram no tempo em que eu estudei... hoje os estudos estão interligados, interconectados, inter-relacionados! Então, Direito hoje está totalmente ligado, por exemplo, com a Engenharia Ambiental!
RW: E é cada vez mais necessário!
É. Se você está falando em obter resultados para uma organização, você está vendo o que uma organização precisa, obter vantagens no mercado - de uma maneira honesta - é importante que você procure obter certas informações... Na área de liderança é importante! É através da liderança que você obtém resultados numa organização.
RW: Professor, e o que pode ser feito para se desenvolver quando a pessoa já tem "in natura" o conceito de liderança?
Antigamente as pessoas falavam que tinham "carisma". Mas ninguém entendeu bem o que era esse "carisma". Alguns tinham uma noção, uma leve divisa desse sentido. Hoje em dia já tem autores que identificaram quais são as características básicas de um líder. E, essas características, uma vez identificadas, podem ser desenvolvidas! Essa é a boa notícia - essas características básicas da verdadeira liderança são ideias, que vão permitir sua organização ser competitiva; valores, são importantes identificar e compartilhar quais são os valores imperdíveis dessa organização, falta dar aquela ideia que vai dar uma vantagem competitiva. Uma outra característica do líder é ter energia. Ter energia interna - que motiva a ele buscar novas ideias para melhorar sua atuação. E energia para motivar as outras pessoas e alinhar toda a organização na "pró-ação" dos objetivos. E os valores! Só mais uma coisa - decisão! Um líder tem que saber tomar decisão. Decisão justa, baseada nos valores, sobre pessoas, processos e produtos dessa organização.
RW: E como manter o foco dessa organização e o foto desses líderes sintonizados?
O foco da empresa e o foco da liderança é uma coisa única. Ela tem que buscar resultados, vantagem competitiva, e a liderança faz parte disto. É através de líderes que desenvolvem essa organização, é que se consegue que essa organização progrida, alcance resultados e melhore no país. 
RW: O conceito do livro "Como se tornar um líder servidor" - o que o senhor pensa sobre isto?
Para dar uma nota de zero a dez, daria nota seis para este livro. É um livro interessante, mas eu gosto mais de coisas objetivas, práticas. Ali ele conta uma história, mas não define com um pouco de emoção a história do livro, mas não mostra o que ele pode fazer, completamente, para melhoras as coisas para o espírito de liderança. Há um livro de um autor americano em que eu participei de alguns treinamentos dele, aqui e fora do Brasil, chama-se Noel Tichy - os dois livros dele "A engrenagem da liderança", e "O autor da Liderança". É muito bom, eu recomento, é facil e didático, fácil de entender. O livro permite que você identifique os ponto fracos e como você vai se desenvolver. O outro livro dele é "Tome conta do seu destino, ou alguém o fará". É a coisa mais verdadeira do mundo! Se você não tomar conta do seu destino, alguém vai tomar, por você! Esse é um bom autor!
RW: O top de linha em termos de Brasil é na Universidade de São Paulo, e temos ainda U. de Bento, a Universidade de Harvard. O que o senhor pensa a respeito dessas "luzes" e desses locais?
Eu gosto de Noel Tichy, que foi meu professor. Outro que eu estudei muito com ele e que se tornou meu amigo foi Brandon Goshny, do Instituto IAN dos Estados Unidos e agora é professor da Universidade de Carolina do Norte. Existem vários bons professores, mas estes são os que conheci, li, experimentei, vi, que a proposta deles é muito boa. 
RW: Excelente qualidade, sim! É importante o aluno sentir que é necessário se dedicar aos estudos. Se não houver dedicação, como disseram naquele filme de Kung Fu, "Se você quer um ideal pertença a ele, para que este ideal possa pertencer a você”! O senhor concorda?
Você tem que ver o seguinte: é preciso ter um "sonho". Porque é o sonho que te leva à "vislumbrar novas oportunidades!"
RW: Certo!
