Vida Moderna - O que vai ser dos filhos?

Nossa entrevistada tem lindos olhos claros. Sobre isto, pergunto:

MW: Como é o "temperinho" da sua família?
O meu avô era negro dos olhos verdes.

MW: Eu vi isso na Bahia, uma raça negra de olhos verdes, a coisa mais linda!
Ele era do Espírito Santo. E minha avó, a esposa dele, era italiana! Ela tinha um rostinho fininho e tinha uns olhos azuis lindos! Ela se encantou com os olhos verdes dele! Eles eram um casal assim - ela muito pacífica, e ele, agitado. Esses os meus avós maternos. E meus avós paternos - o meu avô era manso de temperamento, tinha olhos azuis e minha avó era paulista, não sei se veio do nordeste (é muita mistura!) mas ela tinha nariz fininho, rosto fininho e olhos castanhos claros. E minha mãe teve seis filhos - três com olhos claros e três com olhos castanhos.

MW: Você teve algum filho com olhos azuis, como os seus?
O meu filho nasceu com essa cor de olho, mas depois ficou castanho!

MW: Sabe que eu também? Até um ano e meio, meus olhos eram azuis intensos. Azul mesmo! Não é só por ser nenenzinho. Tomei antibiótico, fiquei um mês com problema sério de pulmão. O quarto sempre na penumbra, era inverno, tudo fechado. Quando fiquei boa e a minha mãe abriu as janelas e me viu à luz do dia, levou um susto! eu estava de olhos castanhos escuros! Foi o antibiótico.
O meu filho, com três meses, ele ficou de olhos escuros. É igual os do pai - castanho escuro. É filho único. E eu dengo mesmo! Minha amiga fala para mim - "Você mima demais!".

MW: Qual é a mãe que não mima? Sempre falaram isso para minha mãe. "Você denga demais!" - e ela respondia "Eu dengo meus filhos, sim. E vou dengar minha vida inteira!".  Sabe que foi a melhor coisa de nossas vidas?
Hoje ele fez chantagem - não comeu e não bebeu. Ficou trancado no quarto, no computador. Então minha amiga disse - "Sabe o que vou fazer? Vou passar no Bob's e levar um hambúrguer para ele". Eu disse - "Você está errada, não tem que dar hambúrguer nenhum. Ele que vá procurar na geladeira o que ele quer comer".

MW: Eu não sei o que lhe dizer - eu sei que eu fui dengada pela minha mãe e não fiquei arrependida de ser tão dengada!
A minha preocupação é que ele sendo filho único, não tem irmãos, e a gente... não é eterno.

MW: Pois é, agora que eu não tenho comigo a mamãe para me dengar, sabe o que acontece? A gente denga os amigos. A gente rodeia nossos amigos de atenções, de pura amizade.
Mas ele não tem muitos amigos, porque fica sempre sozinho.

MW: É porque ele tem a mamãe dele por perto. Se um dia ele fica sozinho, ele vai sentir necessidade de maior convívio com as outras pessoas.
Ele tem a namorada. Ela fica com ele. Ele já quer casar. Ela, agora não. Eles têm que arrumar a vida, primeiro. Eu cheguei para ele e disse "Você tem que arrumar emprego. Ela já está procurando. E você também. Procura um emprego bom para você". Ele tem especialidade em engenharia.

MW: Nossa! Mas ele vai achar o caminho dele.
Mas tem que ter disposição. Mas eu disse a ele - "Fala com ela, que ela vai querer casar com você. A gente tem uma casa, está com inquilino. A gente pede a casa e você mora. Você fica com a casa".

MW: Comparando as experiências - a minha mãe pensava da seguinte maneira sobre isto - se achou o amor, não é o dinheiro que vai atrapalhar. Achou o amor, nem se sabe se outra hora da vida, vai aparecer de novo. Essa é a chance do amor! A minha mãe tinha esses conceitos. Ela dengava a gente e priorizava o amor - acima de tudo na vida. Hoje em dia, leva-se um tipo de vida, nessa sociedade atual, que só quer saber do dinheiro! Não é assim! Se eles se amam, eles vão achar um jeito de se sustentar!
Eu digo - deixa eles criarem a independência deles, sozinhos. Quando eles estiverem sozinhos, sem ninguém em cima, tomando conta da vida deles - que eles não gostam. Não gosta que fique dizendo - vai fazer isto, vem comer...  Aí ele pára de comer! Mas ele, com isso, está se prejudicando.

MW: Vocês moram perto?
Somos amigas de trabalho.
Diz a colega: ela é a minha psicóloga.

MW: É uma grande amiga que a senhora tem!
A amiga diz: Eu ouço o que ela me conta, mas eu dou minha opinião. Porque eu gosto muito dela!
É verdade... é muito difícil saber o que é certo, na vida é uma das coisas mais difíceis que tem!
Amiga: A mãe da gente é tudo pra gente, não é?

MW: Principalmente porque tem uma coisa que porque tem uma coisa que fica escondida na alma da gente que é a questão - Ninguém vem com "prazo de validade garantido". Nunca sabe quanto tempo de vida a pessoa tem! Então às vezes eu também dengo demais meu irmão. Eu não tenho mãe para me dengar, eu tenho que mimar alguém! Eu dengo meu irmão em tudo! Ontem ligou uma tia para saber como está nossa vida. Ela estranhou umas coisas que a gente falou - meu irmão agora está fazendo teologia. Ela estranhou muito aquilo. "E para ganhar dinheiro, o que vocês estão fazendo?" - eu falei "Olha, nós temos um mínimo básico - mas eu não vou mais correr atrás. A gente nunca sabe o tempo de vida que a gente ainda tem, a gente sofreu tantos anos! Agora a gente tem que fazer o que quer, o que gosta, algo que dê estímulo, e vontade de viver. Chega de sofrer tanto!
É isso mesmo, é essa parte aí. As pessoas hoje em dia, vivem com muita ganância e não tem nem tempo para curtir aquilo que conseguem obter. Eu conheço uma pessoa assim - ela só quer trabalhar, trabalhar, é plantão direto. Três dias que não aparece em casa. Eu digo para ela - "Pelo Amor de Deus, você está se esgotando demais!

MW: Ela é enfermeira?
Ela é enfermeira chefe de dois hospitais. À noite ela descansa só um pouquinho e já tem preocupação.

MW: Bom, aí é diferente, ela tem verdadeira paixão pelo trabalho dela!
Tem sim, é paixão pelo trabalho mesmo. É bom o hospital, é de Rio das Ostras.

MW: É cidade considerada modelo. Agora na França, ganhou prêmio de reconhecimento - é modelo de administração municipal.
O hospital parece particular! É muito bom.

MW: O prefeito de lá marcou entrevista para nossa Equipe. Mas marcou via internet, e na hora nossa internet não pegou. E cadê que ele entendeu isso?

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Notícia do Jornal do Commercio, 2/12/13, IBGE confirma que se repete no Brasil um fenômeno mundial: cresce o número de jovens que adiam a decisão de morar só - sem a proteção dos pais.

A Síntese de Indicadores Sociais 2012, divulgada pelo IBGE mostra: são filhos que priorizam a educação e um bom início de carreira profissional.

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Comentário:
"Nossa entrevistada tem muita sorte. Seu filhinho está bem ali perto dela. Não é o caso desses filhos que se acham sortudos, vão para o exterior para estudar, se apaixonam por lá, e aí? Será que voltam?"

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