É só uma questão de ponto de vista!

PERCEPÇÃO - Guia mágico de sobrevivência. 
Por Ana Maria Wolff


Vamos dar um mergulho no tempo. Assim, estamos em 1940. Meu Professor Vilela para em frente ao Lúcio, e em atitude severa, pergunta: - O que você está escondendo aí?
Meu colega gagueja, e não pode responder. Está com a boca cheia de bolo. Depois de engolir em seco, ele responde gaguejando:- Estou com muita fome! Não consigo esperar a hora do recreio!
A sala inteira cai na gargalhada. Ele é muito gordo e sente uma fome descomunal.
Contudo o Professor Vilela não vê que o maior delito é o meu. Estou lendo o jornal O Globo, no Suplemento Juvenil, as estórias de Flash Gordon e Dale Arden. Ela é a precursora da mini-saia e das botinhas. Os dois são navegadores, e descobridores do espaço cósmico. Fico fascinada com suas aventuras.
-Prestem atenção!- Diz o Professor Vilela. - Em Latim o que valem são as desinências ou palavras adicionais, como os sufixos. Vamos então pedir à Maria José que decline o verbo ser, em Latim, no Presente do Indicativo. 
Aqui, o que vemos é ela encher a boca de cuspe, e dizer numa seqüência, todas as terminações expressas num mesmo som. Ela tem a língua presa. Agora a risada é estrondosa!
‘ Enquanto a aula corre solta, eu me delicio com os outros heróis da época. Brucutu é um selvagem cheio de amor. Agarra a amada pelos cabelos, e leva-a pra sua caverna. Pena é que são poucos quadros contando a estória. Depois vem o Fantasma, o eterno solteiro que vive mil aventuras, menos se casar! Segue-se a estória do Príncipe Valente. Fico apaixonada com seus desenhos, verdadeiros quadros de pintor famoso, tipo Tintoreto, ou Da Vinci, ou outros. E... O Tarzan? Deste eu não gosto. Ele é para mim o símbolo do ignorantão- só entende de bichos. Eu gosto de estórias de gente civilizada, com exceção do Brucutú! 
O Professor Vilela me pergunta à queima- roupa: “Qual é o Ablativo de Rosa, Rosae?”
Respondo: -Rosam. 
Ele faz outra pergunta. Depois outra e mais outra. Acerto todas! A leitura dos quadrinhos havia dinamizado meu pensamento e minha forma de decorar a matéria. Sim, faço quadrinhos e resumos para decorar todos meus estudos!
Nessa época os quadrinhos eram leituras proibidas, condenadas por todos os professores simples ou renomados. Mais adiante no tempo, foram aceitas, e depois se tornaram eficientes ajudas educacionais.
O mesmo se dá hoje em dia. Os jovens tem acesso muito cedo à Internet. Então se habituam às informações dinâmicas. Chegamos nós, adultos ou professores, com toda nossa cultura... do século passado, lenta ou prolixa, e queremos resultados eficientes! Então, como não considerarmos o ritmo ciclópico de uma cabecinha jovem?

Pensemos! O problema fundamental não está nos jovens, mas na maneira como se transmitem os ensinamentos... E onde estão os estímulos? Faltam disputas acirradas: Tal como no futebol, e estímulos alcançáveis pelo desempenho. Vejam na TV os apresentadores de show de prêmios. Como eles premiam? O que pedem dos concorrentes? Inspiremo-nos e adiantemos nosso relógio no tempo. Agora não são mais quadrinhos que farão a revolução nos métodos de ensino. Pensemos: O que pode ser?


http://equipewolff.blogspot.com.br/2015/12/patriarca-wolff-fala-sobre-escritora.html

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