Gisele Corvisier em entrevista exclusiva à Equipe Wolff - Parte 2

Com verdadeira paixão pelos estudos, professora de Direito Empresarial acredita no empreendedorismo. Leia aqui suas opiniões e o seu melhor conselho.

Continuação:

Reinaldo Wolff: Acredita que o Brasil vai melhorar? Ou também haverá crise?
Gisele Corvisier: Olha, eu acho que essa colonização que nós tivemos no Brasil, de exploração somente, e não de “povoamento/exploração” é tudo. Já diz tudo. Porque o Estados Unidos foi descoberto em 1492 por Cristóvão Colombo, e o Brasil descoberto em 1500 por Pedro Álvares Cabral. Aí você vê a trajetória de um e a trajetória de outro. E aí você vai olhar e vai ver “Bom, nós fomos só exploração e eles foram povoamento e exploração”. Nós estamos ligados à Península Ibérica, que está ligado à agricultura e pecuária. É setor primário. Eles têm setor primário, secundário – que é indústria – e terciário – que é serviços. E a aí gente vê a Revolução Industrial da Inglaterra, que, de onde, é a origem americana. E tivemos logo ali do lado a Revolução Francesa, uma revolução social. Então eu acho muito difícil, com essa cabeça de Península Ibérica, que nós funcionamos até hoje, e Portugal e Espanha, ao invés de andarem para frente, andaram para trás. Então eu acho muito difícil, nos próximos 500 anos... A não ser que haja um milagre econômico.

Reinaldo Wolff: Mas eu, sinceramente, acredito que isso possa se dar pelo estado de desenvolvimento da compreensão dos seres humanos. Porque, quanto mais radical eles forem, pior é o país deles. O espanhol é extremamente radical em relação ao brasileiro, a ponto de maltratar, de forma desumana, pessoas que entram lá e ficam horas no aeroporto.
Gisele Corvisier: Mas aí já é a falta de educação do povo, como um todo. Eu acho que aí são características. Aí você vai olhar a história, vai olhar uma série de coisas – eles mesmos não se entendem lá dentro. A gente vê os bascos, não é? Se eles não se entendem entre eles, vai ser muito difícil de eles se entenderem perante o estrangeiro que está chegando, e que está ocupando um lugar. E que, na realidade, é uma competitividade.

Reinaldo Wolff: Em certo ponto, eles têm razão. Porque o país não pode ser invadido, como o nosso país está sendo.
Gisele Corvisier: É. Mas é porque nós temos espaço para isso, não é? Mas eles não têm. Eles têm uma história muito mais antiga do que a nossa.

Reinaldo Wolff: O ponto que eu digo, é que é necessário desenvolvimento do sentido de humanismo nas pessoas. Porque, à medida que uma pessoa se fecha em radicalismo, ela deixa de ter humanismo. A senhora concorda?
Gisele Corvisier: Concordo. Mas você vai ter que começar a olhar e aí nós vamos entrar numa seara muito árida. Porque nós vamos olhar o capitalismo. E aí você vai ver que o radical da palavra é “capital”. E nós vamos ver que o comunismo não deu certo, o socialismo também não deu certo. E o capitalismo é o que está dando mais certo. Mas que também, com as desigualdades, que nós temos. É aquela pirâmide cada vez ela vai ficar maior. O topo com os ricos, pequena. A classe média, imensa. E nós temos uma característica aqui no Brasil, que todo mundo quer ser classe média. Porque tem a classe média-média, média-rica, média-pobre, média-não-muito-pobre... E fica sendo uma coisa assim que dá pra ridicularizar. E a base da pirâmide que são os miseráveis.

Reinaldo Wolff: E uma pequena brincadeira – tem aqueles que fazem “média”.
Gisele Corvisier: “Média” para ser classe média. –(risos)- Aí vem a história do cartão de crédito, a história do cheque-especial, em que todo mundo vive fora da realidade. Eles agregam ao seu salário o cheque-especial, e dois, três cartões de crédito... E aí vão rolando aquilo, vão usando, pagando juros, vão pagando... E eles vivem sufocados e desesperados! E ainda com o nome sujo, o que muitos nem ligam mais.

Reinaldo Wolff: Como foi sua trajetória de vida?
Gisele Corvisier: Olha, a minha trajetória de vida foi sempre, em primeiro lugar, estudar. E, além de estudar, ser responsável pelos meus próprios atos. Então essa foi a educação que eu tive, no Brasil. E quando eu completei 18 anos, meus pais me chamaram e disseram “Até aqui nós viemos com você. Daqui para frente você vai sozinha. Você é responsável pelos seus atos”. Eles me sustentaram, mas eles quiseram dizer o seguinte – que eles me “tutelaram” até os 18 anos. Dali para frente eu que tinha que aprender a caminhar sozinha e eu fosse responsável por tudo que eu fizesse. E não dizer “Ah, a culpa é da minha educação! Eu tenho um jeitinho, se eu fiz um mal feito, o meu pai e minha mãe passar a mão na minha cabeça”. Eu sempre aprendi a ter muita responsabilidade.

Reinaldo Wolff: O que não deixa de ser um exemplo de vida.
Gisele Corvisier: É. E em primeiro lugar, o meu trabalho, que é de onde eu tiro o meu sustento.

Reinaldo Wolff: E agora, que mensagem a senhora passa para os nossos leitores? Mensagem de exemplo de vida...
Gisele Corvisier: Olha – estudem muito, respeitem o próximo como a si mesmo. E tenham coragem. E ousem – aprendam a ousar.

Reinaldo Wolff: A Equipe Wolff agradece a sua entrevista.
Gisele Corvisier: Muito obrigada. Gostei!

1ª Parte da entrevista aqui:

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