Equipe Wolff entrevista o Padre José Otácio Oliveira Guedes - parte 3 - inédita

O destaque dessa entrevista é que um ano antes do papa vir ao Brasil, o tema aqui comentado foi exatamente o núcleo das ideias que o papa veio divulgar.

Acompanhe aqui:

Reinaldo Wolff: Agora, como trazer o jovem à fé – frequentar a igreja?

Padre José: Essa é a pergunta mais difícil que você me colocou até agora. Eu sei o que não fazer. O que não fazer é querermos alimentar – assim como o mundo alimenta – fatos vulgares, jogos – nós queremos traduzir isso para a fé. Muita animação acaba sendo (Deus me perdoe, mas eu vou dizer!) é quase como uma droga. Pois quando você retirar aquela dosagem, ele vai embora novamente. Penso, esse não seria o caminho ajustado. O caminho adequado vai quando nós ajustarmos a pergunta – que seria: O que fazer com o jovem? Enquanto ele for o objeto de nossa ação pastoral, nós vamos ficar aí nos matando para encontrar a solução. Quando a gente conseguir que o jovem, não sei, aí você deve saber qual foi o presidente americano que deve ter dito: “Não pergunte ao país o que ele pode fazer a você – pergunte o que você pode fazer pelo seu país”

RW: Foi o Presidente Kennedy.

PJ: Então OK. Então vamos fazer o jovem se colocar na pergunta: “O que eu posso fazer pela minha igreja? Evangelizar! Quando o jovem dentro da igreja fizer isso, não haverá problema com o jovem”.

RW: Se me permite a minha observação: Se tocarmos no coração, não estaremos tocando na alma?

PJ: Você tem razão – o ser humano – nós somos inteligência, vontade e sentimentos. Quando você diz coração, você se refere aos sentimentos. Talvez isso se refere ao espaço da armadura, onde possa passar alguma coisa e retirar aquele espaço da armadura, para passar o sentimento. A minha postura será assim: o que será um segundo para a vida do jovem? Porque se ficarmos aí, envolvê-los aí em algum louvor que os faz chorar – nunca os faremos crescer. Nunca será aquele cristão que falamos no inicio desta entrevista (que procurará dar a forma “crente” em tudo o que faz.) ele vai se emocionar, ele vai chorar, mas no momento seguinte vai ter uma atitude que aquilo não mudou! Nós os verdadeiros cristãos temos a mente sempre em Cristo. São equilíbrios de valores. Tem jovens nossos que chegam a isso. São tão evangelizados que o coração, o mental, e os sentimentos, esse jovem, tudo nele transpira, exala o cristianismo.

RW: Será feito aqui em Itaboraí, um santuário como em Aparecida do Norte, conhecido mundialmente?

PJ: Está sendo refeito o santuário de Porto das Caixas, outrora nos anos 70, houve um possível milagre. Não está assim comprovado. Como a Igreja é assim, muito prudente, começou a construção de um santuário. Mas hoje não tem essa procura como houve outrora.

RW: Padre, que mensagem pessoal, para que as pessoas meditem. Que seja um estimulo para o dia-a-dia de cada um?

PJ: Das palavras que mais tocam são as que Mateus narra no Sermão da Montanha. Jesus diz aos apóstolos: “Não vos preocupeis.” Não se preocupe com o dia de amanhã. Cada dia terá a sua porção de preocupação. Deus em primeiro lugar, boníssimo em sua infinita justiça, o resto vem por acréscimo. A outra palavra é não ter medo dessa entrega a Deus. Jesus fala: “Uma só coisa é necessária.” Como no evangelho Marcos 10, a minha entrega na fé em Deus. Fazer Dele o tesouro da vida. Tudo mais se harmoniza.

RW: Achei fantástico as suas reflexões. Aonde está a Verdade? A Verdade está em Cristo.

PJ: Se nós conseguirmos viver essa liberdade em Cristo, teremos a essência que nos faz livres. A busca: O que Deus quer de mim hoje? A obediência aos mandamentos. Orar. Meditar de acordo com a mente de Cristo. Atualizar a vida aos jeito de Jesus.