Educar para um pensamento voltado à inovação

Para o indivíduo, onde e como nasce um pensamento voltado à inovação?

Como faz um país para medir a sua inovação? Talvez:
1) Pelo número de descobertas e de patentes.
2) Pelo montante de receitas financeiras investidas em pesquisa e desenvolvimento.
3) Pela qualidade do sistema educativo.
4) Pela qualidade da administração pública. 
A "OCDE"(Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico)
Defini: inovação é a capacidade de gerir os conhecimentos, com a finalidade de gerar vantagens competitivas através da produção de novos bens, processos e sistemas organizativos
Para o indivíduo, o que é inovação?
Eventos, descobertas, são inovadoras se tem uma resposta social. Isto quer dizer: a comunidade reconhece uma melhora de suas próprias condições, sejam elas, jurídicas, filosóficas, econômicas e médicas.
A natureza do termo - conceito inovação:
Em vez de definir vamos indagar a natureza desse fenômeno cognitivo:

É a capacidade inquieta da mente em formar imagens mentais, recombiná-las num prisma dinâmico com associações lógicas originais.

É a capacidade humana de fundir elementos perceptivos e procedimentos lógicos.
E com isso extrair elementos novos de informações aparentemente banais.
É produzir respostas divergentes e criativas.
É olhar a realidade convencional a partir de uma "ótica insólita".
É a capacidade de gerar hipóteses, cenários e soluções diversas de um modo quase casual, e ainda fora de uma lógica padronizada.
Inovação é naturalmente "cultural".
A criatividade, a capacidade de pensar com inovação.
Aprender não é apenas reconhecer o que é sabido, já é conhecido.
Aprender é uma mesclagem de: reconhecimento e descoberta.
Aprender é a união do reconhecimento e da descoberta: a união do conhecido e do desconhecido.
O pensamento educativo autêntico tem que levar em consideração e assumir em seu caráter intrínseco: o fundamental (que é que faz sentido).
Toda descoberta é uma conquista cognitiva que inclui invenção e criação.
Como despertar "pensamento inovador" durante o aprendizado?
A escola tem que ter a coragem intelectual de revelar nos alunos a "consciência desse pensamento inovador". A missão institucional de transmissão de conhecimento de base , não pode permitir que sejam mecanismos banalizadores de pensamento. Para a instrução do escolarizado a instituição não pode "achatar o saber a ponto  de torná-lo insípido e incolor".
Todo o conhecimento desprovido de sentido cria a fadiga mental: é a sensação de inutilidade, a sensação de cisão de todo o possível sentido dos saberes. E isso leva a pessoa ao sentimento de inutilidade da existência.
Este arrefecimento advindo de um conhecimento não dotado de um sentido, é inatural . A banalização nega toda a conjectura.
A conjectura é fruto de um conhecimento válido e sensato.
A escola tem que se perguntar: o que banaliza programaticamente? 
A partir dessa base de "des-banalização" que começa a verdadeira Ciência.
Os mecanismos repetitivos no que diz respeito às práticas da maioria das instituições escolares, ao invés de elevar os níveis dos escolarizados para acima da "instrução" - achatam o saber, tornando-o inútil, incolor.
Qual o papel do professor nos caminhos rumo à inovação? No "Canto XXVI do Inferno", onde é transfigurada a última viagem de Ulisses, Dante exorta:
              CONSIDERAI A VOSSA ORIGEM:
              NÃO FOSTES FEITO PARA VIVER COMO BRUTOS,
              MAS PARA PERSEGUIR VIRTUDE E CONHECIMENTO
O que significa? Dante indica o sentido do conhecimento como meta do homem: verdade é a dignidade e a liberdade humana.
Qual o significado desta referência a Dante?
Assim - além dos programas ministeriais e burocráticos - os professores devem transmitir aos escolarizados o conceito de "um sentido maior" na trajetória dos estudos. Este é o melhor salvo-conduto para chegar a "pensar com inovação".
Como os países têm desenvolvido projetos inovadores em educação?
O Brasil tem se desenvolvido muito rumo à educação na área de busca inovativa. Os desempenhos crescentes de muitas universidades brasileiras no ranking internacional.
Instituições formativas, penso em particular no caso da Itália, perigosa insídia é a "banalização" que já faz parte dos mecanismos de instrução. Causa com isso a "fadiga do saber", onde o resultado é uma inatural separação de "todo sentido". O sistema escolar uniformizados, com rigidez administrativa, e com o inatural papel de "agência de socialização"... Traz o seguinte efeito final: encobrir a essência do conhecimento. Que é busca da verdade. Tornando com isso, um "árduo caminho" - é a "instrução que banaliza". Esta que nega as condições que podem criar e despertar a centelha da inovação. A banalização da instrução nega as condições à inovação, no saber.

A sociedade moderna estará vivendo hoje sob a ditadura da inovação (onde"inovar sempre" não seria exatamente o mesmo que "melhoria")?
O que quero dizer é: inovação é um destino a ser seguido com muita inteligência e perspicácia.
Como vencer a resistência à inovação, nos setores do mundo do trabalho?
A natureza humana é fortemente bivalente. De um lado tende à conservação. Práticas habituais e que dão mais segurança. Por outro lado é o fascínio exercido pelo que é o novo.
Então como implementar inovação em uma organização? A forma de organização piramidal das organizações ( task ranking) diminui a possibilidade de abrir novas abordagens para solução dos problemas. Além de haver a ortodoxia de escalas hierárquicas e de tarefas. É uma estratégia de reduzir as ameaças à estabilidade. Mas ao mesmo tempo há um contínuo conflito interno mesmo neste tipo de ambiente, pela ambivalência do ser humano, pode ainda favorecer a receptividade em relação às mudanças.
Quem são os inovadores?
São os indivíduos que têm a capacidade de achar idéias que no momento são pouco valorizados, pouco representadas, mas que conseguem revalorizar estas idéias dando-lhes forte significado.
Como conseguir influir com uma ideia nova que surge?
Convencer os outros, sobretudo os formadores de opinião, a assumir uma ideia inovadora é fundamental para realizá-la.
Reflexões de Mauro Maldonado
Diretor do Cognitive Sciences Studios
Da Duke University 

Resumo do Boletim Técnico Senac - volume 38, nº 3, pg. 82

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