Exemplo de solidariedade - Carlos Alberto Ferreira

Temos aqui um novo amigo; uma pessoa que nos socorreu em um momento difícil: estivemos na ponte Rio Niterói quando estourou uma peça dentro do carro... A peça é da refrigeração do carro que é a mangueira. E por muita sorte, muita oração, conseguimos chegar aqui no CRDD/RJ. E deixamos o carro de ontem para hoje. Hoje, ao pegarmos um táxi, por intuição da Martha descemos ali no Jornal do Brasil. E encontramos o Carlos que está conosco, sorridente e nos atendendo com a maior boa vontade e gentileza. Queremos dizer que é um exemplo de solidariedade. 


Reinaldo Wolff: E aí Carlos, como é que tem sido sua vida como taxista aqui no Rio de Janeiro?

Carlos Alberto Ferreira: E num largo sorriso e sotaque bem característico do carioca, ele diz: Eu, primeiramente, agradeço a Deus... Porque no meu dia a dia, "não é mole" trabalhar de taxista no Rio de Janeiro. E... para mim, foi um privilégio ter encontrado esse casal de irmãos, perto do prédio do Into, fui solidário a eles, e ter "pego eles" até a Rua D. Pedro II, não é? Que é um trajeto curto, mas eu levei eles até o percurso que ele queria... E chegando no seu destino, ele me avisou, me comunicou que o carro dele estava quebrado. Eu falei para ele se queria alguma ajuda, ele falou que queria sim. Eu falei que entendia um pouco de mecânica e se fosse o caso eu poderia ajudá-lo. Chegando no seu percurso, eu estacionei, desci do carro e fui até o seu carro. E chegando lá, constatei que era a mangueira do radiador que tinha estourado. Tirei a mangueira e fui até a autopeça para comprar a mangueira. Estava um pouco cara e eu até brinquei com ele, falei que a mangueira estava o preço do carro... Ele ficou rindo pra mim. Aí cheguei de novo no local que o carro estava estacionado. Graças a Deus eu tive o privilégio de ajudar meu amigo, meu irmão. E trocamos a mangueira e ele vai voltar para casa tranquilo e feliz.

RW: Isso quem fala sou eu... Vou voltar bem feliz de ter resolvido tudo e sem acidente. Está ótimo. E então Carlos, é bom ser taxista no Rio de Janeiro, nos dias de hoje?
CA: É bom sim. Escuto  relatos de amigos de que já foi melhor. Anos passados, já foi melhor. Hoje em dia a Prefeitura persegue muito os taxistas aí, devido aos maus elementos. Em toda profissão sempre tem umas pessoas que não prestam. Mas dentro desses 36 mil taxistas, sempre tem um ou outro que se destaca por algum fato negativo. Que é onde eu dou como exemplo assim - num pano branco uma pontinha preta ali se destaca no meio da multidão. É o que está acontecendo hoje em dia. As pessoas normais, os trabalhadores normais são perseguidos pela Prefeitura - já que a mesma nos deixa à mercê dos outros maus elementos que ela, deixa trabalhar no meio da gente, "negredindo" nossa imagem.

RW: E o que pode ser feito para melhorar isto?
CA: Eu creio que seja mais a Prefeitura presente. Sabendo escutar mais os taxistas. Acho que trazendo a "Prefeitura mais no meio da gente", escutando mais a gente...

RW: E como é o dia a dia? É cheio de riscos ou tem assuntos muito interessantes que ocorrem?
CA: Ah! O dia da gente é bem legal né? Os passageiros falam que a gente é um "psicólogo', muita gente entra em nosso carro rindo, outros chorando... E eu tive o privilégio, a maioria das vezes que eu pego as pessoas desesperadas, chorando, elas quando descem do carro estão sorrindo, porque conseguem desabafar. E o dia nosso é bem perigoso, com relação à questão de Segurança. Somos desprovidos de ajuda dos Órgãos Públicos em relação à segurança. 

RW: E você faz o quê no sentido de melhorar esta segurança?
CA: Evito trabalhar de madrugada, evito pegar certos elementos em certos lugares.

RW: Você se guia pela intuição?
CA: É, pela intuição!

RW: E pela sua religião?
CA: É verdade, é isso aí.

RW: Você é evangélico?
CA: Sim, sou evangélico!

RW: Nós também somos evangélicos. Há uma ideia de um plano de carreira para que o taxista faça?
CA: No momento não passa ideia pela minha cabeça. Mas tem muita coisa para melhorar no sistema de táxi do Rio.

RW: O sistema cooperativado é bom para o taxista?
CA: É entre aspas. Porque é cobrado uma taxa muito alta para trabalhar, para eles prestarem um serviço que ao mesmo tempo eles não prestam nada! O taxista entra com o seu carro, entra com o seu trabalho e eles só entram com o projeto de ganhar dinheiro!

RW: Que mensagem positiva você passa para os seus colegas taxistas e para os nossos leitores?
CA: É, eu deixo isso aí "um dia repleto de felicidade" para todos nós! E que devemos trabalhar sempre com a cabeça erguida, de bom humor, sempre entendendo o lado do passageiro, entende? E procurando sempre escutá-lo! E deixar que ele, sempre ele, tenha a razão.

RW: Há um conceito em você de sabedoria. A sabedoria é de Deus. Eu não acredito que nós humanos temos sabedoria. Nós podemos no máximo ter o conhecimento. Tanto é que o Rei Salomão brava pedindo sabedoria. Sabedoria é o que realmente vem de Deus. É fantástico quando a gente tem esse "mergulho interior", esse "insight", capaz de enfrentar as adversidades e ainda assim encontrar e pôr Deus em tudo o que faz. E a Equipe Wolff agradece o seu exemplo de solidariedade. Parabéns pela bela atitude.

(Quero destacar o fato que aqui o nosso amigo é técnico em contabilidade, técnico em radiologia e tecnólogo em Petróleo e Gás. E caso nossos leitores sejam da área de Petróleo e queiram dar oportunidade, que esse moço tem um "coração de ouro". É o aval da Equipe Wolff para ele. Muito obrigado). 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Um breve relato sobre a vida da escritora Anna Wolff

INTROSPECÇÃO - É o caminho para crescer o seu poder mental e libertar-se de conflitos

Coronel Aurélio da Silva Bolze em entrevista exclusiva ao jornalista Reinaldo Wolff - retrospectiva