Como ser um hoteleiro de sucesso nos dias atuais?

Empresário de Nova Friburgo, Ivar Lemos Bravo em entrevista exclusiva à Equipe Wolff


RW: Bom, como veio essa ideia de ser dono de hotel na vida do senhor?

Ivar: A minha mãe começou com 9 anos, trabalhando no Rio de Janeiro, em vários hotéis, restaurantes, entendeu? Depois retornou à Friburgo, trabalhou de garçonete em todos os hotéis de Nova Friburgo. E foi lavadeira, cozinheira... tudo! Até chegar à gerência. Inclusive esse sistema que nós trabalhamos foi ela que criou. O sistema de "servir". Porque na época que ela trabalhava, a comida era servida em vasilhas. E a pessoa estava comendo e ia com a própria colher na vasilhinha e pegava, sujava tudo! Então minha mãe pensou "Meu Deus, um dia vou ter o meu restaurante e vou criar um sistema que isso não aconteça". Às vezes ela tinha vontade de falar com o proprietário, mas ficava com medo e tal. Um belo dia ela foi trabalhar num hotel em que o cara era tio dela, e pensou "Bom, agora eu tenho condição de falar". Então, aquelas comidas que sobravam nas mesas, tudo babuzado, o dono do hotel levava pra cozinha, requentava e daqui a pouco aquela comida estava no prato de outra pessoa. Ela não concordava, porque ela era muito ligada nesse negócio de limpeza, higiene, sabe? E foi no dono que era tio dela e falou assim "Fulano, vamos mudar isso, não é possível! As comidas que sobram, requenta e volta pro prato dos outros".
Então ele falou "Minha filha, você é paga para trabalhar e não para dar opinião!". Aquilo foi um choque para a minha mãe que pensou assim "Não falo mais nisso e quando montar o meu empreendimento, vou criar o meu sistema". Então criou esse sistema de rodízio de comida caseira. A comida sai lá da panela e vai para o seu prato! Quando foi a época de 1986, 1990, por aí, veio a comida à quilo. E como mamãe era muito conhecida na cidade, tinha muitas amizades, e seus amigos chegaram aqui falando "Mariquinha, você tem que passar para o sistema de comida a quilo, se não você vai falir!" e ela respondeu: "Não, esse sistema foi eu que criei, e vou levar até o fim da minha vida". E fez isso! A comida à quilo está aí, e nós estamos aqui até hoje vencendo. Fazem 10 anos que minha mãe faleceu e em respeito, estamos no mesmo sistema até hoje. Vamos seguir o que plantou. 

RW: Nossa mãe foi empreendedora também. E eu admiro muito as mulheres que se esforçam, e são vencedoras. Porque isso é uma capacidade única. Não é toda mulher que é assim. 
Ivar: Minha mãe era uma guerreira. Ela cozinhava maravilhosamente bem. E chegava na cozinha, às vezes tinha 16 empregados, e mandava todo mundo ficar sentado e fazia tudo sozinha. Era uma máquina para trabalhar. 

RW: Espírito nobre. Mas como é ser dono de hotel nos dias atuais?
Ivar: Olha, eu não diria que é difícil. Porque quando a gente faz as coisas que gostamos, porque a gente viveu nisso, nasceu nisso, então é uma festa! É bom demais! A gente gosta do que faz.

RW: Quais são os novos objetivos em termos de hotelaria que o senhor vê para o futuro?
Ivar: Eu tenho 4 filhos. Dois deles são engenheiros, e estão no Rio, na Washington, do ramo. E tenho duas filhas. Uma é funcionária pública, e a outra que é a mais nova, e gosta daqui. Então já estou passando um pouquinho a bola pra ela. E minha filha gosta como eu gosto, e como minha mãe gostava. 

RW: Como o senhor fez, assim como plano de carreira, para desenvolver e ter sempre o mesmo resultado. Porque a gente nota que é bem sucedido. 
Ivar: Eu atribuo isso a fazer o que gostar, você fazer aquilo com amor. E eu acho que isso leva a gente pra frente sempre! Sempre pensando em melhorar, agradar cada vez mais os clientes. O importante é a gente ser feliz, não é? A gente gosta disso aqui. A gente faz as contas, dá pra pagar, e estamos felizes da vida. Tenho empregados de 40 anos, de 50. Minha mãe tem empregado de 70 anos! 

RW: Senhor Ivar, antes de ser proprietário de hotel, teve alguma outra profissão?
Ivar: Eu fiz Engenharia Civil, até o segundo ano. E quando eu já estava fazendo a faculdade, a minha mãe teve um problema de saúde. E tenho um irmão advogado, que não faz parte do ramo de hotelaria, e uma irmã que casou muito nova e foi morar em Barbacena - MG. Então minha mãe ficou sozinha. Aí o médico me falou assim "Ivar, você escolhe. Ou você se forma engenheiro, ou você fica com a sua mãe. Porque sua mãe não tem mais condições de tocar sozinha o hotel". Eu abandonei a faculdade e comecei a ajudar minha mãe. E gostei, peguei gosto pela coisa e graças a Deus estou aqui! 

RW: A Equipe Wolff parabeniza o senhor pela qualidade do atendimento. E agradecemos a sua entrevista!
Ivar: Foi um prazer! Obrigado! 

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Em off:
Ivar: O conceito é trabalhar com amor. E é tudo na vida! Com amor se consegue tudo. Se você faz o seu trabalho, todas as coisas, pensando no próximo, sem prejudicar o próximo é bom de mais! É muito fácil, é só você procurar não prejudicar ninguém... A vida segue! Um fazendo o bem ao outro... Não pode dar errado! Do momento que se passa um fazendo mal ao outro é que a coisa fica ruim.
RW: Concordo, o conceito é este, fazer tudo com amor. Com amor se consegue tudo na vida.
O Sr. quer indicar alguém para ser entrevistado?
Ivar: Peter Bucsky, esse rapaz é maravilhoso. Ele também é hoteleiro.
RW: Quem escolheu o nome Maringá, foi sua mãe?
Ivar: Quando ela comprou o hotel, já tinha esse nome e ela manteve.
RW: E deu sorte, não é?!
Ivar: Quando ela comprou, foi com muita dificuldade, e para trocar envolvia mais dinheiro, então ela manteve o nome. É, deu muita sorte!


















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