Edézio Gonzalez Menon em entrevista exclusiva à Equipe Wolff
Projeto Você é Muito Importante para Nós ©
O que faz
gerar o ímpeto do sucesso? Um dos pilares da Indústria Cerâmica de Itaboraí
revela aqui os segredos de sucesso de um empreendimento rumo ao futuro.
Cerâmica Santa Isabel
A FÁBRICA - HOJE
REINALDO WOLFF: Sr. Edézio - a
Cerâmica Santa Isabel – comentário importante é a localização privilegiada,
próxima à rede de estradas. E quanto a administração dessa empresa, como tem
sido os caminhos que tem percorrido? O que o senhor acha importante dizer,
passar, para as pessoas como bem-sucedido fabricante de tijolos?
EDÉZIO GONZALEZ MENON: A cerâmica
Santa Isabel foi criada em 1959 por meu pai, Ferdinando Menon, filho de
italiano. Eu sou a segunda geração. Sempre tivemos como meta o sucesso.
Situação sempre crescente. Nunca decrescente. Estamos aí nesse tempo todos
cuidando do bem-estar dos nossos funcionários e sendo útil à comunidade.
A FÁBRICA - O COMEÇO
REINALDO WOLFF: Como foi o começo
dessa empresa?
EDÉZIO MENON: Ela começou em 1959
- fundada pelo meu pai e pelo primo dele. Ambos de origem italiana. Começou
pequenininha... Eles são oriundos do interior de São Paulo. Eram plantadores de
café, vieram aqui para o Estado do Rio, em 1938. Meu pai foi um dos precursores
da indústria de cerâmica. Na verdade ele veio trabalhar como empregado junto
com o tio dele, José Maria Nanci.
REINALDO WOLFF: Irmão do Chico Nanci?
EDÉZIO MENON: Não! Pai do Chico
Nanci. A mãe do Chico Nanci é tia do meu pai. Então eles trouxeram a indústria
de cerâmica aqui para a região. Foram 4 famílias que trouxeram a indústria
cerâmica aqui para Itaboraí. A família Chico, Tenaro e Menon. E a Nanci. Na
verdade meu pai veio meio que a reboque. Aí no correr dos tempos ele foi,
passou a ser, de empregado, passou a ser empregador a partir de 1959.
REINALDO WOLFF: É difícil o senhor lidar com o prestígio que isto traz para o senhor?
EDÉZIO MENON: Não! Não é difícil. Dignifica, né? E dá pra contar uma estória!
REINALDO WOLFF: É difícil o senhor lidar com o prestígio que isto traz para o senhor?
EDÉZIO MENON: Não! Não é difícil. Dignifica, né? E dá pra contar uma estória!
A REGIÃO PRODUTORA DE MATÉRIA PRIMA
REINALDO WOLFF: Como é que faz para obter matéria prima?
EDÉZIO MENON: São terrenos nossos
que têm a matéria prima que é utilizada no fabrico do tijolo. E a gente segue
todos os trâmites legais pra obter isso e trazer tudo legalizado. Nós estamos
hoje trabalhando em cima da sustentabilidade também. INEA, antiga FEEMA, IBAMA
- todos os órgãos são cartoriais e fiscalizadores.
REINALDO WOLFF: Quais as características de solo ideal para o melhor produto?
EDÉZIO MENON: Muito específico. A
Gafisa faz as investigações. É muito na prática... ou na pesquisa. Como a gente
já tem a prática ao longo destes anos, a gente já sabe mais ou menos onde estão,
e com algumas escavações simples – a gente consegue prospectar aonde tem a
matéria prima ideal, para ser fabricado um bom produto.
REINALDO WOLFF: Mas isso na
prática deve exigir conhecimentos mais na área de geologia, não é?
EDÉZIO MENON: É. Na verdade, quando
a coisa foge um pouco dos nossos conhecimentos, a gente requer uma pesquisa de
geologia para ver os parâmetros.
REINALDO WOLFF: Como é a extração?
EDÉZIO MENON: Através de
escavadeiras, tratores de esteira, basculantes, carregadeiras.
REINALDO WOLFF: É um custo alto, evidentemente, todo esse aparato!
EDÉZIO MENON: É sim. Eu hoje, não
tiro só para mim o barro. Forneço o barro também para mais 25 empresas de olaria.
REINALDO WOLFF: Coisa incrível! Impressionante.
O CLIMA QUENTE DA CIDADE E A ATIVIDADE JUNTO AO FOGO
REINALDO WOLFF: Como conseguiu se adaptar? O senhor conseguiu se adaptar ao clima quente da cidade, sendo de família de imigrantes - e ainda mais lidando com fornos - o senhor conseguiu se adaptar?
EDÉZIO MENON: No forno, na
verdade, o calor dele é concentrado, é só dentro do forno, não existe uma
propagação. É uma propagação muito específica ao local, ele não chega a
expandir no ar ao redor.
REINALDO WOLFF: Mas requer do senhor uma resistência física muito grande para suportar o calor de Itaboraí!