Não basta só sonhar... Uma vez que você sonha - você tem que definir suas metas - para realizar este sonho. E que este objetivo se concretize, pode ser a médio ou longo prazo. E neste caminho você vai fazer os acertos necessários para chegar nestes objetivos ou em rever estes objetivos. 
RW: Tem o lado espiritual também. Tem pessoas que trazem uma carga muito negativa. E outras muito positivas! Como fazer para se desviar dessas pesoas negativas... e acertar os caminhos na positividade?
A gente não deve se preocupar com isso... mas penso que a experiência que a gente tem de vida é muito importante! Nossa vida é aprendizado, o tempo todo! A medida que as pessoas vão vivenciando, desenvolvendo mentalmente, espiritualmente e fisicamente, elas vão sabendo fazer escolhas com mais sabedoria... Sabedoria, para mim, é o que é importante! São na verdade duas coisas importantes, e o que todo mundo tem: sabedoria e altruismo. Se a pessoa desenvolve essas duas coisas juntas - acho que temos nessa pessoa um líder!
RW: Manter a alegria no coração de todo ser vivente, na minha opinião alegria prolonga a existência.Como manter esta chama de entusiasmo?
Entusiasmo... Essa palavra, alguém falou que significa "Deus dentro de você!"
RW: Eu falei isso para o senhor. 
É verdade!
RW: Essa era a opinião de meu pai: In-theo-siasmo - Deus dentro de você!
É importante isso! É para a gente refletir sobre isto e poder permitir que a gente entre em contacto com esse ser maior, e que se possa conversar com "Ele" e que "Ele" possa conversar com a gente! Porque Este ser é Bondoso. 
RW: O senhor acredita que a Constituição Brasileira visa o aspecto empreendedor como objetivo profissional? Ou estamos vivendo uma nova ordem mundial?
O empreendedor existe. O Brasil tem grandes empreendedores. A característica do empreendedor é entender e identificar oportunidades onde outros não identificam. Está diretamente ligado à liderança. O empreendedor compreende a oportunidade, tem energia para trabalhar, colocar aquele sonho em realidade e define valores para aquele grupo - e sabe tomar decisões.
RW: Em sua opinião, isso tem a ver com sensitiviness.
O camarada tem aquele sonho, aquela ideia, se é intuição se é ideia, penso que sim. Vem tudo a ser a mesma coisa: "O que eu posso fazer aqui - e que vai dar certo?" Então, se ele descobre isso... Está relacionado com o sonho também! Aí entra os aspectos da parte concreta: "quais são as partes concretas que tenho que agir agora, para chegar à essa conclusão?" Aí tem os organismos de apoio, aquela pessoa tem um sonho, uma ideia? Mas organizar as questões, as partes, como: financeira, suprimento, contacto com fornecedor, com o cliente... Que o empreendedor vai precisar ter para poder concretizar isso. 
RW: Que mensagem de otimismo o senhor passa para os nossos acadêmicos, e as novas pessoas que estão ingressando na sua área e para os nossos empreendedores do Brasil?
Ter ideias é importante. Ter ideias que vão trazer vantagens competitivas para a organização é importante. É essencial a pessoa desenvolver valores. Valores que serão fundamentais para que estas idéias sejam verdadeiras. Trabalhar em equipe. Definir metas ambiciosas. É importante motivar as pessoas. É importante tomar decisões. E... Sabendo que qualquer uma destas etapas irão a reboque de resistências. É a característica do ser humano. O empreendedor tem que saber que as resistências existem, elas estão aí!
RW: Resistência?
É, qualquer mudança gera resistência... Se eu estou satisfeito com minha situação atual hoje... E alguém propõe alguma coisa diferente , eu pergunto "E como é que vai funcionar isso no futuro?" É aí que a resistência cria  um certo embaraço! E o líder tem que entender que isto faz parte da vida. Entender isso como uma coisa natura, conseguir aliados - pessoas que compartilham de suas idéias e seus valores!
RW: Professor, a Equipe Wolff está honrada e agradece  a sua entrevista.

