Ivan Jannotti Wendling em entrevista exclusiva à Equipe Wolff - 86ª Semana do Fazendeiro - Viçosa MG

RW: Boa tarde, seu nome, professor?
Boa tarde, meu nome é Ivan Jannotti Wendling.

RW: Alemão, professor?
Sim, alemão de origem.

RW: Nós também somos assim: “alemão de origem”!
Ah! Muito bem!

RW: Professor, como é que despertou seu interesse pela área rural, pela natureza, preservação do meio ambiente e a água?
Tudo começou com a experiência na pecuária leiteira. Nós somos estagiários aqui em Viçosa no Programa de Desenvolvimento da Agropecuária Leiteira da Região de Viçosa (PDPL) e ainda enquanto estudante de agronomia, e estudando, eu observei que a pecuária tem a sua importância – social, econômica, de leite, de carne, geração de empregos, mas... é bastante impactante... ela é muito impactante! E no decorrer da profissão – a gente vai amadurecendo, aprendendo formas de produzir, um pouco diferentes, não é? Produzir e atualmente nós temos uma proposta de produção de leite menos dependente de insumos (de adubos químicos) através do uso de leguminosas que fixam o nitrogênio para o pasto. Nós sabemos que a falta de nitrogênio é um dos principais fatores de degradação de pastagens.
Para termos uma ideia, o Brasil hoje tem aproximadamente 200 milhões de hectares – e quase metade disso está em processo de degradação! Isso é preocupante! Tem um custo social, custo econômico... E ambiental, nem se fala! Então as propostas de produção de leite e carne seriam mais voltadas para o uso de leguminosas. Tanto as leguminosas arbóreas, que dá a sombra para o animal, o conforto térmico para o animal, e que fixam também o nitrogênio, mais leguminosas arbustivas, que sirvam de alimento, para os animais – e ainda fixam o nitrogênio atmosférico, reduzindo custos e desempenhando um papel ambiental de suma importância.

RW: Professor, já pensaram em termos de árvores gigantes junto de árvores menores?
Sim, é o que a gente chama de sistemas silvo-pastorais multi extratos – nós temos o primeiro estrato – que seria os capins (as braquiárias, os colomama...). Enfim, aquele primeiro estrato rente ao solo que é o principal fornecedor de alimento, de nutrientes para os bovinos. E um extrato intermediário que seria – um arbusto. Que seria a leucina, a glicídia, o feijão guandu. E num extrato superior, as árvores que dariam, gerariam sombra, conforto térmico para os animais, melhoria.

RW: Na realidade, se as pessoas imaginarem que a Natureza tem uma certa responsabilidade sobre ela mesma. Como por exemplo: as árvores gigantes, com o cuidado das ár

vores menores...
Exatamente!

RW: Se houver o despertar da consciência do grande valor que estas árvores gigantes representam – eu penso que em primeiro lugar seria: a conservação dessas árvores maiores, para haver as menores. O senhor concorda comigo?
Exatamente! Gerando um ambiente propício ao desenvolvimento daquelas árvores que não estão tão acostumadas com o excesso de luz, uma situação de solo não tão favorável... Então essas árvores gigantes que geram sombra dão oportunidade de outros extratos, abaixo dessas árvores, se desenvolverem, sem dúvida nenhuma!

RW: Além disso, professor, o que deve ser feito para evitar essa degradação tão grande de meio ambiente?
Cuidar mais das pastagens, conscientização do produtor... O produtor tem que ter consciência de que ele é um agente difusor, não só ensinando, não só produzindo – mas também conservando o meio ambiente! Sobretudo os recursos hídricos!

RW: Está havendo algum termo de tratado internacional com a questão de Créditos de Carbono – para que se evite o efeito estufa, também na área rural?
Ah! Sim. Temos os próprios critérios de pagamento por recursos ambientais, está previsto a retenção de carbono. A quantidade de carbono retido e o pagamento por esse serviço. 

RW: Sim, além do pagamento por uso do meio ambiente – minha ideia é – não seria necessário haver esses incentivos para que se crie aqui como se fossem  “unidades produtoras” defensivas da unidade de Carbono... em termos de Brasil?
Sim! Isso é um assunto um pouco mais complexo, porque tem vários interesses. Tem o interesse econômico que às vezes é o que fala mais alto. Tem o uso de adubação que requer desembolso – é o mercado falando mais alto. Mas temos tecnologias apropriadas para uma produção mais sustentável. A conscientização, eu penso que é uma questão de tempo. Estamos chegando num momento em que a conscientização ambiental é fundamental.

RW: Que mensagem o senhor dá para os nossos leitores? E para as pessoas terem consciência e melhorarem o seu dia a dia?
Menos ganância! O dinheiro, o poder, está falando mais alto que os “valores”! E o conflito de ideais e de valores! Inclusive no meio rural! Então o produtor, acima de tudo, tem de estar consciente do papel que ele desempenha no meio rural. Ele deve ser um produtor de leite, carne, de qualquer outro produto... Mas ele deve ser também um produtor de água. Então a mensagem final é a conscientização de cada um no papel que cada um representa na sociedade visando gerações futuras!

RW: Com certeza! É necessário que as pessoas tivessem mais amor!
Mais amor! Está faltando amor!

RW: Se a “Natureza é o Corpo de Deus” © - porque não manifestar amor à Natureza?
Exatamente! Está faltando amor em todos os sentidos, inclusive o respeito à Natureza!

RW: A Equipe Wolff  sente-se honrada com sua entrevista e agradecemos muito!
Eu que agradeço. Prazer! Como é o nome do senhor?

RW: Reinaldo Wolff.
Você vai nos acompanhar?
(sem hesitar, embora inscrito no curso que se enfileira para sair  no ônibus ao lado, o jornalista responde):

RW: Sim!






Entramos todos no ônibus, rumo às fazendas e para as aulas do Professor Ivan.
E acontece a fascinante aproximação nos ideais de toda a turma, quando, no alto da montanha, rodeada de perfumados eucaliptos – o jornalista rezou, pedindo a Deus benção ao projeto inovador de restauração do bem maior da Natureza-Mãe: água – preservar as nascentes.
Propagar a mensagem de amar a Natureza, respeitando suas leis, em harmonia. Uma brisa sopra entre as folhas, espalhando perfume e um suave murmúrio. Ouvimos, em silêncio a resposta da Natureza, felizes por viver este momento ao mesmo tempo mágico e divino.

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