EDÉZIO MENON: Sem dúvida! Nós
climatizamos... (sorriso)
A PRODUÇÃO
REINALDO WOLFF: A produção, a qualidade, a capacidade de distribuição, a comparação com outros produtos da região - como o senhor vê isso? Quanto à qualidade do seu produto e a comparação com outros concorrentes da região - no sentido do quê o senhor sente que melhor atinge os resultados?
EDÉZIO MENON: Em primeiro lugar é
a qualidade. Tem que ter qualidade. E o bom atendimento. Ser cumpridor dos
direitos do consumidor. Tem que respeitar isso tudo.
REINALDO WOLFF: É verdade! Mas isso se faz como uma série de pressões emocionais, sem que a pessoa se aperceba de suas sobrecargas de tantas responsabilidades.
EDÉZIO MENON: Ah, é isso tudo – de
cara, você tem muitas responsabilidades, de ter funcionários. Eu hoje, tenho
cerca de 100 funcionários. Existem funcionários que são realmente – é – enquanto
for meu empregado, eu tenho que acobertá-los dos direitos que eles têm - e mais
alguma coisa que eu possa fazer para poder ajudá-los.
ESTILO DE VIDA
REINALDO WOLFF: Mas de alguma forma isso não lhe tende à uma obrigação muito contínua? O que o senhor faz para se sentir liberto internamente das pressões?
EDÉZIO MENON: Na verdade você não
consegue se libertar. Você sabe que já acorda de manhã cedo - você está
dormindo em casa, descansando, mas sua cabeça está sempre preocupada com o dia
a dia que a gente tem de responsabilidades. Que a gente tem que lidar.
REINALDO WOLFF: Que tipo de relax o senhor faz para liberar as tensões?
EDÉZIO MENON: A gente busca o
lazer no final de semana. Tirar férias quando possível, entendeu? É o que a
gente pode fazer!
REINALDO WOLFF: De geração em geração, como passar o gosto pelo negócio da família? A terceira geração - ela tem a tendência de seguir dentro deste ramo, neste setor? Conseguiu prepará-los para este caminho?
EDÉZIO MENON: É, ele só não toca
se não quiser, porque capacidade ele tem. Eu acho que eles estão aptos, bem
capacitados para continuar.
REINALDO WOLFF: Porque segundo a teoria do I-Ching, o Universo é uma constante mutação. Como perseverar nesse ideal, para que as gerações futuras valorizem isso que o seu pai fez - e o senhor está fazendo?
EDÉZIO MENON: Eu, por mim, eu
valorizo muito o que o meu pai e minha mãe fez por mim. Um trabalho que eu
comecei muito novo. Eu vim para o trabalho com 11 anos de idade e eu tentei
passar isso para os meus filhos também. É uma questão de hierarquia familiar.
REINALDO WOLFF: É genético?
EDÉZIO MENON: É um gosto
genético.
REINALDO WOLFF: O senhor sabe que o símbolo de riqueza do Rio Grande do Sul vem de famílias italianas? A pujança do Rio Grande do Sul é do extremo esforço de trabalho dos italianos.
EDÉZIO MENON: Você há de convir -
com a predominância de italiano, e não só a de italiano... Alemão, também de
espanhol... Vamos falar que a predominância de europeu, principalmente na
região sul, trouxe muita prosperidade. Criou uma situação de progresso, não é?
É uma questão de princípios.
REINALDO WOLFF: Sim, rigor quanto a horários, persistência.
EDÉZIO MENON: É isso.
REINALDO WOLFF: Quais as características pessoais de um dono desse tipo de atividade?
EDÉZIO MENON: Primeira coisa, tem que gostar. A segunda coisa é ser cumpridor das obrigações dele, não é? Tem que trabalhar com seriedade. Saber honrar o que trata.
REINALDO WOLFF: É isto que faz um lastro de um bom nome. Passa a ser, por mais que a pessoa não se dê conta, uma pressão de cobrança ainda maior! É a própria pessoa exigindo o máximo de si mesmo! É aí que entra a religião.
EDÉZIO MENON: Com certeza.
REINALDO WOLFF: É onde o senhor se refaz em suas energias?
EDÉZIO MENON: Eu sou católico.
Mas não sou praticante. Já fui católico praticante. Hoje em dia mais relaxado.
Mas eu acredito sim que acima de tudo tem um Ser Superior que coordena as nossas
vontades, determinações, nossos anseios.
REINALDO WOLFF: Como a família se sente em relação à atividade desse tipo de negócio que o senhor trabalha?
EDÉZIO MENON: Sempre foram
criados só nisso. Não só de setor cerâmica - mas um pai trabalhador. Então só
vem a somar. Meu filho hoje tem uma empresa de engenharia. Ele se formou tem
dois anos. O outro está no ramo de administração.
FUTURO
REINALDO WOLFF: Em referência a si mesmo, como se vê no futuro?
EDÉZIO MENON: Daqui a pouco é
estar me aposentando, os filhos continuando os negócios e eu aproveitando um
pouco mais a minha vida.