RW: Aspectos relevante desta entrevista?
A liderança. 
RW: Que conselhos o senhor passa aos nossos leitores  - conselhos de vida, conceitos.
Penso que o líder  tem que ser honesto. E tem que ter "serviço ao próximo". Eu tive sorte de trabalhar em uma boa organização, muito ética, muito honesta que foi a Shell Brasil. Tive chance de aprender muita coisa lá, fiz muito curso no exterior. Quando eu me aposentei, em 99, eu trabalhei 9 anos dando consultoria. Aí viajei o Brasil todo! Dei consultoria para Brasil Telecom, Cia Siderúrgica Nacional, Petrobrás. E várias outras organizações.
RW: O senhor conheceu o Dr. Augusto Gomes de Matos no Instituto Brasileiro de Pesquisas em Parapsicologia, no Rio de Janeiro?
Não, aliás a parapsicologia , nunca "entrei direto"... eu sempre "gostei", mas nunca, como é que o senhor diz? Ah! nunca fez parte da minha vida profissional. Eu lia com interesse, mas não ... Então trabalhei 9, quase 10 anos em consultoria. Depois entrei na vida acadêmica, dando aulas. Depois que entrei para minha vida acadêmica dando aulas. Então presto serviços ao próximo. Se alguém teve chance de aprender muito, fazer muitos cursos aqui, é importante compartilhar isso com outras pessoas! E... uma vez eu estava no Japão, fiquei um período lá. Será que eu posso citar o nome da empresa? Acho que posso... A Shell me permitiu várias coisas, fiz vários cursos em vários países. E uma vez no Japão, eu estava jovem ainda! O japonês não aposenta... Ele morre! Como ele aposenta? Então se ele era um diretor de uma organização muito grande - ele sai daquela organização em que ele era o diretor e vai ser gerente de uma subsidiária! Achei isso interessante, porque conforme vai chegando a idade - a atividade física nossa é diferente de um jovem. Mas a atividade intelectual continua! Acho que até um pouquinho mais - tem um pouco mais de sabedoria. Então ele já viveu muito. Eles eram diretores da matriz... E vão ser gerentes de uma filial... Mas eles estão levando o quê? Conhecimento! Depois disso eles vão para outra empresa do grupo, menor... Levando o quê? Conhecimento! E depois... Eles vão ser professores! E o que eu aprendi no Japão é que o professor é a única profissão que merece reverência do Imperador. Todo mundo tem que fazer reverência ao Imperador. Mas a única profissão que ele reverencia, é o professor! Porque ele entende que é a pessoa que está trazendo o conhecimento e a sabedoria. E compartilhando aquilo com as outras pessoas. Então quando eu vi aquilo eu entendi: antes eu nem sabia o que iria fazer na minha vida - depois. Ali percebi. "É isto que eu vou fazer!" Então quando voltei para o Brasil, pensei "É essa a trilha que eu vou percorrer. Vou me aposentar, vou trabalhar em consultoria, e depois vou dar aulas. O que eu vi, que eu escutei, que eu aprendi, eu concluí - vou passar isso para os meus alunos.
RW: Isto revela amor... Amor a Deus, amor à vida, amor ao próximo. A pessoa sente uma vontade de passar à frente tudo o que compreendeu!
Aquele meu conceito "O que eu aprendi na minha vida, se você "serve" alguém, se você "serve" com amor, você está ajudando aquelas pessoas". Se por acaso você aprendeu, a vida lhe ajudou a aprender algumas coisas... A sabedoria vem daí! E outra coisa que falta para concluir esse "tressê" aí é o altruísmo. E oferecer aquele meu conhecimento, altruisticamente, é o que me deixa feliz! Mas eu falei tanto da minha empresa, que eu não falei da minha formação. Eu sou engenheiro químico.
RW: O senhor se formou em qual Universidade?
