O que é viver a chama do espírito 'ufeviano'

Com um modo de pensar pró ativo e humanístico e também atenta às modificações da UFV, Viviani Silva Lírio em nova entrevista exclusiva à Equipe Wolff



RW: Professora Viviane, como tem sido ao longo desses anos todos a experiência de viver a Universidade tão intensamente como vocês vivem?
Viviane Lírio: É uma grande pergunta! Eu estou aqui na Universidade vai fazer 18 anos... como docente, né? Um pouco mais, como estudante. E na verdade eu posso responder sua pergunta pelo meu testemunho, pelas minhas experiências!

RW: Claro!
(a seguir, aquela voz límpida transparece o espírito esclarecido)
Viviane Lírio: A UFV é uma escola diferente! Eu vim de outra instituição, a qual eu sou muito grata, mas a Universidade aqui, por algum motivo ela permite uma espécie de imersão! Talvez pelo peso dela perante a cidade, muito do que acontece dentro da instituição, de bom e de ruim, penetra na vida da sociedade daqui de Viçosa. Então, de fato, aqui a vida é mais intensa! No relacionamento. E também há o espírito – a gente chama de “espírito ufeviano” – (sorri de leve) – que não chega a ser bairrista, não! Mas que é de um zelo para com a Universidade... Um cuidado para com os Eventos, os prédios – que não é comum... Ou, não tem sido comum, infelizmente, em outras instituições federais. Acho que é por isso que a gente consegue ter vivências aqui dentro, que em outras instituições não seja possível!

RW: Isso é amor ao trabalho, amor ao estudo.

Viviane Lírio: Amor! É mais do que amor ao trabalho. É como se houvesse um sentimento que vai depois, sendo repassado aos mais jovens – de que nós somos responsáveis pela formação desses milhares de alunos. Então a maioria desses funcionários se dedica às atividades para além, inclusive das suas atribuições originais. Em todos os campus. Sobretudo no campus de Viçosa. Os outros eu conheço pouco. Por exemplo – nós estamos num período de greve! 

RW: Sim.
Viviane Lírio: E o comando de greve, em interlocução com a Universidade, fez um acordo para haver um escalonamento – para que a Semana pudesse acontecer, entendeu? E isto é muito cuidado com a Instituição!

RW: Claro! Nós notamos que – estivemos num Instituto de Parapsicologia, no RJ, e foi nos dito que quanto mais a pessoa pede em oração benefícios, benesses espirituais, maior se torna a sua responsabilidade! Então assim também, acredito que quem exerce uma função de direção, ao mesmo tempo que desenvolve um zelo, um cuidado, e  até mesmo um amor, por toda a Instituição... Ao mesmo tempo cada vez há um sentido maior de responsabilidade.
Viviane Lírio: Eu não tenho a menor dúvida! E está no Evangelho, não é? 
RW: E como é que entende esse sentido de responsabilidade diante de tudo isso? Há um gerar de estresse por problemas com greve, ou coisas assim.
Viviane Lírio: Não, o estresse faz parte da vida. Eu entendo a pressão na atividade em períodos, por exemplo, como agora... Onde a gente tem uma crise financeira. Onde a gente tem aqui uma redução da nossa capacidade orçamentária – é claro que o estresse surge porque as demandas aumentaram...

RW: Sim...
Viviane Lírio: E o recurso não está disponível. Agora, quando você tem uma equipe coesa – e a equipe quando é coesa é uma coisa vantajosa! A professora Nilda é uma pessoa muito religiosa, entendeu? Eu lembro que no dia que a gente foi comemorar a posse dela – ela pediu para eu fazer uma oração! É raro de você ver acontecer uma coisa dessas numa gestão institucional.

RW: Sim, sim!
Viviane Lírio: Apesar da Instituição ser laica – e deve ser – as pessoas que a conduzem tem uma formação religiosa.

RW: Isso é muito importante. 
Viviane Lírio: Então isso faz a diferença.

RW: É importante orar antes do trabalho.
Viviane Lírio: Aqui eu oro antes do meu trabalho. Particularmente, eu não sou católica! Como eu já lhe disse, eu sou espírita! Gosto muito dos livros da Joana Di Angelis, e de outros autores. Então isso muda o foco quando, por exemplo, a gente vai receber uma estudante com enorme desafio familiar. Você olha para aquele indivíduo como um espírito mortal.

RW: Sim.
Viviane Lírio: Você olha para aquele indivíduo como alguém que está caminhando, igual à gente está caminhando. Então a forma de abraçar a forma de construir isso – é diferente! Nem todos nossos funcionários têm essa visão. Mas como você tem lideranças que se comportam dessa forma – você “externaliza” para eles um tipo de conduta, um tipo de acolhimento, um tipo de gentileza no trato que é diferenciado, não é?

RW: Nossa mãe tinha o hábito de dizer que “Paciência é bondade”. Quando você tem paciência, mesmo com as pessoas que são intolerantes, ou em demasiado nível de problemática, que possa haver em suas vidas... Essa paciência, na realidade, é uma demonstração de amor. E de bondade...
Viviane Lírio: Penso que é mesmo! Concordo com sua mãe!

RW: As pessoas no trânsito estão cada vez mais impacientes! 
Viviane Lírio: Essa paciência é o reconhecimento do tempo do outro. E quando você reconhece o tempo do outro, quer dizer que você está respeitando o outro.

RW: Sim!
Viviane Lírio: Então essa afetividade... ela flui! De uma maneira diferente.

RW: Noto que há uma missão espiritual no seu trabalho. Você – se me permite chamar assim – ao mesmo tempo que desenvolve o seu trabalho, há um aspecto que nós notamos – eu e a Martha – você põe muito de sua espiritualidade! E isso influi em toda uma comunidade.
Viviane Lírio: O que acontece? Na minha vida não cabe ter uma fé que é um acessório. Não sei se vou me fazer entender... Então a minha fé não é um rótulo ou equipamento para uso em momentos de necessidade... Não é isso! Eu penso, de coração, que a minha vida vai imersa numa forma de ver a vida! Então, todo dia, quando eu acordo, quando estou em casa, quando estou aqui, estou num evento, lidando com um aluno, aluno complicado, não é? A Viviane espírito mortal que está ali dentro... Eu espero, torço, que este entendimento com os vários entendimentos das outras pessoas possam criar um eco benéfico, calmante, sobretudo. Porque eu noto é que em períodos de crise, as pessoas ficam muito impacientes. E elas, na tentativa de auto manter-se, elas se esquecem do outro... A função de quem está em qualquer coordenação é – manter a calma. Não deixar que o todo perca essa perspectiva! De que nós somos um conjunto... Devemos nos manter em conjunto! Com temperança. Com calma. Porque esses fluxos positivos/negativos são naturais da vida. E a gente não conhece um bom gestor nos momentos de calmaria! A gente conhece um bom marinheiro no momento da tempestade.

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