REINALDO WOLFF: Faz muito bem. Como percebe o futuro da cidade?
EDÉZIO MENON: É preocupante.
REINALDO WOLFF: Em quais aspectos?
EDÉZIO MENON: Em função desse
investimento do COMPERJ. A cidade não estava preparada para isto. Então, se a
gente imagina todos esses empreendimentos que estão sendo feitos aqui! A gente
que é filho - criado aqui nessa cidade - vê a cidade achatando não sei até
onde. Hoje, informalmente, acredito que estamos com uns 400 mil habitantes.
Então o que acontece? Escola, saúde, riscos, comércio, uma cidade que veio de
100 mil habitantes, de repente se depara com 400 mil? A perspectiva para daqui
5 anos, é de 1 milhão de pessoas. Imagine como vai ser isto? Vai ser uma Macaé?
Uma Caxias? Uma Cubatão?
REINALDO WOLFF: Quais as perspectivas que o senhor vê diante de sua empresa?
EDÉZIO MENON: Eu vejo um futuro -
por conta dessa invasão de empreendimentos que estão na região... A minha
localização hoje é dentro do perímetro urbano. Eu não sei até quando eu vou
suportar. Ou até quando eles vão me deixar ficar aqui! Até quando? Eu não sei.
Pode levar 5 anos. Pode levar 10. Mas eu já me preocupo com isso. Eu penso até
em me mudar para outro lugar. Mas essa mudança também não é muito fácil.
Depende de investimento.
REINALDO WOLFF: E das fontes fornecedoras de matéria prima? Como será isto?
EDÉZIO MENON: Porque cada vez
mais há dificuldade de matéria prima. Eu não sei se no município aonde tem a
matéria prima, se vai ser permitido a ser explorado por conta da expansão
geográfica.
REINALDO WOLFF: Este é um aspecto preocupante. Se bem que o Brasil é imenso de reservas. É relativo, pois bem próximo temos Cachoeira de Macacu.
EDÉZIO MENON: É... Mas Cachoeira
de Macacu não tem matéria prima. Aonde tem alguma coisa é Rio Bonito, Silva
Jardim, Saquarema tem alguma coisa.
REINALDO WOLFF: E quanto a novas tecnologias que competem com o ramo de cerâmica?
EDÉZIO MENON: Na verdade esse
tijolo de solo cerâmico, eles vendem a ideia que é um tijolo ecológico. Mas na
verdade eles usam tudo que vem da natureza: é argila, quartzo, saibro. E o
cimento vem da onde? Do solo também! Ele não tem nada de ecológico. É tanto
quanto o nosso.
BIOGRAFIA
REINALDO WOLFF: Se o senhor me permitir uma pergunta mais pessoal - a infância - qual a primeira lembrança que tem de ter visto a produção e a fábrica? Conta pra gente.
EDÉZIO MENON: Ah! Eu comecei
junto com meu pai - era outra fábrica. Eu comecei com 8 anos de idade, eu já
participava, já ajudava. Depois de 52 anos, eu lembro tudinho que se passava
naquele momento.
REINALDO WOLFF: Então sua memória está sempre ligada ao seu pai. É nesse momento que a gente vê que as pessoas que realmente amamos continuam vivas no nosso coração. Seu pai está muito vivo em sua memória, e através do seu ideal.
EDÉZIO MENON: É sim. Meu pai está
muito vivo dentro de mim. Minha mãe, todo dia eu penso nela. Meu pai, eu vejo o
retratinho dele ali, lembro os momentos que passei.
REINALDO WOLFF: O senhor sente a presença dele?
EDÉZIO MENON: Ah, sim. Foi muito
bom tudo que eu aprendi dele. Tudo que eu vivi. Era meu sócio aqui. A presença
dele nunca sai da minha lembrança.
REINALDO WOLFF: Atual - como faz para os continuadores também gostarem deste tipo de negócio? O que o senhor faz para motivação dos seus continuadores?
EDÉZIO MENON: É o que eu tento
mostrar. É o que eu faço. Eu tento passar para eles o que tem que ser feito.
Evidentemente numa questão de modernidade eles têm que buscar novas tecnologias
para melhorar a produção. A mensagem que eu passo é que todos nós temos que
sempre ter fé. Fé e paz. E sempre agradecer o nosso dia de vida que a gente
tem. Amanhece, tem que agradecer. E trazer bons ensinamentos para as pessoas.
Para que possa transmitir o que a gente tem de bom - seja filho, seja
empregado, seja para quem for.
REINALDO WOLFF: Equipe Wolff agradece sua entrevista!
Conceitos deste empresário de sucesso: Seriedade, fraternidade, espírito de luta, motivação pelo trabalho. “Que as pessoas saibam ser vencedoras em 2013 através da perseverança!”, diz Edézio Gonzalez Menon , olhando as montanhas azuis que rodeiam o vale de Itaboraí. Horizonte azul.
*Matéria originalmente publicada em 03 de dezembro de 2012, conferida e atualizada.
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