Na Rural, RJ. E eu trabalhei com... Trabalhei não... "ele" era o chefe... Eu comecei com ele em "iniciação científica" na Universidade, com o Prof. Rodson Gridney. Ele foi candidato a Prêmio Nobel. Acho que é o único brasileiro candidato ao Nobel em Química. Ele trabalhava com fitoquímica. E aí fui para esta Universidade exatamente porque eu queria trabalhar com fitoquímica.
MW: O senhor pode até "assinar" perfumes! 
Bem, não sei... Mas aí eu queria era química orgânica! E eu fui para estar Universidade exatamente para trabalhar nisso! Entrei, fiz bolsa de estudos. Fiquei empolgado, fui um dos melhores alunos! E comecei a trabalhar na área de fitoquímica. Eles pegavam uma planta, e eu peguei o cajueiro. E estudava, moía o cajueiro, a planta, extraía-se e analisava cada constituinte desse cajueiro! Via aquelas substâncias, tentava através de equipamentos, identificar “que substância era essa?” E aí sintetizava isto e mandava para a Área de Farmácia. E a farmácia ia identificar o seguinte “Essa fórmula química serve para quê?”. Mas isso em medicina. Era um cajueiro da Amazônia; E ia lá e as pessoas identificavam uma planta bonita, correta, direitinho. E eu extraía a substância e colocava isto para ver... E a gente pensava “Os indígenas daqui, as pessoas que moram aqui usam essa planta para quê? Ah, essa planta dá para chá, para evitar ‘esse tipo de problema’”. Então já tinha ali um conhecimento de muitos anos, daquele grupo que morava ali na Amazônia, para saber “porque se usava aquela planta”? Aí nós íamos para a parte científica “Quais eram os componentes dessa planta, que poderiam se utilizar em remédios?”. Isso é muito importante! Na farmácia eles já viam assim “Ah, essa estrutura tem essa hidrolixa aquim tem esse anel aromático. E serve pra quê?”.
RW: Então é uma área muito bonita?
MW: E como é que o senhor fez essa transposição de estudar fitoquímica, até chegar a este tema - liderança?
Eles me chamaram para uma entrevista. Eu fui. E fiquei 27 anos trabalhando nessa organização. E dentro desse meu envolvimento aí, comecei a passar para Pesquisas, Qualidade, fui para a parte de Produção, Gerência, e Gerência de Qualidade, a partir daí entrei em Transformação Organizacional. Nesse momento em diante, comecei realmente na área de "Liderança". Você quer transformar uma organização? Tem que transformar nessa área: "Liderança".
MW: Fazendo uma "ponte" - esse estudo de plantas influiu em algum aspecto no seu modo de ver a questão Liderança?
Diretamente na Liderança, não... Mas tudo isso mostra que o mundo é mais complexo do que se imagina. E a gente tem que buscar inspiração nisso! Mas, voltando ali à pesquisa de plantas, a planta é um reator!
MW: Mas a observação de plantas lhe fez alguma influência, quanto à observação do comportamento do ser humano?
Se a gente olhar a planta como um ser vivo... a gente tem que respeitar a planta! A gente começa a desenvolver mais respeito com as plantas... E também com o ser humano. Começa a ver com mais respeito as desigualdades. "Os seres humanos são diferentes também?" - "São!" E assim, respeita-se... O respeito é muito importante. E é o seguinte, tem gente que diz "Ah, estou com 30 anos, o que vou fazer da minha vida?". E eu digo - "Meu amigo, 30 anos é tão jovem! Enquanto você tiver vida, está aprendendo. VocÊ tem experiência para tudo. Veja o meu exemplo. Eu comecei numa organização onde trabalhei como empregado, depois tive minha empresa própria, fui trabalhar como consultor. E depois... sou professor hoje e daqui alguns anos vou fazer outra coisa"... (discreto sorriso)
RW: O senhor pode ser escritor!
Enquanto você estiver vivo, você tem oportunidade de fazer coisas novas, aprender!


Em off:
Vou indicar Júlio Mitioka. Vocês vão gostar muito dele! Ele é professor da UERJ. Ele tem uma visão muito interessante, é doutor nessa área, é engenheiro. 

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