Autor Américo L. Jacobina Lacombe - Biblioteca do Exército Editora

O Mordomo do Imperador


“É história de vida real”
Ele era filho de um coronel do Exército no tempo do Império. O pai – dono de minas de ferro, do tipo de mina brasileira que até hoje os ingleses querem... A mina era em Sabará, Minas Gerais. O pai deixou para ele uma fortuna muito grande. Eram 4 irmãos. Um era enorme de gordo, e o mais amigo dele. Esse irmão casou com uma mulher muito rica e foi para Bananal – aquela ilha fantástica em São Paulo (naquela época devia ser um paraíso de praia!). Dali, o outro irmão brigou com o pai... Então era também iniciante da vida militar – tendo brigado com o pai, ganhou menos herança. 
E ele, sim, recebeu uma herança muito boa – ganhou uma mina, e móveis. Só a cama de mogno tinha um cortinado que valia uma fortuna! Até as roupas, naquela época, entravam no inventário. Porque as roupas eram caríssimas! Veio ao Brasil um escritor francês – Saint Hilaire – e esteve na fazenda dele. Descrição que sempre pensei ser assim o carioca!
Nasceu em 1790 – e esse fato foi em 1810 – bem na época em que D. João estava fazendo do Brasil uma corte do Império.
Então, como homem rico, ele só poderia alcançar um cargo de Capitão Mor das milícias do interior. Algo forte deve ter acontecido para ele largar tudo da fazenda e se mudar para a capital. A seguir, o que se sabe é que entrou como aspirante a tenente e ficou 4 anos estudando, sem ganhar dinheiro. Quando ele começou a ganhar, já era alferes – e a primeira missão que recebeu era acompanhar o ouro que saía de Minas até a corte. E além disso acompanhar dois presos, que iam para a corte para serem julgador. Os dois ladrões fugiram! E ele então foi preso porque foi relapso – deixou o ladrão sumir. Ele percebeu com essa experiência que para entrar na carreira militar, tinha que ter honrarias, pois aquilo foi uma desonra pra ele começar a carreira – a primeira missão e acaba sendo preso! Foi o motivador de uma vida inteira, em busca do poder – e começou assim, buscando honrarias. Qualquer missão que ele conseguia bons feitos, a seguir ele pedia uma declaração, de comprovante! Uma assinatura de que realizou aquela missão e que fez a missão a contento. Então, o revés do começo da carreira fez ele levar a capricho – a cada missão que fez, conseguia o documento declaratório do feito! Juntando aqueles documentos todos, lá numa certa hora dava o direito de um aumento para o militar (como até hoje – vai estudando e etapas sucessivas dão direitos a qualificações na remuneração). 
Nesse meio tempo, ele recebeu tarefas cada vez mais importantes – e sendo bem sucedido. Assim, deram a ele um Comando, no interior de Minas. E em cada expedição arriscada, para captura de traficantes de ouro, questões com índios, que conseguia resolver a contento, ele requeria um documento de quem deu a ordem atestando o feito.
Um dia, o D. João que iria ser coroado Rei, havendo já os preparativos da festa da coroação. Só que a festa atrasou porque teve um levante em Pernambuco – movimento republicano em 1816. E estavam pedindo tropas ao interior... Lá foi ele se candidatar! Saiu do interior de Minas e foi ver a vida na Corte no Rio de Janeiro. E se encantou! As mulheres bem vestidas, a vida em alta sociedade, as festas - tudo fez um clima de encantamento ao jovem. E por quê?


Continua...

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